Notícias - Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil - OFM

Fraternidade Santo Antônio de Duque de Caxias celebra as Chagas de São Francisco

18/09/2012

Notícias

A Fraternidade Santo Antônio de Duque de Caxias (RJ), da Ordem Franciscana Secular (OFS), celebrou com muita fé e devoção na Catedral de Santo Antônio, as Chagas de São Francisco, presidida pela ministra local, Aline Milani, que contou ainda com a participação dos mini-franciscanos da Fraternidade Mensageiros de São Francisco. Conforme nos dizem os biógrafos de São Francisco, foi à altura da Festa da Exaltação da Santa Cruz, dia 14 de setembro de 1224, que São Francisco recebeu no Monte Alverne os estigmas do Senhor.

O Monte Alverne foi o Calvário na vida de São Francisco. Dentro de nove ou dez anos (1214/15 – 1224) ele o subiu seis vezes, a fim de contemplar na absoluta solidão a sagrada Paixão de Cristo. Desde muito cedo, logo depois de sua conversão, na pequena capela de São Pedro Damião, Francisco já começou a inflamar-se de devoção pela Paixão de Cristo.

Francisco não apenas meditava na Paixão e Morte de Jesus Cristo, mas pediu corajosamente sofrer como Cristo sofreu para poder amar como Cristo amou. Pelo fim de sua vida, no Monte Alverne, Francisco já amadurecera na sabedoria da Cruz. Na manhã de 14 de setembro de 1224 ele fez a prece que representava o mais íntimo abraço com Jesus Cristo: “Ó Senhor meu Jesus Cristo, duas graças te peço que me faças antes que eu morra: a primeira é que em vida eu sinta na alma e no corpo, quanto for possível, aquelas dores que tu, doce Jesus, suportastes na hora de tua acerbíssima paixão; a segunda é que eu sinta no meu coração, quanto for possível, aquele excessivo amor do qual tu, Filho de Deus, estavas inflamado para voluntariamente suportar uma tal paixão por nós pecadores”.

Fora na Cruz que São Francisco encontrou a razão de toda a sua vida, pois intuíra que nela se concentrava todo o amor de Deus pelos homens. E em seu amor pelo Cristo quis Francisco sofrer os mesmos tormentos.

Francisco fixava continuamente seu olhar no rosto de Cristo; mantinha-se sempre em presença do Homem das Dores, que experimentou todas as nossas fraquezas. Dizia São Francisco: “Só conheço o Cristo pobre e crucificado”. Nada tinha de que se gloriar, a não ser a Cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo, por quem o mundo tinha sido crucificado para ele e ele para o mundo.

Como recompensa desta devoção, muito viva e profunda, ele mereceu a graça de receber as cinco chagas de Cristo, impressas em seu corpo. Francisco quis viver como vivia Cristo, morrer como Ele morreu. E assim mereceu a honra de ver impressa em seu corpo tão perfeita semelhança com Ele.

São Francisco, o santo dos pobres e das criaturas, o santo do amor infinito por todos, o pequeno e simples, o humilde e servo de todos, é o Santo das chagas. Chagas que brotam do amor pelo Cristo Crucificado; chagas que são sinais da transformação viva de São Francisco.

Narração do evento da estigmatização, segundo São Boaventura, LM 13,3

“Como estivesse arrebatado em Deus por seráficos ardores dos desejos e por compassiva doçura se transformasse naquele que por excessiva caridade quis ser crucificado, numa manhã, na proximidade da Festa da Exaltação da Santa Cruz, enquanto rezava num lado do monte, viu um Serafim que tinha seis asas tão inflamadas quão esplêndidas a descer da sublimidade dos céus. E como tivesse chegado em vôo rapidíssimo a um lugar no ar próximo do homem de Deus, apareceu entre as asas a imagem de um homem crucificado que tinha as mãos em forma de cruz e os pés estendidos e pregados na cruz. Duas asas se elevavam sobre a cabeça dele, duas se estendiam para voar e duas cobriam todo o corpo. Vendo isto, ficou profundamente estupefato, e o coração experimentou alegria misturada com tristeza. De fato, alegrava-se no aspecto gracioso com que percebia que era olhado por Cristo sob a forma de Serafim, mas a crucifixão transpassava a sua alma com a espada de compassiva dor. Admirava-se sobremaneira da forma de tão imperscrutável visão, sabendo que a dor da paixão não convinha de modo algum à imortalidade do espírito. Finalmente, compreendeu a partir disto, revelando-o Deus, que tal visão fora assim apresentada diante dele pela divina providência para que o amigo de Cristo conhecesse de antemão que deveria transformar-se todo na semelhança de Cristo crucificado não pelo martírio da carne, mas pelo incêndio do espírito. Desaparecendo, então, a visão, deixou no coração dele um admirável ardor, mas também na carne imprimiu a não menos admirável imagem dos sinais. Pois imediatamente começaram a aparecer nas mãos e nos pés dele os sinais dos cravos, do mesmo modo como vira pouco antes naquela figura de homem crucificado. As mãos e os pés pareciam bem no meio traspassados pelos cravos, aparecendo as cabeças dos cravos na parte interior das mãos e na parte superior dos pés, e as pontas deles saindo da parte contrária; e as cabeças dos cravos nas mãos e nos pés eram redondas e negras, e as pontas eram longas, retorcidas e como que rebatidas, as quais, surgindo da própria carne, saiam como excrescência da carne restante. Também o lado direito, como que traspassado por uma lança, era coberto por uma cicatriz vermelha e muitas vezes derramando sangue, manchava a túnica e os calções”.