“Deus quer que você seja um padre feliz, Frei Jeâ!”
07/07/2013
Frei Clauzemir Makximovitz
Assisti-nos, Senhor, Pai santo, Deus eterno e todo-poderoso, autor da dignidade humana e distribuidor de todas as graças, que dais crescimento e vigor a todas as coisas, e que, para formar um povo sacerdotal, estabeleceis, em diversas ordens, os ministros de Jesus Cristo, vosso Filho, pela força do Espírito Santo.
Assim inicia a prece pela qual Frei Jeâ é ordenado sacerdote. O Bispo emérito de Rio do Sul, Dom José Jovêncio Balestieri, após a oração lhe impõe as mãos, gesto bíblico e apostólico que confere, junto com a prece de ordenação, o Espírito Santo, ordenando para o serviço sacerdotal. Neste gesto, o bispo é seguido pelos sacerdotes concelebrantes. Esse, entretanto, é o ponto central de uma celebração repleta de momentos ímpares.
No peito eu levo uma cruz, no meu coração o que disse Jesus dizia o canto inicial escolhido por Frei Jeâ. E essa foi a tônica dos dias de preparação para a ordenação e de toda a celebração litúrgica. O Cristo, pobre, humilde e crucificado é o que dava sentido a tudo isso, e pulsava no peito de cada um, motivando, unindo em comunhão e emocionando.
O povo de Imbuia (SC), conhecidos e amigos de Frei Jeâ, parentes, confrades e ex-colegas de turma encheram o salão da Paróquia Santo Antônio, e participaram com alegria desta festa de toda a comunidade, festa em que toda a Igreja se alegra.
É Deus quem nos reúne aqui, disse Dom José… Abramos os nossos braços e acolhamos o seu perdão como um abraço de Pai.
A liturgia da Palavra parecia iluminar ainda mais o tom franciscano e cristológico da caminhada do futuro presbítero. A teologia da Cruz, tão presente na espiritualidade do discipulado e no lema escolhido por Frei Jeâ: “Tome a sua cruz e me siga” (Mt 16,24).
A apresentação do candidato, feita pelo Ministro Provincial, Frei Fidêncio Vamboemmel, foi focada na confiança no processo formativo da Província e nas consultas ao povo de Deus, nos locais de pastoral em que Frei Jeâ trabalhou: em Curitiba, na comunidade da Rocinha no Rio de Janeiro, e atualmente em Concórdia, dentre todos os locais de trabalho de Frei Jeâ.
Pedida e aceita a ordenação, Dom José falou como verdadeiro pastor, aconselhando Frei Jeâ a nunca negar ao povo esse direito de reconhecer no padre o seu pastor. Para tanto, o sacerdócio precisa estar a serviço do povo. O povo tem direito de estar perto do padre, de se sentir próximo, até mesmo na hora do jantar ou do almoço. Mas antes de tudo, o padre precisa rezar… E mais, é preciso que o povo veja que o padre reza. Mas também de nada vale rezar só para ser visto. Isso porque o povo quer que o padre seja feliz. “Deus quer que você seja um padre feliz, Frei Jeâ!” – reafirmou Dom José. E coroando esse acento todo pastoral à teologia do presbiterato, finaliza Dom José: “Nós devemos obedecer todas as leis da Igreja, temos de observar os planos diocesanos e paroquiais, mas antes de tudo, sempre deve prevalecer a misericórdia”!
Motivado por tão belas palavras, Frei Jeâ manifesta seu consentimento a respeito de seu chamado ao Ministério Presbiteral, suas funções e seu modo de vida. O momento em que Frei Jeâ se prosta ao chão pedindo a oração e intercessão de todos ilustra bem o sentido de toda a celebração: “Roguemos, irmãos e irmãs, a Deus Pai todo-poderoso que derrame com largueza a sua graça sobre este seu servo, que ele escolheu para o cargo de Presbítero” – pediu Dom José antes da ladainha de todos os santos.
Ordenado, o novo presbítero recebe de suas avós as vestes litúrgicas de seu ministério, a casula e a estola, e dois confrades o auxiliam a vestir-se. Suas mãos ungidas são amarradas com uma fita e Seu Amilton e Dona Zelir, pais de Frei Jeâ, desatam-na das suas mãos. Seus pais, aqueles que tantas vezes abençoaram e que continuarão abençoando, recebem a primeira benção do filho como padre.
Ao final todos percebiam que na solenidade da celebração refletia a simplicidade de toda uma comunidade que só queria agradecer a Deus por tanto que Ele lhes concedera. Nas palavras de agradecimento, Frei Jeâ, com muita emoção, lembrou de cada um e agradeceu a todos por este momento e por todos os outros. “Eu não mereço tudo isso”, disse ele, e mais “essa celebração não é minha, mas de todos vocês”! Pediu ainda que Deus lhe ajudasse a ser um bom pastor.
Lembrando que Frei Jeâ fez um estágio em Angola, os noviços entoaram um canto de agradecimento que dizia: sakidila – que pode ser traduzido como ação de graças – enquanto entraram dançando até o altar.
Ó Deus, que fizestes do vosso Filho único sumo e eterno sacerdote, dai aos que ele escolheu como ministros e dispensadores dos vossos mistérios fidelidade à missão que receberam. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.