Despedida de Frei José Luiz em Blumenau
08/08/2013
O Santuário de Nossa Senhora Aparecida ficou repleto para celebrar a despedida de Frei José Luiz Prim, na Missa celebrada às 14h30. Muitos fiéis e paroquianos de Blumenau se somaram a confrades de diversas fraternidades, padres e diáconos de várias paróquias da Diocese, familiares e amigos que vieram de Ituporanga e também de outras cidades, irmãos e irmãs da Ordem Franciscana Secular (OFS) e um grupo vindo especialmente de Petrópolis, composto por ex-cantores do Coral dos Canarinhos, dirigido por 28 anos por Frei José Luiz, acompanhados de Frei César Külkamp e a amiga pessoal de Frei José Luiz e mãe de um ex-canarinho Maria Thereza Reisky, representando as centenas de amigos e amigas que Frei José Luiz deixou na Cidade Imperial.
Logo no início da celebração, após o canto de entrada, a pedido da fraternidade local, Frei Gustavo Medella, aluno de Frei José Luiz e cantor do Coral dos Canarinhos por 10 anos (entre 1987 e 1997), deu boas vindas a todos e leu uma mensagem do Bispo Diocesano, Dom José Negri, na qual ele se dizia impossibilitado de comparecer à celebração e deixava um profundo agradecimento aos franciscanos por todo trabalho e empenho de Frei José Luiz na Diocese. O Ministro Provincial, Frei Fidêncio, também não pôde estar presente, mas enviou sua afetuosa saudação através do Definidor, Frei Germano Guesser que, em nome do Governo Provincial, presidiu a celebração.
Logo após a leitura do Evangelho, Frei Germano passou a palavra a Frei Gustavo Medella, que, além de ter sido aluno de Frei José Luiz, o teve como pregador em sua primeira Missa. Em sua reflexão, o frade petropolitano destacou, entre as virtudes do frade falecido, o fato de Frei José Luiz ter a capacidade de se reencantar pela vida e pela missão que assumiu. “No tempo em que estávamos no Coral dos Canarinhos, com frequência comentávamos entre nós: ‘Não sei o que vai ser do Frei José Luiz depois que deixar o trabalho nos Canarinhos, pois este é o sentido de sua vida’. E eis que, surpreendentemente, ao deixar o serviço, por inciativa própria, no ano 2000, Frei José Luiz, transferido para Pato Branco, PR, permaneceu com o mesmo entusiasmo que o movia quando à frente dos Canarinhos”, recordou o frade.
Em nome do Coral dos Canarinhos e do Instituto dos Meninos Cantores, o Maestro das Meninas dos Canarinhos, Marcelo Vizani, prestou uma homenagem a Frei José Luiz, explicando ao povo presente a importância dele para a formação de todos os que passaram pelo coral. “Vocês não fazem ideia da importância deste homem para nossas vidas”, chamou a atenção, com a voz embargada. Em homenagem ao Frei, o grupo entoou, em gregoriano, o canto em latim da Salve Regina, um dos preferidos de Frei José Luiz.
Em nome da família, Frei José Lino Lückmann, sobrinho de Frei José Luiz, ressaltou o amor que o falecido nutria pela família e, em seguida, dirigiu o rito de encomendação. Logo depois, o cortejo seguiu para o Cemitério São José, no Centro, onde Frei José Luiz foi enterrado próximo a outros sessenta frades. As missas de sétimo dia serão celebradas na Igreja do Sagrado Coração de Jesus, em Petrópolis, na terça-feira, dia 13 de agosto, nos seguintes horários e locais: às 19h30, no Santuário Nossa Senhora Aparecida, em Blumenau, SC; às 19h, com presidência do Bispo Diocesano, Dom José Negri; às 15h, no Convento São Francisco, em São Paulo, SP.
