Franciscanos se unem para celebrar o “Tempo da Criação”
31/08/2020
Neste 1º de setembro, com a celebração do Dia Mundial de Oração pelo Cuidado da Criação até o dia 4 de outubro, festa de São Francisco de Assis, Padroeiro da ecologia, tem início do Tempo da Criação. Muitos cristãos se unem neste momento especial para refletir, rezar e realizar ações concretas que permitam à humanidade viver um estilo de vida que cuida solidariamente da Casa Comum.
O Tempo da Criação é uma iniciativa ecumênica celebrada desde 1989. Por décadas, os cristãos em todo o mundo se reconciliaram com nosso Criador durante esta celebração anual. O Patriarca Ecumênico Dimitrios I, da Igreja Ortodoxa, proclamou, em 1989, o dia 1º de setembro como Dia de Oração pela Criação. Na verdade, o ano da Igreja Ortodoxa começa naquele dia com uma comemoração de como Deus criou o mundo. Outras grandes igrejas cristãs europeias deram as boas vindas a este dia em 2001, e o Papa Francisco o fez pela Igreja Católica Romana em 2015.
Os frades franciscanos aderem com entusiasmo a esta iniciativa ecumênica. Várias Províncias da Ordem, por meio dos escritórios de Justiça, Paz e Integridade da Criação (JPIC), organizam atividades em conjunto com a Família Franciscana. Este ano nos reunimos com mais força e esperança desde a Revolução Laudato Si’. O Escritório de JPIC da Cúria Geral dos Frades Menores compartilha algumas atividades:
1º de setembro – lançamento do videoclipe da Revolução Laudato Si’ (https://www.youtube.com/watch?time_continue=1&v=8GJLgCxeiPI&feature=emb_logo)
5 de setembro – Webinar: “Centro Eco-Pastoral e o Movimento Eco-aldeia”. Disponível apenas em inglês, inscrição obrigatória AQUI.
5 de setembro – Ao vivo: Revolução Laudato Si‘ – Disponível apenas em espanhol (Facebook e Youtube)
12 de setembro – Webinar “Laudato Si’ Global ”. Destina-se aos irmãos em formação inicial da Ordem. Em colaboração com a Secretaria-Geral de Formação e Estudos.
19 de setembro – Webinar “Laudato Si’ Global ”. Destina-se aos irmãos em formação inicial da Ordem. Em colaboração com a Secretaria-Geral de Formação e Estudos.
19 de setembro – Ao vivo: Revolução Laudato Si’ – Disponível apenas em português (Facebook e Youtube)
26 e 27 de setembro – “Retiro de Conversão Ecológica” em colaboração com o Movimento Católico Mundial pelo Clima e JPIC – Família Franciscana da Colômbia. Disponível apenas em espanhol. Inscrições obrigatórias até 24 de setembro.
Jubileu pela Terra
Por todas estas razões, os Presidentes das Igrejas da Europa convidam a celebrar neste ano o Tempo da Criação sob o título de “Jubileu pela Terra”. Pois, o conceito de Jubileu está enraizado na Bíblia e enfatiza que deve haver um equilíbrio justo e sustentável entre as realidades sociais, econômicas e ecológicas. A lição do jubileu bíblico nos mostra a necessidade de reequilibrar os sistemas de vida, afirma a necessidade de igualdade, justiça e sustentabilidade, afirma a necessidade de uma voz profética em defesa da casa do homem.
Por fim, o Documento convida todos os Pastores e cristãos europeus, as paróquias, as comunidades eclesiais e todas as pessoas de boa vontade, a acompanhar atentamente o Tempo da Criação e a vivê-lo com espírito ecumênico, unidos em oração e ação.
