Notícias - Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil - OFM

Franciscanos Seculares visitam colônia de hansenianos

30/08/2016

Notícias

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O último domingo, 28 de agosto, foi marcado pela solidariedade aos hansenianos no bairro do Tanque, Jacarepaguá, Zona Oeste do Rio de Janeiro. Diversas fraternidades franciscanas seculares do Regional Sudeste II, da Ordem Franciscana Secular (OFS), participaram do 8º Dia da Escuta na colônia, localizada no entorno do Hospital Colônia de Curupaiti, onde funciona o Instituto Estadual de Dermatologia Sanitária.

O encontro é promovido anualmente com o objetivo de proporcionar aos hansenianos um ambiente de convívio fraterno, e a oportunidade de conhecer histórias de vida de pessoas que ficaram estigmatizadas pela doença e pelo preconceito, mas que dão grandes exemplos de como superar as adversidades da vida.

O encontro teve início com um café partilhado pelos irmãos que, com alegria e singeleza de coração, colocavam sobre a mesa seu alimento e se abraçavam revivendo o carisma franciscano das origens. Ainda na parte da manhã, os irmãos se dividiram em grupos guiados por irmãos da Congregação Mariana Nossa Senhora de Fátima e São Francisco de Assis para a realização das visitas às enfermarias e residências das famílias da colônia.

O momento foi enriquecedor, pois foi marcado pela escuta e também pela troca de experiências e de gratidão à Deus por cada gesto de acolhida e de solidariedade, o que permitiu seguir os passos de Francisco e de Clara de Assis e de enxergar no rosto de cada um desses irmãos a face do próprio Cristo.

Após as visitas, a pequena igreja de Nossa Senhora da Piedade ficou pequena para receber tantos irmãos franciscanos seculares que estiveram presentes na Santa Missa presidida pelo padre Rosinaldo Paulino de Brito, pároco da Paróquia Santo Antônio Maria Zacarias, e concelebrada pelo diácono permanente Mario Marques dos Santos Jr. Em sua saudação, padre Rosinaldo ressaltou a importância do Dia da Escuta e afirmou que a vivência fraterna se dá na humildade, nos pequenos gestos de escuta, partilha e de presença solidária entre os mais pobres tão amados por Cristo e por São Francisco de Assis.

Após a visita fraterna os irmãos novamente se reuniram para partilhar o almoço com muita alegria e frugalidade, louvando e glorificando a Deus e rendendo graças pelo dom da vocação franciscana e a vida em fraternidade. Os franciscanos seculares puderam partilhar as ricas experiências vividas durante as visitas com os hansenianos e com os irmãos de outras fraternidades que dão frescor e vigor à vivência do carisma franciscano.

A direção da Congregação Mariana Nossa Senhora de Fátima e São Francisco de Assis, fundada em setembro de 1945, pelo Monsenhor José Carlos Moreira, fez uma apresentação dos diversos trabalhos sociais desenvolvidos junto aos internos do hospital, fortalecendo, com entusiasmo, a continuidade da obra que tem como viéis a missão evangelizadora e o amor ao próximo, tendo como um dos patronos, o santo de Assis.

A congregação teve início no local numa época em que as vítimas da Hanseníase eram expulsas da sociedade e isoladas em locais distantes, época em que o jovem padre José Carlos, fez da acolhida e da assistência material e espiritual aos hansenianos, sua razão de viver e exercer com intensidade sua vida sacerdotal. O trabalho da congregação não possui vínculo governamental e sobrevive exclusivamente de doações destinadas à assistência dos pacientes do hospital, seus familiares e de pessoas carentes das favelas vizinhas à colônia.

A presença misericordiosa entre os pobres e leprosos está na essência do carisma franciscano. Francisco e Clara de Assis tinham uma predileção pelos leprosos e deles cuidava com inefável amor. O próprio Pai Seráfico superou o preconceito que tinha dos leprosos e assumiu a condição vivida por eles em sua época, sentindo o abandono, exclusão e sofrimento em que viviam e vendo no rosto daqueles enfermos e marginalizados a presença do Senhor.

A mística franciscana nos impulsiona a prosseguir a obra de São Francisco que teve sua conversão determinada pelo encontro com o leproso, o qual acolheu com um abraço e um beijo. Esse gesto de Francisco simboliza o modo franciscano de ver, sentir e estar no mundo de uma nova maneira, pondo-se a serviço das pessoas em situação de vulnerabilidade e daqueles que ainda padecem com a Hanseníase apesar do desenvolvimento da ciência e das práticas terapêuticas.