Homilia de Frei Gustavo Medella
Estimados irmãos, estimadas irmãs, eu nunca tive a responsabilidade de dar voz a tanta gente ao mesmo tempo. A todos que estão nesta igreja e a outros tantos que não puderam vir, mas nutrem imenso carinho pelo Frei José Luiz. De antemão já tenho consciência de que não vou conseguir traduzir por palavras tudo aquilo que estamos sentindo e vivendo hoje, nem tampouco conseguir expressar tudo o que Frei José Luiz significou na vida de cada um de nós e na história dos lugares por onde passou. O músico, o regente, o educador, o pastor, o frade menor, o homem apaixonado por Cristo, o tio, primo, irmão que foi Frei José Luiz.
Quando ele me convidou para ser o pregador da celebração de seus 50 anos de padre em Petrópolis, ao final de 2011, logo me disse: “Medella, por favor, não quero que você fique me elogiando, jogando confetes em mim. Fale da beleza e da importância do sacerdócio”. E eu argumentei dizendo: “Frei, as virtudes não existem no vácuo, mas são encarnadas em pessoas, de maneira que, ao falar de uma pessoa, necessariamente temos de falar também de suas virtudes. E assim o fiz naquela celebração.
E, de todas as virtudes que destaquei na ocasião, gostaria de apresentar uma em especial, que tem profunda relação ao momento que estamos vivendo hoje: “A capacidade que Frei José Luiz tinha para reencantar sua vida e sua missão”. No tempo em que estávamos no Coral dos Canarinhos, com frequência comentávamos entre nós: “Não sei o que vai ser do Frei José Luiz depois que deixar o trabalho nos Canarinhos, pois este é o sentido de sua vida”. E eis que, surpreendentemente, ao deixar o serviço, por inciativa própria, no ano 2000, Frei José Luiz, transferido para Pato Branco, PR, permaneceu com o mesmo entusiasmo que o movia quando à frente dos Canarinhos.
E assim foi em suas outras transferências, para as cidades catarinenses de Rodeio, Ituporanga e Blumenau, permanecendo três anos em cada uma delas e, aqui em Blumenau, completaria seu quarto ano ao final de 2013. Sempre que encontrávamos o Frei e perguntávamos como ele estava a resposta era: “Olha, estou muito bem! Feliz e realizado com o que faço, muito contente com o convívio com os confrades e com o povo”. Ora, alguém que se mostrou tão aberto a mudanças e positivo diante dos desafios da vida, como não vai se portar nesta última e definitiva mudança para entrar na Glória de Deus?
Depois de 28 anos em Petrópolis, Frei José Luiz aceitou o desafio e foi para Pato Branco. Mais três anos, com alegria, de Pato Branco para Rodeio. Em seguida, de Rodeio para Ituporanga e, depois, de Ituporanga para Blumenau. Agora, por último e em definitivo, vai de Blumenau para o céu. Só pode estar exultante de alegria.
Mais de uma vez eu vi Frei José Luiz dizer: “Se o Pai Eterno quiser me levar, posso dizer que vou muito feliz, pois sou um homem realizado”. E, dizia, ainda, que sonhava com sua entrada na glória dos céus, ao som de um belíssimo coro com uma afinada orquestra tocando o “Glória” da Missa da Coroação de Nossa Senhora, de Mozart, ou a marcha Tannhäuser, de Wagner, já que o Frei tinha um estilo meio marcial. Pela fé, temos a certeza de que ele já percorreu este caminho e, certamente, já tenha recebido do maestro da corte celeste a batuta para reger este esplendoroso grupo musical.
Sempre que nos apresentávamos com os Canarinhos, Frei José Luiz tinha uma tática: depois do último número, agradecia os aplausos e se recolhia para um lugar escondido da plateia. Se as palmas continuassem, voltava para um segundo agradecimento. Caso ainda permanecesse, ele vinha e apresentava um número extra para o público. Gostava de aplausos. Todo artista gosta. E é por isso que, celebrando esta despedida, não poderíamos escolher outra homenagem para ele, nosso mestre, nosso maestro. Ao Frei José Luiz queremos, com carinho, oferecer nosso aplauso de pé.
As fotos são da diocese de Blumenau. Veja mais fotos no link:
http://www.diocesedeblumenau.org.br/detalhe_01200.php?cod_select=501#46