Editora Vozes completa 119 anos ‘pelo bom livro’
05/03/2020
A Editora Vozes completa, neste dia 5 de março, 119 anos “de uma vida pelo bom livro”, como diz o seu lema. Atualmente, é uma das instituições culturais mais importante na América Latina e na Ordem Franciscana mundial. Ela é responsável por uma fatia do mercado editorial de livros de qualidade, referência em diversas áreas do conhecimento, entre elas, filosofia, sociologia, educação e psicologia. Em suma, pode-se dizer que a Editora Vozes se constitui numa das mais antigas e conhecidas editoras do Brasil.
A partir de sua sede em Petrópolis, região serrana do Estado do Rio de Janeiro, onde também se situa seu moderno parque gráfico, seus livros e revistas chegam a todo o Brasil através de seus 12 centros de distribuição, e de sua rede de livrarias.
O catálogo da Editora Vozes soma mais de 2 mil títulos ativos, número este que é acrescido a cada mês com uma média de 15 lançamentos. Ao longo dos anos, as linhas de publicação da Editora Vozes passaram a ser reconhecidas por sua seriedade e consistência, consolidando assim uma liderança editorial em diversas áreas do conhecimento como: Pedagogia, Filosofia, Psicologia, Sociologia, Antropologia, Ciências Políticas, Dinâmicas de grupo, Metodologia de ensino e pesquisa, História, Comunicação, Letras, Serviço Social, Ecologia, Saúde, Teologia, Sagrada Escritura, Liturgia, Espiritualidade, Literatura de autoconhecimento, Franciscanismo, Devocionais, Catequese, Pastoral e Ensino Religioso.
A editora tem dois produtos tradicionais: o Almanaque Santo Antônio e a Folhinha do Sagrado Coração de Jesus, editadas por Frei Edrian Pasini
A Vozes também possui o Selo Nobilis, uma linha editorial especial que tem o objetivo de publicar obras diferenciadas com uma qualidade superior e alto valor agregado. Traz importantes autores, entre eles Leonardo Boff e Mario Sergio Cortella.
O INÍCIO COM FREI INÁCIO HINTE
Sua história começa com a iniciativa de um frade, Frei Inácio Hinte, que adquiriu, em Petrópolis, uma velha impressora Alauzet dos padres lazaristas. Para isso, contou com o apoio de Frei Ciríaco Hielscher, que foi o responsável pela construção do primeiro Convento Franciscano de Petrópolis e o fundador da Escola Gratuita São José, da qual foi o primeiro diretor. Como guardião do convento, foi também o primeiro responsável pela Editora Vozes, assinando a ata da reunião de fundação da editora, em 5 de março de 1901. A editora nasceu com o nome de Typographia da Escola Gratuita São José.
Tocada a mão pelo Irmão Frei Matias Hermanns e sob a direção técnica de Frei Inácio Hinte, a restaurada Alauzet funcionou pela primeira vez imprimindo cartões de visita para o guardião Frei Ciríaco.
Quando Frei Ciríaco foi transferido, o novo guardião Frei Celso Dreiling continuou apoiando a Typographia, deixando Frei Inácio como responsável. Ele ainda incentivou a compra das máquinas Sollo e Phoenix, que substituíram a Alauzet. A máquina Sollo dispensava a ação humana para tocar a alavanca de impressão, pois ela possuía um motor. Estas duas máquinas aumentaram a capacidade de produção da Typographia, possibilitando o atendimento ao aumento de pedidos de livros, especialmente aos escolares.
Por muitos anos, os funcionários que auxiliavam Frei Inácio na Typographia da Escola Gratuita São José eram alunos ou ex-alunos da própria escola, que destacavam-se nos estudos e iam aí trabalhar. Entre os primeiros livros publicados pela Typographia estão: “O primeiro livro de leitura”, editado pelos professores da Escola Gratuita São José, “A vida e o culto de Santo Antônio”, de Frei Luís Reinke, “Cecília”, de Frei Basílio Röwer, “Breves meditações para todos os dias do anno”, de Frei Pedro Sinzig, e “Manná: o alimento da alma devota”, um livro de orações populares escrito por Frei Ambrósio Johanning.
Em 1939, ela ganhava uma nova razão social: Editora Vozes Ltda. Tinha 50 funcionários e várias máquinas. Neste ano, o grande lançamento foi a Folhinha do Sagrado Coração de Jesus. Frei Ludovico Gomes de Castro deu outro impulso em 1963, com novos equipamentos, como a máquina “offset”, que aumentou a produção e permitiu a impressão de um caderno de 64 páginas de cada vez. Em 1968 tinha quatro filiais no Brasil.
Durante a década de 70 viria nova expansão gráfica e comercial. A Editora comprava a impressora Speed Master, uma guilhotina Guarani, de fabricação nacional, e outras máquinas da marca Heidelberg para fazer capas. Durante o período de repressão, a editora destacou-se pela corajosa publicação de obras em defesa da liberdade, como “Tortura Nunca Mais” e a “Voz dos Vencidos”. Em 1989, a editora tinha 600 funcionários e 30 lojas.
Mas o mercado editorial entrou em crise no final do século passado e, junto a dificuldades internas, a Vozes sofreu a pior crise de sua história. A partir de 1999 assumiu a empresa a diretoria formada por uma gestão colegiada, que equilibrou as finanças e, dentro de uma economia globalizada, prepara-se para atravessar mais um século.
Em 2005, a Editora Vozes inaugurou um novo segmento de publicações, a Vozes Nobilis: uma linha editorial especial, com importantes autores, alto valor agregado e qualidade superior, como Anselm Grün, Mário Cortella, entre outros. No “ranking” dos livros mais vendidos destacam-se “Minutos de Sabedoria”, um pequeno grande livro de bolso repleto de pensamentos que inspiram e alentam.
(Fonte: “Editora Vozes: 100 anos de história”, de Marcelo Fereira de Andrades (2001).