Veja as celebrações do santo franciscano em São Paulo
16/06/2014
Moacir Beggo
São Paulo (SP) – Pela centésima vez, o bairro do Pari, na capital paulista, fez festa para o padroeiro Santo Antônio. Céu azul, temperatura amena de outono, tudo ajudou para que os fiéis devotos das mais distantes cidades da Grande São Paulo viessem agradecer ou pedir graças ao santo franciscano.
Desde bem cedo, os frades, os postulantes que vieram de Guaratinguetá e uma legião de voluntários começaram a se preparar para um dia longo e de muitas celebrações. Nesta igreja centenária do Pari, com suas imponentes torres e colunas de mármore, tudo é mais bonito. E ficou ainda mais bela lotada de fiéis durante todo o dia. No lado direito, a majestosa imagem de Santo Antônio era a mais procurada pelos fiéis.
Frei Adriano Freixo Pinto, pároco da Igreja Santo Antônio do Pari, presidiu a Missa de encerramento da festa que marcou os 100 anos da Paróquia. Havia um receio de que o feriado prolongado devido a Copa do Mundo pudesse diminuir a frequência, mas Santo Antônio foi mais forte. Uma fila enorme se manteve durante todo o dia para conseguir levar para casa o pãozinho bento de Santo Antônio. Segundo Dona Aurora Toledo, que veio de Osasco, já é uma tradição pegar o pãozinho para guardar dentro de uma lata de mantimento e ter a garantia de que não faltará comida durante todo o ano. “Com o pãozinho, fico segura de que a comida não vai faltar”, disse.
A grande maioria dos devotos vem de outros bairros ou cidades da Grande São Paulo. É o caso de Roseli Marinho, que veio de Santo Amaro com o pai. “Todo ano a gente está aqui. Já é uma tradição na família”, diz Roseli, explicando que essa devoção vem desde o berço, já que são descendentes de portugueses. “Meu avô é Antônio, meu bisavô é Antônio e meu pai também se chama Antônio. Por aí você pode ver o grau de nossa devoção”, diz Roseli, que filmou e fez fotos da igreja e da festa. “Vou levar para a minha mãe, pois ela não pôde vir”, contou. Segundo Roseli, uma das graças conseguidas pela intercessão de Santo Antônio e Frei Galvão foi a cura de sua mãe. “Ela viveu momentos difíceis, mas agora está bem. Só não veio porque a viagem é longa e poderia se cansar”, explicou.
Os frades franciscanos da Província da Imaculada Conceição construíram, há 100 anos, essa igreja que é símbolo do bairro.
Veja mais informações no site da Paróquia do Pari
Um santo querido
Outro Convento histórico e que é atendido pelos franciscanos da Imaculada Conceição está no Largo São Francisco. É um dos mais antigos do Brasil. Por incrível que pareça, a festa mais forte não é a do Padroeiro mas a de Santo Antônio. Sua localização no centro de São Paulo fez com que o povo lotasse as missas e barracas do Largo.
Frei Alvaci Mendes da Luz, coordenador do Pró-Vocações, que celebrou a Missa ao meio-dia, confessou sua alegria de ver tantos fiéis na missa em homenagem a este “grande e pequeno homem”. Segundo o frade, grande de graça e de Deus e pequeno porque escolheu ser pequeno, um frade menor de São Francisco de Assis.
Segundo Frei Alvaci, ele é um dos nomes mais populares no Brasil e no mundo. “No Brasil é o santo que mais tem igrejas dedicadas a ele. Se a paróquia, que é a matriz, não é dedicada a ele, pelo menos uma capela da paróquia é”, disse.
Frei Alvaci fez um resumo da vida de Santo Antônio desde o momento que tomou a decisão de ser frade até a morte aos 36 anos. “Esse é o grande milagre dos santos: viver pouco tempo aqui mas permanecer vivo no coração das pessoas por tantos anos. E ele, como Santa Terezinha, São Francisco, morreu muito jovem, mas está vivo em nossos corações”, observou, revelando o segredo deste santo. “Ele viveu para os outros e por isso é lembrado em todos os momentos de nossa vida”, completou.
Frei Anacleto Gapski, em outra Missa, abordou três fortes aspectos da vida de Santo Antônio: o Santo do Pão dos Pobres, o Homem Evangélico e o Protetor das Famílias.
Festa na Vila Clementino
A Paróquia de São Francisco de Assis, na Vila Clementino, também fez festa para Santo Antônio. Como bem lembrou Frei Mário Luiz Tagliari, quando foi eleito, o Papa disse que o nome Francisco era um desafio e um programa de vida. “Santo Antônio também foi tocado por esse projeto de vida de São Francisco de Assis”, disse. Segundo Frei Mário, ele assumiu esse desafio desde que acolheu os primeiros mártires franciscanos. Frei Mário também fez um resumo da vida deste santo franciscano e destacou o aspecto da solidariedade e o amor pelos pobres.
Durante todo o dia, os frades da Paróquia se revezaram para dar a bênção de Santo Antônio aos devotos. O pároco Frei Djalmo Fuck celebrou a Missa do meio-dia e Frei Euclides a última Missa.
O Bolo de Santo Antônio foi o mais procurado junto com o pãozinho. Para dar conta da demanda, Frei Djalmo conta com Antônio Nora, que é dono de uma padaria, e uma equipe de voluntárias. “Os pedaços já são cortados aqui e embalados para evitar qualquer falta de higiene ou poluição”, explicou Frei Djalmo, ressaltando o profissionalismo e a qualidade da produção dos bolos. Segundo o padeiro, hoje o dia é especial: “Será todo para o meu xará!”, brincou Antônio.