Petrópolis (RJ) – Nas comemorações dos 800 anos do Presépio de Greccio, o Instituto dos Meninos Cantores de Petrópolis (IMCP) realizou seu Concerto especial de Natal no dia r8 de dezembro, às 19h30, na Igreja do Sagrado, dia da Imaculada Conceição, Padroeira de nossa Província.

Junto de todas as ações da Família Franciscana, que tem celebrado esse jubileu de muitas formas, também o IMCP prestou sua homenagem a esta tão importante dimensão da espiritualidade cristã: o Presépio! E o fez com aquilo que o Instituto tem de melhor: a música!

Há oito séculos, o Pobrezinho de Assis, movido pela paixão ao Menino Deus, buscou reavivar nos corações dos homens e mulheres esse amor puro e terno e quis fazer de uma gruta no vilarejo italiano de Greccio uma nova Belém! Para narrar esse momento que entrou para a história, o Coral dos Canarinhos e o Coral das Meninas dos Canarinhos, regidos pelo Maestro e Diretor Artístico do IMCP, Marco Aurélio Lischt, usaram no Concerto o texto mais antigo do relato do Presépio: o Capítulo XXX da Primeira Vida de São Francisco, escrita pelo frade italiano, Tomás de Celano. O texto foi lido pelo Presidente do IMCP e Definidor Provincial, Frei Marcos Antonio de Andrade.

Com Igreja do Sagrado na penumbra, os coralistas iniciaram o Concerto entrando em procissão pelo corredor central cantando “Hodie Christus natus est” (Hoje o Cristo nasceu) do compositor britânico Benjamin Britten, esta e algumas outras canções do espetáculo fazem parte da famosa obra “A Ceremony of Carols” deste mesmo compositor.

Após esse canto inicial, deu-se início à narrativa com um trecho do Prólogo do Evangelho de São João, que foi proclamado por Frei Marcos: “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava junto com Deus e o Verbo era Deus! E o Verbo se fez carne e habitou entre nós!” E a cada Canção executada pelos coralistas, juntamente com a profundidade do texto de Tomás de Celano, todo o público foi como que introduzido nesse Mistério fundamental de nossa fé: a Encarnação de nosso Senhor!

E os Canarinhos não só cantaram, eles foram dando vida ao texto de Tomás de Celano. As figuras presentes no texto foram tomando lugar no espetáculo: Francisco, seus confrades, o boi, o burro, a manjedoura, José, Maria, os pastores e as luzes da Árvore. Desse modo, a Igreja do Sagrado tornou-se uma nova Greccio, ou melhor, uma nova Belém! Assim como Greccio havia se tornado naquele Natal de 1223, segundo o desejo do próprio São Francisco. Da Manjedoura uma grande luz iluminou os coralistas, lembrando a famosa passagem da Leitura Livro do Profeta Isaías que é lida na noite de Natal: “O povo que andava na escuridão viu uma grande luz; para os que habitavam nas sombras da morte, uma luz resplandeceu” (Is 9,1).

Um dos pontos mais emocionantes do Concerto foi quando, ao som da tradicional canção “Noite Feliz”, alguns coralistas levaram um pouco de palha da manjedoura para o público que acompanhava o Concerto na Igreja. Esse gesto quis lembrar o que Celano narrou em seu escrito, dizendo que os que estavam na gruta de Greccio levaram aquele feno para seus animais e muitos foram curados e doenças! Também o público foi convidado a cantar o “Noite Feliz” junto com o Coral.

Se o desejo de São Francisco era o de reavivar no povo de seu tempo o amor e o ardor para o Menino que nasceu no meio das palhas de Belém, os Canarinhos foram exitosos nessa empreitada, pois na simplicidade e singeleza das canções e da cena recriada na Igreja do Sagrado era como se aquele Pobre Menino estivesse novamente a cativar os ouvidos e corações de todos para a sua mensagem de Esperança e de Fé, tão cruciais para os nossos tempos.

Em sua última fala, Frei Marcos assim disse: “E agora? Agora, somos nós os convidados a acolher em nossos corações e em nossas vidas o mesmo Senhor que insiste em nascer para nos salvar. Que nossos lares e nossas famílias se tornem Greccio, ou seja: Belém! E que o Salvador encontre amor e acolhida entre nós! Vem Senhor… estamos prontos! Amém, Aleluia!”

Neste instante, as luzes de toda Igreja foram acesas e ao som da canção “Deo Gratias”, também de Benjamin Britten, os coralistas exultaram na alegria do Natal do Senhor. Para encerrar, saíram em procissão pelo corredor central cantando novamente o “Hodie Christus Natus est”. Sim, pois aos presentes na Igreja do Sagrado e aos que acompanharam pelas redes sociais dos Canarinhos e da Província Franciscana este Concerto de Natal, o sentimento que irrompeu é o mesmo expresso nesta canção: o Cristo nasceu e está no meio de nós!

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Frei João Manoel Zechinatto