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Editora Vozes: 115 anos pela cultura e evangelização

03/03/2016

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Uma das poucas empresas centenárias que se mantêm na ativa no ramo editorial, a Editora Vozes celebra no próximo dia 5 de março 115 anos de sua fundação. O segredo para essa longevidade, segundo o seu diretor, Frei Volney Berkenbrock, é simples: “A Vozes, antes de ser uma empresa, é um espírito coletivo, um espírito unido em torno da evangelização e da cultura. Sua longevidade se deve, penso, ao fato de nesses anos todos ter sempre existido um grupo de pessoas que manteve este espírito. É isto que faz a sua longevidade: a continuidade deste espírito ao longo do tempo”, explica Frei Volney.

A Editora Vozes, em 115 anos, responde por mais de 5 mil títulos no seu catálogo, tem 14 distribuidoras e 18 livrarias no Brasil e uma livraria em Lisboa, Portugal. Há dez anos, a administração da Editora Vozes é feita por um sistema colegiado, tendo à frente três diretores: Frei Antônio Moser, Frei Volney Berkenbrock e Frei Ludovico Garmus.

A Vozes é responsável por uma fatia do mercado editorial de livros de qualidade, referência em diversas áreas do conhecimento, entre elas, filosofia, sociologia, educação e psicologia. Segundo seu diretor-presidente, a editora é referência na formação de uma consciência de cidadania fundada sobre os valores evangélicos. “Nosso objetivo é humanizar para divinizar e divinizar para humanizar”, ressalta Frei Moser.

Além de obras fundamentais para o meio acadêmico e intelectual, a Editora investe em publicações na área religiosa, catequese, autoconhecimento e espiritualidade, que tem como um de seus principais autores Anselm Grün.

A editora tem duas publicações tradicionais: o Almanaque Santo Antônio e a Folhinha do Sagrado Coração de Jesus, editadas por Frei Edrian Pasini A Folhinha é distribuída aos lares brasileiros há 77 anos.

A Vozes também possui o Selo Nobilis, que neste ano completa 10 anos e é uma linha editorial especial com o objetivo de publicar obras diferenciadas com uma qualidade superior e alto valor agregado, e o Vozes de Bolso, segmento pelo qual são publicados textos clássicos em formato de bolso e a preços mais acessíveis.

Um pouco de história

Sua história começa com a iniciativa de um frade, Frei Inácio Hinte, que adquiriu, em Petrópolis, uma velha impressora Alauzet dos padres lazaristas. Para isso, contou com o apoio de Frei Ciríaco Hielscher, que foi o responsável pela construção do primeiro Convento Franciscano de Petrópolis e o fundador da Escola Gratuita São José, da qual foi o primeiro diretor. Como guardião do convento, foi também o primeiro responsável pela Editora Vozes, assinando a ata da reunião de fundação da editora, em 5 de março de 1901. A editora nasceu com o nome de Typographia da Escola Gratuita São José.

Tocada a mão pelo Irmão Frei Matias Hermanns e sob a direção técnica de Frei Inácio Hinte, a restaurada Alauzet funcionou pela primeira vez imprimindo cartões de visita para o guardião Frei Ciríaco.

Quando Frei Ciríaco foi transferido, o novo guardião Frei Celso Dreiling continuou apoiando a Typographia, deixando Frei Inácio como responsável. Ele ainda incentivou a compra das máquinas Sollo e Phoenix, que substituíram a Alauzet. A máquina Sollo dispensava a ação humana para tocar a alavanca de impressão, pois ela possuía um motor. Estas duas máquinas aumentaram a capacidade de produção da Typographia, possibilitando o atendimento ao aumento de pedidos de livros, especialmente aos escolares.

Por muitos anos, os funcionários que auxiliavam Frei Inácio na Typographia da Escola Gratuita São José eram alunos ou ex-alunos da própria escola, que destacavam-se nos estudos e iam aí trabalhar. Entre os primeiros livros publicados pela Typographia estão: “O primeiro livro de leitura”, editado pelos professores da Escola Gratuita São José, “A vida e o culto de Santo Antônio”, de Frei Luís Reinke, “Cecília”, de Frei Basílio Röwer, “Breves meditações para todos os dias do anno”, de Frei Pedro Sinzig, e “Manná: o alimento da alma devota”, um livro de orações populares escrito por Frei Ambrósio Johanning.

Em 1939, ela ganhava uma nova razão social: Editora Vozes Ltda. Tinha 50 funcionários e várias máquinas. Neste ano, o grande lançamento foi a Folhinha do Sagrado Coração de Jesus. Frei Ludovico Gomes de Castro deu outro impulso em 1963, com novos equipamentos, como a máquina “offset”, que aumentou a produção e permitiu a impressão de um caderno de 64 páginas de cada vez. Em 1968 tinha quatro filiais no Brasil.

Durante a década de 70 viria nova expansão gráfica e comercial. A Editora comprava a impressora Speed Master, uma guilhotina Guarani, de fabricação nacional, e outras máquinas da marca Heidelberg para fazer capas. Durante o período de repressão, a editora destacou-se pela corajosa publicação de obras em defesa da liberdade, como “Tortura Nunca Mais” e a “Voz dos Vencidos”. Em 1989, a editora tinha 600 funcionários e 30 lojas.

Mas o mercado editorial entrou em crise no final do século passado e, junto a dificuldades internas, a Vozes sofreu a pior crise de sua história. A partir de 1999 assumiu a empresa a diretoria formada por uma gestão colegiada, que equilibrou as finanças e, dentro de uma economia globalizada, investe para atravessar mais um século.

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