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Capuchinhos: “Se não amarmos, não somos cristãos”

02/02/2018

Notícias

Lima – No penúltimo dia da ALAC, a Assembleia dos Capuchinhos da América Latina e Caribe, muito se falou sobre missão. Os capuchinhos são conhecidos por serem missionários, mas, segundo Frei Hugo Mejía, conselheiro geral, “é difícil dizer que, hoje, a missão está no coração da Ordem”.

Sem amor não há cristão
Frei David Joseph Baumont, Custódio dos capuchinhos do norte do México, é missionário há quase trinta anos e apresentou inspiradoras e diferentes realidades de missão que viveu, e vive hoje, no México. Segundo Frei David, a Igreja nasceu com a missão, através do envio dos apóstolos, e por isso os frades precisam ser missionários porque a missão é uma troca de experiências e, acima de tudo, uma troca de amor: “se temos amor precisamos compartilhá-lo. Se não amamos não somos cristãos”, provocou.

Adaptar-se às culturas
Para Frei David, os capuchinhos precisam estar sensíveis às diferenças culturais e isso demanda tempo. Ele pediu aos frades que tenham mais atenção com as crianças, pois, através delas, a missão pode ter efeitos concretos se trabalhadas, desde cedo, temáticas que já estão enraizadas nos pequenos – como problemas com alcoolismo ou drogas na família. Segundo ele, só conseguiremos respostas para a vida se houver uma adaptação às culturas, pois “os povos são variados, as culturas são variadas e assim as respostas também são variadas”.

Após a fala de Frei David, os frades se reuniram em grupos para responder a três questões: Os irmãos de minha província ou custódia estão cativados com o fogo do amor de Deus para a missão? Quais são os maiores obstáculos a serem superados para lançar uma nova evangelização com um espírito verdadeiramente missionário a partir de nossa província ou custódia? Que elementos podem dar nova vida e paixão para a vivência de nossa missão como frades capuchinhos na América Latina e Caribe?

Eles são os que valem a pena
“Estou convencido que mesmo com as dificuldades precisamos estar na missão, e não porque somos uma Ordem missionária, não pela história que construímos, mas pelas pessoas que Frei Davi nos mostrou. Eles são a nossa missão, eles são os que valem a pena nosso sacrifício, nosso tempo, nossa vida, as enfermidades que podemos ter”, disse Frei Hugo e pediu aos superiores um esforço mais sério para o de missionários.

Olhar os jovens como irmãos
Frei Juan Pablo Lobos, da Guatemala, chamou atenção para a participação dos jovens e que muitas vezes são eles os responsáveis “por propor novas formas de missão, pois eles têm um olfato aguçado para o que é novo”.

Quero missão, mas não quero ir
O Custódio dos capuchinhos do Amazonas e Roraima, Frei Carlo María Chistolini, exemplificando sua missão na Amazônia, falou sobre a dificuldade que muitos frades têm em se desprender do conforto de lugares que já conhecem para “arriscar-se” em uma nova realidade desconhecida. Como solução apontou que a formação inicial deve dar conta de despertar, desde cedo, o ardor missionário nos jovens frades, e a oportunidade de conhecer aquilo que os grandes missionários conheceram e sentiram.

Não buscamos a nossa origem
Frei Clézio Menezes, Provincial da região central do Brasil, disse que geralmente as nossas origens são desconhecidas. A missão seria a oportunidade de conhecer as tradições mais antigas do nosso povo: indígenas, quilombolas, entre outros. Ele ainda comentou que é preciso que os formadores de jovens frades incentivem essa busca, desde os primeiros anos da caminhada desses jovens na vida capuchinha.

A teoria e a prática da missão
O evangelho proclamado na eucaristia desta manhã, presidida por Frei José Ángel Torres (presidente da Conferência dos Capuchinhos da América Central, Caribe e México), narra o envio que Jesus faz aos seus discípulos. Segundo o porto-riquenho, os discípulos enviados por Jesus não anunciam uma teoria, mas testemunham a prática que aprenderam ao lado do Mestre. Foi esta passagem que incentivou Francisco de Assis, há mais de 800 anos, a deixar tudo para seguir Jesus pobre e, por isso, esse texto deve continuar inspirando os frades em sua vocação.
A ALAC termina amanhã, com a esperança de que se apontem caminhos concretos para as problemáticas levantadas durante esta semana.

Fonte: Capuchinhos do Brasil /CCB
Por Paulo Henrique (Assessoria de Comunicação, Lima, Peru)