Em direção ao abraço do Pai: misericórdia, empatia e compaixão presentes no encerramento da 10ª CFJ
11/09/2022
Com temperatura bem mais baixa do que na jornada do dia anterior (16 graus pela manhã), o domingo, 11 de setembro, começou cedo para os caminhantes, que foram recebidos por uma leve garoa e pelo “irmão vento” para a missa das 5h30, celebrada na alameda junto à grande imagem de Frei Galvão. A celebração foi presidida pelo Vigário Provincial, Frei Gustavo Medella que, na homilia, brincou: “Hoje, em vez de falar sobre os textos bíblicos, vou aproveitar este momento para conversar sobre Matemática, tendo em vista que Frei Galvão provavelmente dominava bem esta matéria, afinal foi um grande construtor”. Frei Gustavo se referia ao Evangelho do 24º Domingo do Tempo Comum (Lc 15,1-32), no qual Jesus conta três parábolas para explicar sobre a Misericórdia de Deus: a ovelha perdida, a moeda perdida e o Filho Pródigo. “Temos neste Evangelho três porcentagens diferentes: a ovelha perdida, uma em 100, era um por cento do rebanho; a moeda, uma em dez, representava dez por cento das economias da mulher; e o filho pródigo, um em dois, cinquenta por cento dos filhos daquele pai. Nos três casos, há festa e alegria pelo reencontro daquilo que estava perdido, ou seja, Deus se dedica cem por cento sempre a todos os seus filhos e filhas”, explicou Frei Gustavo. Por fim, ao incentivar os jovens para que jamais desanimem de si mesmos e da bondade de Deus, o presidente da celebração exortou: “Cada desta caminhada deve nos conduzir para o abraço amoroso do Pai, do qual nós queremos ser portadores e transmissores, entregando-nos por inteiro a Deus que inteiramente se entrega por nós”.
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Na conclusão da Missa, os jovens receberam as pílulas de Frei Galvão, sacramental de fé criado pelo primeiro Santo Brasileiro, seguindo para o café e para os últimos preparativos em vista da caminhada que teriam pela frente. O primeiro percurso, do Santuário Frei Galvão, até o Centro de Guaratinguetá, teve a extensão de cinco quilômetros. Com a temperatura mais amena, o caminhar também foi mais fluente. A parada desta vez foi diante da casa onde Frei Galvão nasceu, bem no Centro Histórico. As vielas estreitas foram “tingidas” pelo amarelo dos coletes dos caminhantes. Em uma das janelas da casa, de estilo colonial a singeleza de uma pequena imagem artística de Frei Galvão sobre uma toalha branca de rendas e um vaso de flor, a beleza do simples. Na outra, o casal de idosos sorridentes, Tom e Thereza Maia, descendentes de Frei Galvão, que dirigiram à juventude palavras de simpatia e incentivo, sendo longamente aplaudidos.
Segue o percurso, agora em direção à Fazenda da Esperança (Centro Masculino), comunidade terapêutica para dependentes químicos fundada em Guaratinguetá pelo franciscano Frei Hans Stapel, desta vez num total de 11 quilômetros, com uma parada prevista no meio do caminho, no Centro Feminino (Bairro São Manoel). O cansaço, as bolhas e dores do dia anterior começaram a pesar para alguns que contavam com o auxílio dos carros de apoio. Depois de quase cinco horas, entre caminhada e parada desde o Centro, finalmente o grupo chega à Fazenda da Esperança.
Recebidos com festa no Centro Masculino, os caminhantes foram convidados a se dividir em grupos e, sentados ao gramado, cada grupo contou com a presença de um jovem acolhido da comunidade terapêutica. Houve, então, ocasião de escuta e partilha, onde os participantes da caminhada puderam fazer um exercício de empatia e compaixão, coroado com o ato simbólico do lava-pés, quando, com bacias e toalhas preparadas com carinho pelos acolhidos, todos puderam se fazer uma só família, onde um estava a serviço do outro na expressão do cuidado.
Na sequência, os caminhantes se dirigiram à Capela da Fazenda, localizada junto ao Mosteiro Mater Christi, das Irmãs Clarissas. Ali, tiveram a oportunidade de firmar um compromisso orante com as irmãs e de se recomendarem às orações delas, pessoalmente e também dedicando a prece por um(a) outro(a) companheiro(a) de caminhada. Os mesmos peixes de cartolina apresentados na oração de abertura do evento desta vez serviram para que os jovens escrevessem as intenções pelas quais queriam que as irmãs rezassem: a simplicidade do belo.
Encaminhando-se para o final da jornada, num saldo de mais de 35km caminhados, oito paradas, duas mil garrafas de água distribuídas, o coroamento do encontro se deu no pátio diante do Mosteiro, onde as Irmãs Clarissas da comunidade apareceram na sacada para suplicar sobre os jovens a solene Bênção de Santa Clara. Antes, Frei Gabriel Dellandrea, em nome da equipe organizadora e da animação das juventudes da Província, fez um amplo agradecimento a todos os participantes, voluntários, apoiadores e patrocinadores da Caminhada, destacando o quanto o testemunho de doação e compromisso de todos os envolvidos foi importante para o bom êxito da iniciativa. Após o almoço saboroso preparado pelos acolhidos da Fazenda, hora de voltar para a casa, com cansaço e belas experiências para partilhar. Saudade e gosto de “quero mais”. Gratidão, ampla e irrestrita a muita, muita gente!
Equipe de Comunicação da 10ª CFJ