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Entrevista com André Luiz da Rocha Henriques

22/04/2013

Entrevistas

Por Moacir Beggo

 Paulista de Ilha Solteira (SP), Frei André Luiz da Rocha Henriques será ordenado presbítero no dia 27 de abril, às 17 horas, na Igreja Nossa Senhora Aparecida, em Nilópolis (RJ), pelo bispo Dom Luciano Bergamin, CRL, bispo de Nova Iguaçu (RJ).

Filho de Luiz Firmino e Conceição Aparecida da Rocha Henriques, Frei André tem como irmãos Flávia Marcela da Rocha e Clóvis Assis da Rocha e uma tia materna, Luiza Aparecida, que é deficiente mental  e tem sua mãe como tutora. 

Frei André nasceu no dia 5 de março de 1984 e ingressou na Ordem Franciscana no dia 8 de janeiro de 2005. Sua Primeira Missa será celebrada no dia 28 de abril, às 8h30, também na Igreja de Nossa Senhora Aparecida. Frei André escolheu como lema: “É necessário que Ele cresça e eu diminua” (Jo 3,30).

Site Franciscanos – Como se deu seu discernimento vocacional para a vida religiosa? Fale um pouco de sua vocação e de sua família.

Frei André – Meus pais e avós são do interior de Minas Gerais. Em vista de um crescimento profissional, meu pai foi trabalhar em uma barragem hidrelétrica em Ilha Solteira (SP), onde nascemos meus irmãos e eu. O nome da barragem acabou sendo bem significativo, pois somos de fato “Três Irmãos”, sendo eu o do meio. Devido ao trabalho do meu pai, mudamos de cidade constantemente, permanecendo em algumas cinco anos; em outras, um ano e meio; e até mesmo um único semestre em Assis (SP). No entanto, minha história vocacional se desenrola quase exclusivamente em Cândido Mota (SP), cidade vizinha de Assis, última cidade onde morei com os meus familiares e onde eles resolveram fixar residência. Minha paróquia de origem é capuchinha, assim como o era também na minha cidade natal. Meus irmãos foram batizados por um frade capuchinho, enquanto eu fui batizado em Minas Gerais por um padre diocesano. Foi justamente esta convivência próxima com os frades capuchinhos a minha primeira experiência relacionada à vida religiosa. Quando eu tinha por volta dos meus quinze anos, comecei a frequentar com maior assiduidade as missas semanais e outros encontros de oração e pastoral. Falando sobre vocação com um frade capuchinho, ele me aconselhou a terminar os estudos na casa dos meus pais. Passado este tempo de amadurecimento, junto com alguns amigos, comecei a frequentar os encontros vocacionais na diocese e a visitar algumas congregações e ordens religiosas. Por indicação de um aspirante capuchinho, acabamos conhecendo a Ordem dos Frades Menores e a Província da Imaculada. Meus amigos e eu fizemos o acompanhamento vocacional no Seminário de Agudos e, em 2003, entrei para o Aspirantado, em Ituporanga (SC).

Site Franciscanos –  Por que escolheu ser franciscano?

Frei André – Mesmo sem conhecê-lo, São Francisco sempre esteve muito próximo de mim. Lembro que no meu quarto sempre esteve um quadro da Terra Santa, onde figurava São Francisco, com o hábito da Ordem dos Frades Menores. Além disso, seja na minha cidade natal, seja em Cândido Mota, minha família sempre teve certa proximidade com os frades capuchinhos. Inclusive, meu irmão recebeu o mesmo nome de um frade, Frei Clóvis. Contudo, foi a leitura das Fontes Franciscanas na internet que me moveram definitivamente a buscar este carisma.

Site Franciscanos – Quais as suas expectativas e desafios como presbítero neste mundo globalizado? Neste ano da JMJ, como falar de Deus para o jovem?

Frei André – Ser presbítero me dá um pouco de medo. Realmente, são inúmeros os desafios que cercam a vida do presbítero hoje. No entanto, mais do que expectativas, tenho fé de que o Senhor que me chamou a este ministério estará sempre comigo para me socorrer com a sua graça, pois sem ela nada posso. Como diz o lema da minha ordenação, “é necessário que Ele cresça e eu diminua”. Sei que só serei um bom presbítero se Cristo for tudo em mim. Acredito que o único modo de se chegar ao coração do jovem de hoje é o da autenticidade de vida. As novas tecnologias, os novos areópagos, os novos métodos de evangelização, são todos eles muito importantes, mas perderiam toda a sua eficácia se não comunicassem um coração inflamado pelo amor de Deus. Se se deseja alcançar o coração dos jovens, é preciso primeiro falar ao coração de Deus e deixá-lo falar ao próprio coração.

Site Franciscanos –  Como é o religioso Frei André?

Frei André – É difícil descrever com retidão a si mesmo, mas imagino que eu seja um frade tímido, um tanto indeciso, e paradoxalmente muito teimoso. Frei André é um religioso inquieto, com grande desejo de consagrar-se inteiramente à vontade de Deus, mas que facilmente dorme na oração; um tanto dedicado à leitura e aos estudos, sem, contudo, poder ser considerado um intelectual; esforçado nos trabalhos pastorais e fraternos, ainda que nem sempre consiga dar conta do recado. Sou um religioso em formação… Queira Deus que eu chegue lá um dia!

Site Franciscanos – Que mensagem daria a um jovem que pensa em seguir os passos de São Francisco? 

Frei André – Jovem, se o Espírito Santo te inspira a seguir os passos de São Francisco, não permitas que nada venha a “esfriar” este teu desejo. Que os obstáculos aumentem em ti o ardor da busca e que os desafios enfrentados façam crescer a esperança em Cristo. Francisco foi um jovem ambicioso e sua ambição tornou-se força propulsora em sua caminhada espiritual após a sua conversão: tudo que fazia por amor a Deus ainda era pouco, desejava sempre de novo recomeçar, ir além. “Recomecemos, irmãos, porque pouco ou nada fizemos!” Se Aristóteles estava certo ao descrever a virtude como meio termo entre dois extremos, com São Francisco devemos confessar que o verdadeiro apaixonado não vê limites e só o amor é infinito. Deus, que te inspirou tão grande propósito, infunda em teu coração este mesmo amor.

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