Por José Carlos Freire, especial para este site

“É importante retomar as linhas fundamentais que guiaram a atuação da Ordem no Pós-Concílio Vaticano 2º”. Com estas palabras Frei Luis Scozzina começou sua entrevista ao Site Franciscanos. Frei Luis é Presidente da Conferência do Cone Sul dos Frades Menores, que inclui os países do Chile, Argentina, Uruguai e Paraguai. Esta Conferência sediou e organizou o Congresso Missionário de Córdoba, a partir do trabalho conjunto da Uclaf – Uniáo das Conferências Latino-Americanas dos Frades – e da SGEM – Secretaria Geral para Evangelizaçáo e Missáo da OFM. A abertura do Congresso foi feita por Frei Luis Scozzina, pela Uclaf, Fr. Nestor Inacio Schwerz, pela SGEM e por Fr. Luís Cabrera, definidor geral pela América Latina. Frei Luis também é Ministro da Província de Sáo Miguel, com sede em Rosário, Argentina. Falando ao nosso site, Frei Luis destacou a importância deste Congresso.

Site Franciscanos – Como la Uclaf tem refletido o papel dos franciscanos na América Latina e no Caribe?
Frei Luiz – A Uclaf, desde seu Encontro ordinário de 2004, realizado na Bahia, quando se refletiu, especificamente, sobre os desafios da evangelização no novo contexto, nos novos cenários que se apresentam no continente, tem pretendido, em primeiro lugar, retomar as linhas fundamentais que guiaram a atuação da Ordem no Pós-Concílio Vaticano 2º. Foi justamente neste Encontro, na Bahia, que se propôs a retomada do documento “O Evangelho nos desafia”, do Conselho Plenário da Ordem em 1983, a fim de se fazer uma releitura e também uma memória que permitisse atualizar essa opção que toda a Ordem fez e, particularmente, na América Latina é tão preciosa: a opção pelos pobres. Evidentemente, a mudança do cenário, o novo contexto mundial nos faz pensar em uma nova leitura do documento da CPO da Bahia. Esse objetivo foi retomado na Uclaf de 2006, que ocorreu em Guardalajara, no México. Neste encontro, refletimos e constatamos que, na América Latina, estávamos um tanto fechados em nossa ação, diminuídos no ardor evangelizador, na força, no entusiasmo. Vimos também que se fazia necessária uma nova proposta, uma formação para as novas gerações que pudesse retomar o espírito daquela opção que a Igreja na América Latina havia feito em Medellín e Puebla e que, em âmbito mundial, foi asumida por toda a Ordem, a partir de sua aprovação nas Constituições Gerais.

Site Franciscanos – O que este Congresso de Córdoba apresenta de significativo para a caminhada da Uclaf e dos franciscanos neste continente?
Frei Luiz – Este Congresso é fruto, exatamente, da reflexão nos últimos anos na Uclaf. Percebemos que se fazia necessário nos encontrar e compartilhar o trabalho, os serviços e a também como forma de se afirmar novamente a nossa opção evangelizadora fundamental, ou seja, a de ser uma fraternidade contemplativa, mas, vivendo entre os mais pobres. Acredito que este Congresso é significativo também porque é a primeira vez, neste âmbito da Ordem, os animadores de todas as províncias, encontramo-nos para não só partilhar as experiências, mas também para buscar juntos novos caminhos. É um fato histórico, pois, pela primeira vez nós nos dedicamos a aprofundar qual é o nosso serviço na Igreja, dentro desse duplo contexto: na Igreja latino-americana que, a partir do Celam de Aparecida, em 2007, nos chama a participar de uma missão continental e, muito especialmente, em torno da celebração dos 800 anos do carisma franciscano, como escutamos neste Congresso do Ministro Geral, estamos, de modo particular, na América Latina, convidados ao desafio de restituir o que recebemos como dom da vocação franciscana, em específico, a vocação franciscana vivida nesta experiência latino-americana, que tem a particularidade de viver junto aos mais pobres. Esta realidade também nos interpela a responder de modo mais profundo aos desafios da justiça, da paz e da integridade da criaçáo.

Site Franciscanos – Frei Luis, uma mensagem às pessoas que visitam este site?
Frei Luis – Sim. Pelo pouco que conheço da atuaçáo de vocês, acredito que uma mensagem se faz importante a todos nós: a de que nossa ação evangelizadora, nosso serviço aos mais pobres, nossa presença no mundo dos marginalizados encontrem seu pleno sentido numa missão compartilhada por religiosos e leigos, o que faz com que se qualifique a missão e também se enriqueça nosso carisma. Por isso, desejo que nos encontremos todos renovados, como diz a proposta do lema deste Congresso. Que a partilha de nossas experiências e nossos caminhos nos ajude a crescer e a renovar nosso ardor missionário!