A despedida a Frei Agostinho Piccolo em São Paulo
01/12/2014
Érika Augusto
São Paulo (SP) – A manhã foi atípica na Paróquia de Santo Antônio do Pari. A notícia da morte súbita de Frei Agostinho Salvador Piccolo, de 84 anos, pegou a todos de surpresa. Ele faleceu no noite do dia 28 de novembro, quando estava na rodoviária, regressando para Bragança Paulista, depois de visitar amigos e familiares no Pari. Ele teve um mal súbito, foi atendido pelo SAMU e levado à Santa Casa de Misericórdia, mas não resistiu.
O corpo foi velado na igreja, que durante toda a manhã recebeu a visita de centenas de pessoas, dando seu último adeus ao frade. Frei Agostinho nasceu no bairro, e era vocação da Paróquia. Trabalhou durante muitos anos no antigo Colégio Santo Antônio do Pari, que mais tarde se tornou Bom Jesus, e também na paróquia.
Atualmente Frei Agostinho residia em Bragança Paulista, onde ajudava em diversos serviços, entre eles a visita aos doentes nos hospitais. No ano de 2014, em que a paróquia Santo Antônio do Pari celebrou seu 100° aniversário, Frei Agostinho foi presença marcante nas celebrações. Foi ele quem conduziu o tríduo do centenário, nos dias 30 e 31 de janeiro e 1° de fevereiro. Esteve presente também nas celebrações do dia 2 de fevereiro, na trezena de Santo Antônio e no dia do padroeiro. Sempre que podia o frade estava presente em sua paróquia. Na tarde do dia 28, antes de seu falecimento, Frei Agostinho esteve no bairro, visitando familiares e amigos.
A última celebração
Às 14 horas teve início a celebração de corpo presente. A missa foi presidida pelo ministro provincial, Frei Fidêncio Vanboemmel, e concelebrada pelos frades das paróquias de São Paulo, Santo Antônio do Pari, Convento São Francisco, São Francisco da Vila Clementino, e por frades de Bragança Paulista.
No início da celebração, Frei Fidêncio destacou a festa celebrada hoje, Todos os Santos da Ordem Franciscana, e exaltou os 84 anos de vida partilhada de Frei Agostinho. A igreja estava repleta de familiares, amigos e paroquianos. Todos muito emocionados, deixavam ali seu último adeus ao confrade. Muitos dos presentes foram companheiros dos tempos de Cruzada e Movimento Mariano, nos seus anos de coroinha na paróquia, outros eram antigos funcionários, pais e alunos do Colégio.
Em sua homilia, Frei Fidêncio falou brevemente sobre a vida e trabalhos de Frei Agostinho. Destacou seu imenso trabalho com a educação, nos colégios e seminário. Frei Fidêncio recordou que Frei Agostinho era o diretor do Seminário de Agudos em seu tempo de formação, e que o frade animava os jovens a buscar sua vocação franciscana. O ministro provincial agradeceu a Deus pela vida de Frei Agostinho, e à família do frade, por ter dado a todos uma pessoa tão especial. A delicadeza e o modo de ser e tratar as pessoas foi recordado, como uma grande característica.
Outros frades também falaram algumas palavras sobre Frei Agostinho. Frei Adriano Freixo, o pároco, destacou a presença de Frei Agostinho ao longo deste ano de centenário da Paróquia do Pari. “Parece que Deus esperou os 100 anos da paróquia para chamar o Frei Agostinho de volta para Ele. Justamente no ano em que nós celebramos os 100 anos de nossa paróquia, Frei Agostinho vai celebrar o Natal do Senhor face a face com Deus”, acrescentou Frei Adriano. O frade destacou ainda a presença de Frei Agostinho como pregador dos festejos do centenário, e disse que Frei Agostinho estava feliz, caminhando com a paróquia mesmo estando distante. O pároco disse ainda que leva com ele a imagem da cordialidade do frade. “O Frei Agostinho transparecia a bondade em suas relações, ele era uma pessoa boa com todos, um homem gentil, de bom trato”, afirmou. E agradeceu novamente à família do frade, por compartilhar este momento de despedida com a fraternidade e toda a comunidade.
Frei Carlos, guardião da Fraternidade de Bragança Paulista, partilhou com os presentes o sentimento que estava entre os frades e funcionários em Bragança. Disse que hoje de manhã, ao sair de lá para o velório, todos se perguntavam: e agora, quem vai fazer tudo aquilo que o Frei Agostinho fazia, quem vai substituir o Frei Agostinho? E a conclusão que chegaram foi a de que não tem outro igual ao Frei Agostinho. “Era impressionante, ele cuidava de tudo, sacristia, refeitório, visitava os doentes, os frades acamados, levava comunhão, conversava todo dia com os frades doentes”, afirmou Frei Carlos. O frade partilhou com os presentes ainda a reação de um frade de 92 anos, que exclamou que ele poderia ter morrido, e não o Frei Agostinho, que estava tão ativo, aos 84 anos. “Vamos procurar serviu como ele serviu, nos dedicar àqueles idosos como ele se dedicou, e viver com fidelidade a vida franciscana e a vida sacerdotal”, concluiu.
No momento de ação de graças, a palavra foi aberta para familiares e amigos de Frei Agostinho, para que prestassem ali sua última homenagem. Amigos de infância, do colégio e familiares partilharam com os presentes alguns momentos vividos com Frei Agostinho.
Ao final da missa, os frades fizeram a encomendação do corpo. Uma fila de familiares e paroquianos se formou próximo ao caixão, todos querendo se despedir do tão querido frade.
O corpo seguiu de carro até o cemitério Santíssimo Sacramento, onde Frei Adriano conduziu as últimas homenagens. Frei Agostinho foi enterrado no subsolo da capela da Ordem dos Frades Menores.
A missa de 7° dia acontecerá no próximo sábado, dia 6 de dezembro, às 16 horas.