Notícias - Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil - OFM

Carisma, comunhão e missão: caminhos para a conversão missionária

02/05/2024

Notícias

Temas como carisma, futuro e caminho sinodal estavam entre os pontos abordados na palestra da manhã e no primeiro momento formativo (29/04) da etapa provincial do Capítulo Geral das Esteiras, que está sendo realizado em Agudos (SP).

Após a Santa Missa abertura das atividades os frades, religiosas e leigos foram para um dos salões do Seminário Santo Antônio, onde foram acolhidos pelo Vigário provincial, Frei Gustavo Wayand Medella e acompanharam um vídeo de saudação enviado pelo Definidor geral Frei César Külkamp.

Em sua mensagem, ele explicou que o Capítulo Geral das Esteiras está sendo realizado pelo mundo inteiro como um pedido que vem da própria Igreja e do Capítulo Geral 2021, para que todos possam viver os anos jubilares que estão sendo celebrados por toda a Família Franciscana desde o ano passado, com o centenário da aprovação da Regra e da criação do Presépio; este ano, da impressão dos Estigmas; no ano que vem, da composição do Cântico das Criaturas; e, por fim, com o feliz trânsito de nosso Pai Francisco em 2026.

“Somos agradecidos por esta preciosa herança, mas não podemos celebrar tudo isso apenas como realidade do passado. A memória agradecida nos leva a uma real e profunda revisão do nosso caminho hoje, no tempo, no mundo e na história. Deve apontar para um futuro renovado para toda a Ordem e a Família Franciscana”, salientou.

Frei César também destacou em sua mensagem a importância do caminho sinodal, grande inspiração na celebração do Capítulo Geral das Esteiras em três eixos ou chaves. Ele elencou três aspectos relevantes para esse momento: o Carisma e seu significado hoje e a renovação de nossa visão (reafirmar a sua força e atualidade); a Comunhão como convite a caminhar segundo um estilo próprio (fraternidade e minoridade); e a Missão como anúncio e testemunho.

O definidor ainda destacou a atitude importante de não ter receio de olhar para sombras e contratestemunhos nas fraternidades e presenças evangelizadoras que precisam de conversão. Ele deixou duas perguntas: “Neste mundo de tantas tendências, direções e fórmulas, percebemos o nosso carisma, com todas as provocações que ele traz, como referência direta para a nossa vida e a nossa missão? Ou seja, buscamos a vida segundo o Evangelho, como irmãos e menores, contemplativos e em missão?”.

No decorrer de sua fala o Definidor geral também mencionou a pluralidade do carisma franciscano num pensamento mais globalizado, considerando as fraternidades localizadas em outras partes do mundo. Assim como também falou do compromisso com a mudança das estruturas da Ordem. A Ordem passa hoje por uma revisão de sua estrutura, dividida em Províncias, Custódias e Conferências. Vemos a necessidade de maior interconexão nas nossas estruturas e na nossa animação fraterna, para superar as tendências de autoconservação institucional.

Como sinal de futuro, destacou a presença dos leigos e das mulheres, mais atuantes nas comunidades. “Por isso, a Igreja e a Ordem falam de uma necessidade de conversão missionária”.

“Por isso, o Capítulo das Esteiras, celebrado agora nas Províncias e Conferências e, no próximo ano, com toda a Ordem, quer contar com esta participação dos irmãos e irmãs, daqueles que compartilham a nossa vida e a nossa missão. Juntos queremos rever nossas Províncias e a nossa Ordem”, afirmou.

Ainda no período da manhã, os participantes do Capítulo acompanharam uma palestra com Frei Vitorio Mazzuco Filho, da Fraternidade Franciscana Frei Leão, de Itatiba (SP).  O frade abordou o tema: “Os jubileus franciscanos como oportunidade de qualificação de nosso testemunho hoje”.

Frei Vitorio iniciou a palestra com uma provocação à Família Franciscana e a sua identidade. “Não podemos usar São Francisco dentro de um sistema autoritário, nem dentro de um estereótipo. Se nós estamos aqui, temos que brilhar com o brilho do nosso carisma”.

Segundo ele, São Francisco não é um santo do passado, pois nos impulsiona para frente. “Sua fala ainda continua muito viva nos seus escritos. Cada um que está aqui tem sua história comprometida com a dimensão franciscana”.

A partir de sete pontos de reflexão, o frade abordou elementos de referência que marcam a história e as características de São Francisco, bem como sua entrega a Deus de tamanha grandeza que marcou seu corpo com os estigmas.

“A grande importância da vivência da Família Franciscana aqui nas Esteiras, é que nós temos um espírito comum. O que une as pessoas, une os povos é ter um espirito comum. O conflito que estamos assistindo entre judeus e árabes não existiria se eles vivessem a ancestralidade de uma consanguinidade espiritual que eles têm. Eles têm um espírito comum, mas nunca sentaram à mesa para falar sobre isso”, salientou.

De acordo com ele, a grande expressividade da Família Franciscana dialoga no espírito comum, porque tem uma forma de vida comum, uma Regra Bulada, que foi aprovada em 1223, que gerou uma grande número de regras, instituições, estatutos, regimentos internos, pois a regra garante carisma. “Por isso que quando a Família Franciscana e Clariana se juntam, se entendem”, afirmou.

O frade explicou que, dentro da forma de vida franciscana também está a formação. “Esses momentos são importantes para lembrar as nossas origens, conforme solicitado pelo Capitulo Geral 2021. Temos que falar daquilo que é próprio nosso”.

Trabalho em grupo

Embasados pela fala do Frei Vitório e Frei César, os participantes do Capitulo das Esteiras participaram de uma atividade em grupo no período da tarde. Frei Gustavo Wayand Medella contextualizou a proposta do evento e, em seguida, foram formadas 13 equipes, cada uma com suas lideranças para debaterem sobre temáticas que serão abordadas no documento que posteriormente será gerado para o Capítulo Geral das Esteiras, em 2025.


Adriana Rabelo