Argentina: Frei Mamerto Esquiú será beatificado em 4 de setembro
31/08/2021
Um homem que “sabia como responder aos desafios de seu tempo”. Com estas palavras o ministro da Província franciscana da Assunção da Bem-aventurada Virgem do Rio da Prata, na Argentina, Frei Emilio Andrada, define a principal característica de seu confrade, Frei Mamerto Esquiú (1826- 1883), que será beatificado no próximo sábado, 4 de setembro. A cerimônia terá lugar na esplanada da Igreja de “San José de Piedra Blanca”, em Catamarca.
“A fraternidade e minoridade são traços distintivos da espiritualidade franciscana – explica o ministro provincial -. Frei Mamerto Esquiú se distinguiu em ambos os aspectos: no primeiro, porque foi um protagonista ativo da restauração da vida comunitária dos franciscanos de seu tempo; na minoridade, porque quando a fama o fez correr o risco de ficar ‘confortável’ na sociedade de seu tempo, fugiu e preferiu uma vida de oração, estudo e missão em Tarija, na Bolívia, por cinco anos”.
Ao mesmo tempo, acrescenta Frei Emilio, Frei Mamerto sabia enfrentar os desafios de sua época e não tinha o temor de “dizer aos dirigentes do país o que era mais apropriado fazer”, em um período histórico em que a Argentina havia conquistado recentemente sua independência.
“Foi obediente à Ordem e filho fiel da Igreja”, continua o ministro provincial, fala de alguns pormenores da beatificação: “Na nossa igreja de ‘San Francisco de Catamarca’, onde será abençoado um altar em honra a Frei ‘Esquiú, também será colocada uma relíquia formada por uma partícula de seu coração.”
Trata-se de um fragmento particularmente precioso, porque a relíquia inteira do coração foi roubada e nunca mais encontrada. Aquilo que resta, portanto, é somente esta pequena partícula. Por fim, Frei Andrada reitera desde já o compromisso da Ordem Franciscana de trabalhar pela canonização do falecido confrade, que foi “um de nós e nos mostrou um caminho válido para alcançar a santidade”.
Nascido em 11 de maio de 1826 em San José de Piedra Blanca, Mamerto de la Ascensión Esquiú recebeu a fé e a devoção a São Francisco de Assis desde os 5 anos, graças aos ensinamentos maternos. Ingressou na Ordem dos Frades Menores e em 31 de maio de 1836 iniciou os estudos e o noviciado no convento franciscano de Catamarca. Em 1842 emitiu a profissão solene na Ordem, sendo ordenado sacerdote em 18 de outubro de 1848.
Após uma breve experiência no mundo da escola, trabalhou no âmbito da concórdia social e da unidade do povo argentino nos difíceis anos da guerra que, em pleno ano de 1800, levou à formação do país moderno. É famoso seu sermão proferido durante a celebração do “Juramento da Constituição” em 9 de julho de 1853, centrado na oração pela união de todo o povo argentino, que o presidente Justo José de Urquizalodò mandou imprimir e distribuir em todo o país.
Em seu ministério, o religioso se destacou por sua doutrina e autoridade, propondo a santidade como coração da vida sacerdotal e do compromisso cristão. Fundamento de sua extraordinária atividade pastoral é a intensa vida de oração e união com Cristo.
Nomeado bispo de Córdoba em 1880, faleceu em 10 de janeiro de 1883, provado pelo desgaste e fadiga. Foi declarado Venerável em 2006, enquanto em 19 de junho de 2020 o Papa Francisco autorizou a Congregação para as Causas dos Santos a promulgar o decreto sobre um milagre atribuído à sua intercessão, dando assim o nulla osta para sua futura beatificação. O milagre ocorreu na Diocese de Tucumán, Argentina, em 2016, em uma menina com grave osteomielite do fêmur.
E será o arcebispo emérito de Tucumán, cardeal Luis Héctor Villalba, a presidir a cerimônia de beatificação no próximo sábado. Para o dia seguinte, estão previstas duas Missas de Ação de Graças: a primeira na Basílica de Catamarca, presidida pelo bispo local, Dom Luis Urbanc, enquanto a segunda será na Catedral de Córdoba.
A recordar que no dia 10 de janeiro a Diocese de Catamarca inaugurou um ano especial dedicado a frei Mamerto. A data foi escolhida para comemorar o 138º aniversário da morte do religioso.
Fonte: Vatican News (texto de Isabella Piro )