Notícias - Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil - OFM

Ano Franciscano da Paróquia Nossa Senhora da Conceição Aparecida de Nilópolis

Irmãs e irmãos, Paz e bem!
Nossa Paróquia fundada e erguida pelo povo sob a orientação espiritual dos Frades Menores da Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil, tem por isso, o que poderíamos afirmar ser um DNA Franciscano. A partir do amor que Deus demonstra por todas as suas criaturas, São Francisco iniciou um movimento que tinha como cerne principal a paixão por um Cristo nu. Um Cristo com a cara e o jeito do povo pobre de Nazaré.

Por vezes, as instituições precisam refletir sobre sua forma de ação na comunidade a qual pertencem, lançando luz sobre os porquês de sua criação. Assim é o caso de nossa Paróquia. Temos que ter assinalado em nossos corações que somos uma comunidade construída a partir do carisma franciscano. Este seria como diria Santa Clara nosso “ponto de partida”.

Este ano de 2020 decidimos, então refletir sobre o que é ter este ideário como forma principal de ação em todas as nossas atividades. Desta forma, três perguntas devem ser respondidas durante este ano que se inicia hoje: a primeira é de onde viemos? Ou seja, que ideias foram as motoras de nosso início? A segunda é será que estamos sendo coerentes agora? Isto é, será que realmente abraçamos as propostas do carisma que a paróquia escolheu? E por último, o que vamos fazer para que este ideário seja nossa identidade?

Diante desses questionamentos a comissão que está pensando este ano escolheu como eixos temáticos Justiça, Paz e Integridade da Criação. Sendo assim, iremos durante este ano meditar sobre como uma igreja cristã franciscana vislumbra estes temas.

Destarte algumas ideias iniciais já nos vêm em mente. Para a concretização deste ideal devemos ser uma paróquia que luta pela justiça. Uma justiça que não pode deixar de ser misericordiosa. Segundo o Papa Francisco, “A injustiça e a falta de oportunidades tangíveis e concretas são também uma forma de gerar violência: silenciosa, mas violência.”

Não podemos fechar nossos olhos diante da falta de oportunidades e equidade social. Não devem ficar sem resposta as diferenças entre o tratamento dado a idosos, crianças e doentes, entre outros grupos, em municípios como o nosso e em lugares onde a população tem maior renda. Como Povo de Deus temos que nos posicionar.

Ainda a partir da fala do Papa Francisco se não buscamos a solidariedade e a justiça não teremos paz. Para ilustrar devemos lembrar aqui de duas passagens da Vida de São Francisco.

A primeira a do Lobo de Gubbio, onde Francisco faz um acordo entre uma fera e os cidadãos, a fim de que pudessem viver em paz.

A segunda seria a dos frades que atacados na estrada por um grupo de ladrões foram orientados a servirem refeições a estes meliantes, que por isso tornaram-se amigos, inclusive gerando uma vocação para a fraternidade que vivia no convento que tinha os irmãos atacados.

Não falamos aqui de sermos piegas e defendermos a criminalidade. Falamos de buscar entender e combater os processos diabólicos que levam as pessoas a cometerem crimes ou desvios que prejudicam a comunidade. Nossas reflexões, celebrações, orações e outras atividades devem primar para alcançar a alma e o coração de todos os irmãos da grande fraternidade universal, criatura de nosso Deus.

E isto nos leva ao último tema que será trabalhado. Nossa Paróquia Franciscana deve cuidar da Casa Comum. Deve tratar da conscientização de nossa responsabilidade sobre tudo que torna a vida insustentável. Lembremos que os limites de nossa cidade são dois rios poluídos. Além disso, nosso povo não cuida de seu lixo de forma correta. Nisso e em outras temáticas relacionadas, principalmente a Encíclica Laudato Si’, também temos que ser luz.

Por isso, toda a simbologia franciscana é importante. Seu maior exemplo é o tau, que é o sinal do compromisso que o cristão tem com o projeto do Senhor. Sendo assim, ele mais do que ser um símbolo mágico de proteção, ou seja, algo que tem um efeito idêntico a um patuá, torna-se um sinal que nos faz avançar. Nos faz sentir que temos que dar uma contribuição mais qualificada aos necessitados e injustiçados, ou seja, aos excluídos. Ele é a marca que nos faz diferentes, engajados e fraternos. Sentimos todos que ele faz falta em nossas comunidades, porém se ele estiver afixado em local de destaque de nada adiantará, se não representar o que fazemos na prática.

Por fim, nossa espiritualidade é marcada pelo encontro. Precisamos ser uma Igreja do encontro que abraça aos que precisam se encontrar, sejam eles um irmão ou irmã, uma comunidade ou uma cidade. Francisco e Clara significavam muito para Assis. Eram sinal de Justiça, Paz, Amor, Fraternidade e Devoção. A partir da misericórdia de Deus eles resplandeciam o que de mais belo existe na figura de nosso Pai. Por isso, a importância de um ano como esse. Um ano onde reencontraremos nossa vocação paroquial, sem títulos, sem prevalência de nenhum grupo ou comunidade, sem uma identidade mais forte que a outra. Mas sim como um farol que está sendo colocado no monte mais alto e que pode mudar a vida de
muitos como um sinal da presença do Cristo nu e pobre que encantou aos primeiros e primeiras franciscanas.
Paz e bem!


Jefferson Machado, Ordem Franciscana Secular (OFS)