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A beleza pura do infantil em preto e branco

07/11/2012

Notícias

Por Fabiano Viana

Em dezembro desde ano, o Centro Infantil Clara de Assis (Cica), se prepara para comemorar os 18 anos de existência da proposta do serviço com crianças. Ao longo desse tempo, o Cica passou por muitas mudanças, adequações e experimentações. Hoje, não é mais um projeto, mas um serviço com uma proposta de metodologia diferenciada e já solidificada.  Para registrar o aniversário, a equipe de trabalho organizou uma exposição de fotos em preto em branco (P&B), em arte “pin-hole” das crianças que hoje são atendidas e são a “face” do Cica, localizado atualmente no bairro da Bela Vista, em São Paulo.

O objetivo dessa instalação, além de apresentar os “rostos” de quem faz o Cica nos dias de hoje, também tem vários significados simbólicos, por exemplo, o porquê de está suspenso em cordas para dar o sentido de “sustentação” e apoio, atitudes que as crianças precisam nesse processo de desenvolvimento, explicou o educador social Wbiracy Paes.

A história de ontem

De acordo com a coordenadora do Cica, Alexandra Alves, a ideia da exposição surgiu durante a pesquisa que ela fez nos documentos histórico para saber de fato qual era a idade do Serviço. “Nesta tentativa de resgatar o histórico, descobrimos que a Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil já desenvolvia ao longo anos trabalhos sociais com as crianças das comunidades do centro de São Paulo”. Alexandra relata que a Província Franciscana iniciou esse trabalho na Rua Riachuelo com a comunidade Missionária que atendia crianças carentes em situação de risco. No entanto, foi em 2004 que o Serviço Franciscano de Solidariedade (Sefras) passou a assumir este serviço ao alugar um prédio também no centro da cidade. Nesta época, ainda com modelo estruturado como creche e ali continuou um trabalho que foi se aperfeiçoado.

A história de hoje

Em 2008 aconteceu outro marco importante para o Cica com a mudança do modelo de creche para o viés de assistência. Esse trabalho de mudança foi promovido a partir da realidade social encontrada na região da Bela Vista. “Foi quando começamos agregar também às famílias e discutir a forma de atendimento com essas crianças”, explicou Alexandra Alves.
Desde então, o Cica tem se debruçado em experimentar e já, com resultados mensuráveis, a metodologia de atendimento às crianças em conjunto com família e comunidade. Mas, a coordenadora Alexandra considera que foi somente neste ano de 2012, que se dedicou mais exclusivamente a esse espaço de convivência, entre crianças, famílias e comunidade.  Foi quando também se incorporou o método da educação popular. “Hoje o eixo central é a questão da moradia. Fazemos essa interface olhando a realidade dos cortiços, das pensões na região da Bela Vista”, destacou a coordenadora.

Sobre a exposição:

O Cica é feito de crianças, das famílias e dos profissionais que se dedicam na concretização desse trabalho. “A exposição nasce na expectativa de celebrar esse trabalho tão importante e significativo a partir das expressões das crianças que é um elemento fundamental dentro da nossa sociedade”, disse Alexandra Alves. Para ela, as crianças são “as sementes que plantamos e que trazem um ar de alegria, de transformação a partir dos seus retratos”.

O ato criativo

A produção da exposição dos rostos, de acordo com o educador social, Wibracy Paes, nasceu durante a oficina de fotografia do fotógrafo Daniel Queiroz com as próprias crianças. “Notamos a espontaneidade das crianças em serem fotografadas e o Daniel trouxe a proposta de trabalhar fotos em preto e branco. Com ideia, a oficina assumiu uma nova forma. Em seguida começamos a planejar a exposição em preto e branco com uma identidade poética de pin-hole. As crianças ficaram apaixonadas”, explicou Paes. A exposição traz diversos rostos, diversas expressões, formato, olhares tudo no campo da espontaneidade bem próprios do universo infantil. “Quando propomos para as crianças manifestarem as suas próprias expressões faciais do jeito que desejassem, elas foram muito espontâneas no sorriso e na alegria. Essa expressão de alegria espontaneidade reflete o nosso trabalho”, considerou o educador.

A sustentação

Wbiracy Paes, responsável pela montagem, contou que a instalação tem uma ideia de sustentação. Isso tem uma simbologia porque, de acordo com ele, a criança sempre precisa de um suporte. “Quando comecei a pensar na forma de expor as fotos eu pensei no dia a dia das crianças e aproveitando a ideia de sustentação, pensamos também na praticidade de locomoção e da transição que passará pelos serviços do Sefras de forma poética”, contou.

A beleza pura

Para o fotógrafo e organizador da proposta, Daniel Queiroz é através do retrato que cada criança pode observar a beleza pura que se manifesta em casa posição dos rostos. “cada expressão faz parte da  infância, fase única em nossas vidas. As caretas, os gritos e outras expressões trazem ao mesmo tempo a beleza única da espontaneidade contrapondo os padrões de beleza instituídos pela mídia”, enfatizou o fotógrafo.

Itinerante

A proposta da equipe do Centro Infantil Clara de Assis (Cica) é expor os retratos em todos os serviços do Sefras em São Paulo, com a ideia de talvez no próximo ano, levar para os outros serviços fora da cidade. Porém, para dar o pontapé inicial às comemorações, começou na Sede administrativa do Sefras, no bairro do Pari, e permanecerá entre os dias 6 e 12 de novembro. Depois passará uma semana em cada serviço em São Paulo. A instalação suspensa, itinerante e poética será finalizada em dezembro com uma grande comemoração de confraternização dos dezoito anos de trabalho. Dez anos enquanto Comunidade Missionária e mais oito anos enquanto Centro Infantil Clara de Assis integrada ao Sefras.