Notícias - Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil - OFM

Repercussões sobre a Encíclica do Papa Francisco

19/06/2015

Papa Francisco

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Cidade do Vaticano – Vários presidentes, a ONU e diversas organizações ecologistas e religiosas acolheram com elogios a Encíclica Laudato si, a primeira escrita inteiramente pelo Papa Francisco, que descreve os riscos das mudanças climáticas e analisa seus efeitos sobre o homem e o meio ambiente, cunhando o termo ‘ecologia integral’.

O Presidente dos EUA, Barack Obama, saudou a mensagem ‘forte e clara’ de Francisco, que exortou os potentes do mundo a agirem com mais rapidez para salvar o planeta, ameaçado de devastação pelas mudanças climáticas e o consumismo.
“Admiro profundamente a decisão do Papa de convidar à ação contra mudanças climáticas de forma clara, forte e com toda a autoridade moral que sua posição lhe confere”, disse Obama. “Temos uma profunda responsabilidade de proteger nossos filhos e os filhos de nossos filhos dos efeitos danosos das mudanças climáticas”, sublinhou Obama em um comunicado, observando que os EUA “devem ser um líder neste esforço”.

O Presidente francês François Hollande espera que a “voz especial” do Papa Francisco seja ouvida em todos os continentes, indo além do âmbito dos cristãos. “Enquanto a França se prepara para receber as negociações climáticas, saúdo este chamado à opinião pública mundial e a seus governantes”, acrescentou Hollande em nota. Para o Presidente francês, “a Encíclica do Papa Francisco volta a colocar o tema ecológico em una perspectiva humanista”.

A Presidente do Chile, Michelle Bachelet, propôs a criação de uma aliança público-privada que afronte de forma conjunta as mudanças climáticas que ameaçam seu país, aonde já se começam a ver as consequências. Participando da inauguração em Santiago de uma conferência do Fórum Global de Crescimento Verde da América Latina e Caribe, a Presidente assegurou que o compromisso dos poderes públicos “não é suficiente” para deter as alterações do clima. “Não basta o setor público agir: deve haver uma aliança público-privada e com o conjunto da sociedade”, apontou.

Bachelet afirmou que o fenômeno chegou para ficar, no Chile e no planeta: “Nós o vivemos em fins de março, com a inesperada chuva no deserto de Atacama, o mais árido do mundo, que provocou deslizamentos de terra e inundações que deixaram milhares de pessoas desalojadas. Tivemos uma seca que se arrastou anos e grande parte de nosso território está desertificado”.

“O Papa, como vários de seus antecessores, relança a doutrina social da Igreja, mas com um tom mais crítico ao denunciar a submissão da política à tecnologia e aos centros de poder financeiros”, sustenta, por sua vez, Marco Politi, entre os biógrafos de Francisco. O pontífice latino-americano, que chegou do “fim do mundo”, como ele mesmo afirma, que conhece sua terra, localizada na fronteira do polo sul, e que observou a pobrezas e as desigualdades da América Latina, ataca principalmente um modelo de desenvolvimento injusto.

FAO
A Organização da ONU para Alimentação e Agricultura, FAO, considerou um ‘marco’ a Encíclica e pediu mudanças globais para enfrentar os efeitos das alterações do clima. O Diretor da divisão de Clima da FAO, Martin Frick, disse que o documento recém-publicado é “realmente um marco porque nunca um Papa falou tão diretamente sobre o meio ambiente”.

“O modelo de negócios do último século funcionou, tirou muita gente da pobreza e criou processos tecnológicos fantásticos, mas ignorou completamente os limites do planeta”, destacou Frick.

Também o Diretor executivo do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), Achim Steiner, agradeceu o chamado do Papa, “que ressoa não apenas entre os católicos, mas em meio a todos os povos da Terra. A ciência e a religião está alinhadas neste campo: agora é o momento de atuar”, disse.

O Fundo Mundial para a Natureza (WWF) assinalou que a Encíclica é “um chamado à ação de todos, em todos os lugares; e a ong ecologista Greenpeace qualificou como “valiosa” a intervenção do Pontífice “na luta comum da humanidade para prevenir a catástrofe da mudanças climáticas”.