Notícias - Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil - OFM

Convento Santo Antônio reabre com 19 celas

22/07/2013

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Foto Moacir Beggo

Moacir Beggo

Rio de Janeiro (RJ) – Depois de meses de instabilidade, o guardião do histórico Convento Santo Antônio do Largo da Carioca, no Rio de Janeiro, chegou a perder o sono com a possibilidade de não ter uma parte dos quartos reformados  para acolher os frades que pediram hospedagem por ocasião da Jornada Mundial da Juventude. Mas, às vésperas deste grande evento, Frei Ivo Müller respira aliviado por oferecer 19 quartos novos, dos quais um é suite, no segundo andar do convento.

O Convento e a Igreja da Ordem Terceira foram indicados pela Ordem dos Frades Menores e pela Província da Imaculada Conceição como ponto central dos franciscanos durante a Jornada Mundial. Desde então, o guardião e a equipe responsável pela coordenação do Espaço Franciscano têm trabalhado para oferecer um local agradável e com o que é próprio do carisma franciscano.

quartoMas, quando terminar a Jornada, os frades que compõem a Fraternidade do Largo da Carioca não poderão se mudar para os novos quartos. Ainda ficará pendente uma parte de duas alas do segundo andar do convento e a conclusão das obras do primeiro andar. “Isso porque ainda falta instalar o sistema de ar condicionado central, que ficará fora do convento, e vai refrigerar todos os ambientes. Só depois destas obras em cada quarto é que haverá condições de mudanças”, explica Frei Ivo, esperando que os recursos sejam liberados para finalizar as obras do claustro e da igreja até 2014. “O problema é que nós dependemos da liberação de recursos dos patrocinadores, especialmente da Petrobrás e do BNDES, para terminar  as obras “, acrescenta o guardião.

Dividida em quatro fases, as obras foram iniciadas em 2007. Esta terceira fase será concluída no próximo ano e prevê a restauração da nave, do claustro, das celas e das capelas. Esta etapa está sendo feita pelo Centro de Projetos Culturais (Cepac), de acordo o Iphan. Na quarta fase, serão restaurados o cemitério, os jardins e as lojas. As obras incluem a troca dos dois elevadores antigos e a instalação de mais dois elevadores panorâmicos. O projeto é patrocinado ainda pela Vale, Grupo Multiplan, Icatu Holding e ABC/Africa Publicidade.

Frei Ivo Müller, guardião do Convento Santo Antônio

Frei Ivo Müller, guardião do Convento Santo Antônio

Nesse tempo de restauro, foram várias as surpresas dos arquitetos, como os três antigos confessionários encontrados atrás das paredes que datam da época da conclusão da construção (1618) e haviam sido cobertos por concreto numa das muitas reformas feitas no templo. Segundo os responsáveis pelo projeto, trata-se dos confessionários mais antigos do Brasil, já que, até então, só havia registro de peças semelhantes no Convento de Santa Teresa D’Ávila, em Salvador. As descobertas vão além: as equipes também acharam dois coruchéus (remate de uma coluna em forma de pirâmide) e o óculo (abertura para a entrada de luz) original da fachada, que permitirão a reconstituição do formato do antigo frontão do período colonial.

A pedra fundamental do Convento foi colocada em 1608 e o prédio foi tombado pelo Iphan em 1938. Situa-se na parte remanescente do Morro de Santo Antônio, voltado para o Largo da Carioca, e está em posição de destaque na área central do Rio de Janeiro. Ao lado da catedral, o mosteiro ou propriamente dito, o Convento de Santo Antônio é um dos cartões postais da cidade do Rio de Janeiro, sendo também um dos monumentos mais frequentados devido aos inúmeros serviços religiosos prestados pelos frades da Ordem dos Frades Menores da Província da Imaculada Conceição.

É por causa dessa tradição que a Fraternidade local disse “não” à empresa do restauro quando esta propôs que os frades fossem morar em hotel ou em outro convento para que não fossem perturbados pelo barulho e pela poeira. Segundo Frei Ivo, “nós ficamos aqui para atender os nossos fiéis e nas condições que dispunham naquele momento, de instabilidade, de insegurança, como se fosse a igrejinha de São Damião sendo reconstruída. O nosso coração está aqui para atender esse povo e não podíamos sair”, enfatizou o guardião.

Para Frei Ivo, a experiência de estar à frente do restauro deste importante convento é a mais desafiadora de sua vida. “Eu sai da Baixada Fluminense, onde fazia mutirões, campanhas e festas para arrecadar fundos visando à construção de uma obra. Aqui, a gente tem previsão de recursos através da Lei Rounet (incentivo à cultura), mas sofre com um processo lento e desgastante. Temos de conviver o tempo todo com a sensação de itinerância dentro do próprio espaço. A gente está instalado no quarto, de repente tem que mudar. O Frei Olavo Seifert, de 94 anos, chegou a afirmar: ‘foi o tempo que mais eu tive transferências’, disse uma vez referindo-se às mudanças de quarto”, conta o guardião.

“E mesmo com todas essas obras, o povo não deixa de nos procurar. O santo padroeiro é forte!”, completa Frei Ivo.