Cáritas: rezar e agir para o bem da Casa Comum
“A pandemia da Covid-19 deve representar um chamado a respeitar a casa comum”: é o que escreve a Cáritas Internacional em uma nota, por ocasião do Dia Mundial de Oração pelo Cuidado da Criação em 1º de setembro. Uma recorrência que “representa uma ocasião importante para celebrar a riqueza da fé cristã que se expressa também na salvaguarda de nossa Casa comum” e para “renovar nosso coração e nossa mente”, “renovando nosso relacionamento com Deus”.
Refletindo sobre os difíceis meses vividos no mundo inteiro devido à pandemia do coronavírus, a Caritas observa como isso nos permitiu tomar consciência de uma humanidade comum e de todas as interconexões presentes entre as dimensões “política, econômica, social, espiritual e cultural”. “Nos demos conta”, continua o órgão caritativo, “como os sistemas sociais injustos criaram um terreno fértil para a propagação das doenças, como nossas vidas são frágeis e como éramos vulneráveis mesmo antes da propagação deste vírus”.
Bartolomeu I: não há progresso com base na destruição da natureza
A pergunta que chega na metade da mensagem faz com que se pare e reflita: “Por quanto tempo ainda a natureza vai suportar discussões e consultas infrutíferas e inúmeros atrasos adicionais na tomada de medidas decisivas para sua proteção?”. É uma questão que não pode ser contornada e sobre a qual o Patriarca de Constantinopla, Bartolomeu I, concentra sua mensagem para o Dia Mundial de Oração pelo Cuidado da Criação de 1º de setembro.
A questão é precedida por uma análise realista: “É uma convicção compartilhada – escreve Bartolomeu I – que, em nosso tempo, o ambiente natural está ameaçado como nunca antes na história da humanidade” e a extensão da ameaça é deixada clara, diz ele, pelo fato de que “o que está em jogo não é mais a qualidade, mas a preservação da vida em nosso planeta”. Estamos testemunhando, “a destruição do ambiente natural, da biodiversidade, da flora e da fauna, a poluição dos recursos aquáticos e da atmosfera, o colapso progressivo do equilíbrio climático” e outros excessos. Um complexo de situações, observa Bartolomeu I, que mostra como “a integridade da natureza” é um “imperativo categórico” para a humanidade contemporânea. E, no entanto, não é compreendido em sua importância em todos os níveis.
Enquanto em nível pessoal, de grupos e organizações, vem à tona uma “grande sensibilidade e responsabilidade ecológica”, o mesmo não acontece – observa o Patriarca de Constantinopla – se considerarmos os administradores de assuntos públicos. “Nações e agentes econômicos não são capazes – em nome das ambições geopolíticas e da “autonomia da economia” – de tomar as decisões corretas para a proteção da criação”, é a observação do Patriarca ortodoxo, e de fato cultivam “a ilusão” de que “o ambiente natural tem o poder de se renovar”.
A crise da Covid, comenta o Patriarca, demonstrou o impacto da atividade humana na criação, com a queda da poluição registrada durante o lockdown. Portanto, Bartolomeu I é convicto de que, se a indústria de hoje, os transportes, o sistema econômico baseado na “maximização do lucro” tem um “impacto negativo sobre o equilíbrio ambiental”, uma “mudança na direção de uma economia ecológica é uma necessidade que não se pode evitar”. Não há um progresso verdadeiro baseado na destruição do ambiente natural”. É inconcebível”, continua ele, “que as decisões econômicas sejam tomadas sem levar em conta suas consequências ecológicas”. O desenvolvimento econômico não pode continuar sendo um pesadelo para a ecologia”.
Na parte final da mensagem, Bartolomeu I recorda o grande compromisso do Patriarcado Ortodoxo com as questões ecológicas e a necessidade de colaborar a esse respeito. Afinal, ele conclui, “a própria vida da Igreja é uma ecologia aplicada. Os sacramentos da Igreja, toda sua vida de adoração, a ascese e vida comunitária, a vida diária de seus fiéis, expressam e geram o mais profundo respeito pela criação”.