Notícias - Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil - OFM

Alverne: 800 anos da doação do monte a São Francisco de Assis

08/03/2013

Notícias

Em 2009, a Ordem Franciscana celebrou 800 anos de fundação do carisma franciscano. Neste ano, ela celebra o VIII centenário da doação do Monte Alverne a São Francisco de Assis por parte do conde Orlando Catani, de Chiusi in Casentini, ocorrida em 1213, após um encontro entre os dois no Castelo de São Leo, no Montefeltro.

A história franciscana do Alverne começa no dia 8 de maio de 1213 no castelo de São Leão em Montefeltro. Celebrava-se ali a investidura na cavalaria de um filho do conde de Montefeltro. Francisco, passando por ali com Frei Leão, disse: “Vamos lá acima, à festa, porque com a ajuda de Deus faremos algum fruto espiritual” (Considerações dos estigmas 1).

 

Estigmas de Francisco, de Domenico Ghirlandaio. No fundo, o Monte Alverne

Entre os muitos nobres senhores estava lá um grande e gentil homem da Toscana, que há muito desejava ardentemente ver e ouvir Francisco pregar. Depois de ouvi-lo, pediu-lhe o favor de uma conversa para expor ao santo a situação de sua alma. No final do colóquio, o nobre conde Orlando de Chiusi no Casentino – assim ele se chamava – lhe ofereceu como presente o Monte Alverne: “Tenho na Toscana um monte devotíssimo, o qual é muito solitário e selvagem e é  muito apropriado para quem quiser fazer penitência em lugar afastado dos homens, ou para quem desejar vida solitária. Se ele te agradar, de boa vontade to darei e aos teus companheiros para a salvação de minha alma” (Considerações dos estigmas 1).

A oferta do monte Alverne encheu o coração de Francisco de muita alegria. Aceitou o presente com prudente reserva: “Senhor, quando voltardes à vossa casa, enviar-vos-ei companheiros meus e lhes mostrareis o monte, e, se lhes parecer apto à contemplação e para fazer penitência, desde já aceito a vossa caritativa oferta” (Considerações).

A doação do monte que o Senhor Orlando fez a Francisco e a seus companheiros realizou-se somente oralmente. Durante 61 anos os frades moraram ali pacificamente, fiados na palavra do doador. O presente foi ratificado pelos filhos: Orlando Júnior, Cungio, Bandino e Guilherme, a 9 de julho de 1274. O Senhor Orlando, além deste presente, fez outras doações aos frades. Mandou construir cabanas para Francisco e seus companheiros. Ajudou Francisco na construção da Igreja de Santa Maria dos Anjos entre 1216 e 1218. O ato de confirmação de seus filhos fala do amor que devotavam a São Francisco e a seu pai.

Detalhe da pintura de Domenico Ghirlandaio, acima

Orlando, o pai, passou os últimos anos de sua vida entre seus “irmãos caríssimos”. Entre eles morreu no ano de 1263 e foi sepultado em Santa Maria dos Anjos. Orlando é honrado na Ordem, com o título de beato e sua memória é feita a 30 de junho.

O Alverne correspondia ao ideal de Francisco e às suas aspirações. A vida de Francisco no Alverne é oração e ininterrupta penitência. Sente-se pobre e pecador. Voltará muitas vezes ao Alverne para encontrar paz em Deus que a situação da Ordem e o fato de estar no meio dos homens não lhe davam e entregar-se de corpo e alma à oração.

No verão de 1224, última vez que esteve no Alverne, Francisco procura um lugar ainda mais “solitário e secreto” no qual possa mais reservadamente fazer a quaresma de São Miguel Arcanjo. Com Frei Leão, durante muito tempo, busca um lugar até que encontra “um sítio secreto e bem apto para a realização de sua intenção. Chama então os frades e lhes diz: “Ide ao vosso eremitério e deixai-me aqui sozinho porque com a ajuda de Deus pretendo fazer aqui esta Quaresma sem estrépito ou perturbação da mente e por isso nenhum de vós me venha ver e não deixeis nenhum secular chegar até aqui…”

Na manhã de 14 de setembro de 1224 os céus se abrem e Cristo crucificado desce ao Monte Alverne na forma de um serafim e Francisco recebe os estigmas. Ele procura manter em segredo o dom dos estigmas, o mais que pode. Na realidade, poucos foram os afortunados que puderam contemplá-lo durante a sua vida.

Portanto, há 800 anos os Frades Menores da Toscana – região italiana situada no centro da Península – custodiam zelosamente o lugar em que o Pobrezinho de Assis recebeu de Cristo “o último sigilo”, tornando-se, com o passar do tempo, a meca das peregrinações aos santuários franciscanos.

Para recordar o encontro de São Francisco com o Conde Orlando, o município de São Leo colocou a imagem do Santo no brasão da cidade, ao que parece, caso único no mundo.

Geografia

O Alverne ergue-se majestoso no centro da Itália, num contraforte dos Apeninos toscano-romanhóis, como uma ilha que se ergue entre os montes que lhe formam como que uma coroa, na província e na diocese de Arezzo, entre os dois famosos rios: o Tibre e o Arno. A montanha do Alverne está situada a 43,42º de latitude e 0,3º de longitude com relação ao meridiano de Roma. Eleva-se até 1283 m acima do nível do mar em seu pico mais alto conhecido pelo nome de La Penna. O santuário está situado a 1128m de altura. Hoje, facilmente, se pode chegar ao Alverne através de novas estradas que saem de Casetino e do vale Tiberino, convergindo todas para o Santuário.