Notícias - Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil - OFM

Aos 89 anos, falece Frei Cláudio Guski em Bragança Paulista

25/07/2023

Notícias

Faleceu, nesta madrugada, Frei Cláudio (89 anos) durante um dos procedimentos do tratamento de hemodiálise no hospital de Bragança Paulista (SP).

A Fraternidade São Francisco de Assis, de Bragança Paulista (SP), comunica que celebrará em comunidade os ritos de encomendação, às 14h, e o enterro acontecerá às 17h, no jazigo da Província, no Cemitério do Santíssimo Sacramento, em São Paulo (SP).

HISTÓRICO

Nascimento: 10/11/1933 (89 anos)
Natural de: Allenstein, Alemanha
Chegada ao Brasil: 24/10/1954
Vestição: 21/12/1955
Primeira Profissão: 22/12/1956 (66 anos)
Profissão Solene: 22/12/1959
Ordenação Presbiteral: 15/12/1961 (61 anos)

1956 – Fraternidade São Francisco de Assis (Rodeio, SC), como noviço.
1957-1958 – Fraternidade Bom Jesus dos Perdões (Curitiba, PR), como estudante de Filosofia.
1959-1962 – Fraternidade Sagrado Coração de Jesus (Petrópolis, RJ), como estudante de Teologia.
1963 – Fraternidade Santo Antônio (Rio de Janeiro, RJ), para fazer o Curso de Teologia Pastoral.
1964-1965 – Fraternidade São José (Guaratinguetá, SP), como professor.
1966-1970 – Fraternidade do Seminário Santo Antônio (Agudos, SP), como professor.
1971-1972 – Fraternidade Bom Jesus dos Perdões (Curitiba, PR), como vigário da Casa e vigário paroquial.
1973-1976 – Fraternidade São Francisco (São Paulo, SP), como animador provincial das Vocações.
1977-1978 – Fraternidade Nossa Senhora da Paz (Rio de Janeiro, RJ), como vigário paroquial.
1979-1982 – Fraternidade São José (Guaratinguetá, SP), como diretor, orientador e guardião.
1983-1987 – Fraternidade Bom Jesus dos Aflitos (Sorocaba, SP), como vigário paroquial.
1988 – Fraternidade São Francisco (São Paulo, SP), como vigário paroquial.
1989 – Fraternidade São Lourenço (São Lourenço, MG), como guardião e pároco.
1990-1994 – Fraternidade Porciúncula de Santana (Niterói, RJ), como vigário paroquial.
1995-1997 – Fraternidade Divino Espírito Santo (Vila Velha, ES), como vigário paroquial.
1998-2003 – Fraternidade Nossa Senhora da Penha (Vila Velha, ES), como atendente conventual.
2004-2009 – Fraternidade Santo Antônio (Rio de Janeiro, RJ), como atendente conventual.
2010- 2018 – Fraternidade Nossa Senhora da Penha (Vila Velha, ES), como atendente conventual.
2019-2021 – Fraternidade Divino Espírito Santo (Vila Velha, ES), como atendente conventual.
2022-2023 – Fraternidade São Francisco de Assis (Bragança Paulista, SP), para tratamento.

O FRADE MENOR

Frei Claudius, ou Cláudio como o chamavam também, nasceu na cidade de Allenstein, na Alemanha, no dia 10 de novembro de 1933. Ainda era criança quando, em 1939, eclodiu a Segunda Guerra Mundial, fato que, segundo ele, marcou muito a sua vida. Seus pais, Bruno Guski e Maria Borchert, são falecidos e eram, segundo Frei Claudius, “profundamente religiosos”, que o influenciaram na sua vocação. O pai era professor e a mãe doméstica, e tiveram três filhos. Frei Claudius é o filho mais novo deles, sendo que o irmão mais velho é falecido. A irmã reside na Alemanha. “Minha mãe era uma artista na cozinha e ainda costurava. Sempre frequentávamos a igreja, mas era preciso andar aproximadamente quatro quilômetros para chegar lá. Tive uma tia, já falecida, que também virou freira”, contou. Sobre a família, mantinha contato constante com a irmã e os sobrinhos por e-mail e Skype.

“Meu pai era professor e líder católico da comunidade. Foi visitado várias vezes pelos comandantes nazistas para que assumisse a ideologia. Foi preso por resistir aos nazistas, mas sobreviveu”, contou o frade.

Quando a guerra acabou em 1945, o frade tinha 12 anos, mas mesmo assim recordava de situações marcantes, como a ocupação soviética e polonesa da cidade.

“Em parte os soviéticos se vingaram do povo porque a Alemanha havia invadido o território deles. Estávamos sempre em perigo, em estado de assalto, principalmente as mulheres, que corriam um risco especial”, disse, referindo-se aos estupros que muitas sofriam. Frei Claudius deu esses depoimentos ao jornal “A Tribuna” de Vitória, quando residia no Convento da Penha.

Segundo Frei Claudius, não vivia como criança, já que não havia brincadeira. Ele trabalhava no campo colhendo trigo ou cuidando do gado. Certa vez, quando foi levar os animais para Polônia, quase virou prisioneiro junto com o irmão e outras crianças. “Íamos com o gado dentro do trem, como presos. Ao atravessar uma valeta, fizemos um sinal e pulamos. Aproveitamos a mata e voltamos a pé para casa. Eles ainda atiraram atrás de nós”, contou.

No período em que foi expulso da terra natal e viveu na Alemanha Oriental, que era comunista, ficou abrigado com a família em um salão de baile e depois em quarto de família. Passar fome era comum. “Fomos expulsos da Prússia e mandados para Berlim, na parte comunista. Eram muitos refugiados e só tínhamos uma sopa aguada, que não dava para sobreviver”, recordou o frade.

Frei Claudius disse que seus pais ficaram muito felizes quando souberam que ele queria ir para o seminário e para as missões no Brasil. Ingressou nos Seminários da Alemanha, Holanda e Bélgica antes de viajar para o Brasil como missionário.

Tinha 21 anos e veio com um grupo de oito estudantes missionários quando iniciou os estudos no Brasil para a vida religiosa franciscana. “A gente não tinha muito conhecimento do país. Sabia que era grande e bonito. Ficava impressionado pois os missionários franciscanos falavam da falta de padres aqui na época. Fiz uma viagem de 16 dias em um navio argentino para chegar a Santos, no Brasil. Foi horrível porque me senti muito mal”, recordou.

Frei Claudius cursou o último ano do Colegial, como se chamava na época o Ensino Médio e, em seguida, foi para o Noviciado de Rodeio em 1956 e foi ordenado presbítero em 1961.

Como religioso franciscano viveu mais tempo em Vila Velha, nas duas Fraternidades da Província: de 1995 a 2003 e de 2010 em diante, sendo transferido para tratamento em Bragança Paulista no ano passado.

Gostava de fazer a leitura nos sites para se manter “bem atualizado” e também lia muito para, segundo ele, “treinar o meu alemão”. Na sua autobiografia, define-se como pontos positivos de sua personalidade: firmeza, compreensão, respeito, mas se cobrava para doar mais. Conhecia muitos frades que os acompanhou enquanto foi procurador vocacional. E sempre que os encontrava não escondia a alegria.

Que este confrade, pela misericórdia de Deus, descanse em paz!