A humildade de Santo Antônio no sexto dia da Trezena
06/06/2015
Moacir Beggo
Santos (SP) – “A humildade é o começo de todas as boas ações, como o botão é o começo da flor”, dizia Santo Antônio. “O Santo da Humildade” foi o tema do sexto dia da Trezena de Santo Antônio no Convento do Valongo, que nesta festa celebra 375 anos de fundação.
Frei Rozântimo Antunes Costa celebrou pela segunda vez a Trezena e destacou essa virtude do santo franciscano, talvez o santo mais popular no mundo.
O celebrante lembrou que no Evangelho de hoje (Mc 3,20-35), Jesus nos diz que aquele que faz a vontade de Deus, esse sim, é meu irmão e minha irmã. Santo Antônio soube se assemelhar o mais possível com Jesus, não somente nas intenções, mas na vida prática. Antonio seguia aquele que disse: ‘Aprendei de mim porque sou manso e humilde de coração’.
Segundo Frei Rozântimo, contudo, o que se vê é uma preocupação constante com títulos, cargos, vestes, etc. “Somos o que somos e não aquilo que parecemos ser. Pode chamar você de doutor, presidente etc. Você não é uma função; você é muito mais”, disse.
“É o que Santo Antônio transmite para nós. Não basta parecer bom, mas tem que realmente ser bom. Não vivemos de aparências ou títulos. Nós somos aquilo que vem do interior de nosso coração”, observou o celebrante.
Frei Rozântimo, contudo, lembrou que ser simples, humilde, não é ser bobo. Santo Antônio quando se juntou aos frades no conventinho de Monte Paolo, viveu uma vida de recolhimento e também assumiu as tarefas de lavar a louça e limpar o chão. Neste contexto de vida de oração e trabalhos humildes, recebeu ordenação sacerdotal em 1222. Depois se tornou um grande pregador, mas – lembrou o celebrante – não deixou de lado a fraternidade e a solidariedade. “Ele continuou simples”, frisou, mas pregando contra os opressores e aproveitadores.
Para mostrar que a simplicidade não é “fabricada”, Frei Rozântimo contou uma historinha. Segundo ele, um homem simples morreu num dia que morreu muita gente. Na confusão, ele errou o caminho e foi parar no inferno. Ali, com sua simplicidade e humildade, acabou conquistando e convertendo as pessoas, o que irritou muito o diabo, que o devolveu para o céu.
Neste domingo, sétimo dia da Trezena, o reitor do Santuário e Convento do Valongo, Frei André Becker, vai falar sobre “Santo Antônio e seus devotos”.
Depois da Missa, começou a festa no pátio do convento. A noite foi especial com a presença do Rancho Folclórico Típico Madeirense do Morro de São Bento, de Santos.
Fundado em 1975 por moradores desse bairro santista, o grupo foi criado com o propósito de divulgar valores históricos e humanos da Ilha da Madeira. Desde então, o grupo passou a se reunir na Paróquia Nossa Senhora da Assunção, assistida pelos franciscanos do Convento do Valongo.
Fizeram parte de sua primeira diretoria, portugueses que de lá imigraram rumo ao Brasil e seus descendentes aqui nascidos, tendo como primeiro presidente Sr. Manoel Joaquim de Andrade. Hoje, o grupo de 40 integrantes tem como presidente Claudete Pereira de Souza.
“Divulgamos a cultura madeirense por meio de apresentações artísticas, com bailado, canções, trajes e instrumentos típicos do Arquipélago da Madeira”, explica Claudete. O objetivo, segundo a presidente, é promover intercâmbio entre os Ranchos Folclóricos, proporcionar periodicamente reuniões da família madeirense e luso-brasileira.
Segundo a presidente, nesses 40 anos, o grupo vem se mantendo regularmente às custas das contribuições sociais e de algumas doações, pois o grupo não tem finalidade lucrativa. “O empenho da Associação tem sido muito grande para manter vivo este grupo”, confessa Claudete. O bom público desta noite de sábado pode ver uma belíssima apresentação do grupo.