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60º aniversário da Declaração Conciliar Gravissimum Educationis inspira um olhar mais atento e amoroso para a educação

25/11/2025

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As questões relacionadas à educação mais problemáticas da atualidade estão em destaque na Carta Apostólica “Desenhar novos mapas de esperança”, assinada, em outubro, pelo Papa Leão XIV. A carta foi divulgada para celebrar o 60.º aniversário da Declaração Conciliar Gravissimum Educationis. O texto chama a atenção para questões como a pobreza, as guerras, as migrações e as diversas formas de desigualdade que acabam por influenciar negativamente a educação de crianças em todo o mundo. 

O Papa clama para que o mundo se utilize da educação para dar respostas a essas necessidades. Para tanto, na Carta Apostólica cita Santo Agostinho, que compreendeu que o “mestre autêntico” é o verdadeiro inspirador da verdade e que ele educa para a liberdade das pessoas a fim de que estas aprendam a ler os sinais do seu interior. Lembra também de Calasanz, que ofereceu escolas gratuitas às pessoas mais pobres; além de São João Batista de La Salle, que dedicou grande atenção aos filhos dos camponeses e dos operários. Destaca também o compromisso de São Marcelino Champagnat com a superação de toda discriminação na educação e o feito histórico de São João Bosco, com seu “método preventivo”.

Dentro desse contexto da celebração da Declaração Conciliar Gravissimum Educationis, o Grupo Educacional Bom Jesus reforça a educação franciscana – sua base. O Grupo possui unidades educacionais de Educação Infantil, Ensino Fundamental e Médio em cinco estados brasileiros (Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Rio de Janeiro e São Paulo), além das instituições de ensino superior FAE Centro Universitário e FAE Business School. Para o grupo educacional, uma das formas mais eficazes de inspirar a prática do bem entre crianças, adolescentes e jovens é inserir essas ideias na proposta pedagógica, falando aos alunos sobre a importância das virtudes e, principalmente, do amor – a virtude das virtudes. 

Ou seja: a soma de esforços entre a educação de excelência, que inclui a formação socioemocional dos estudantes, e os valores franciscanos. Esse é o conceito da Amorografia, palavra proprietária que traz o amor como grande transformador da sociedade. 

“Acreditamos em uma educação amparada nos princípios franciscanos. Por isso, buscamos diariamente cultivar e incentivar o amor, o respeito e a humildade em cada uma de nossas ações, para que essas ideias ecoem e reverberem por toda a nossa comunidade. É importante relembrarmos que São Francisco de Assis nos deixou muitos exemplos de ser e de viver, e é nesses ideais que nos inspiramos para a formação de uma sociedade melhor, mais justa e compassiva”, destaca o presidente do Grupo Educacional Bom Jesus, Frei João Mannes.

O Papa convida a renovar esse conhecimento voltado ao amor, ao respeito e à humildade, o “compromisso com um conhecimento tão intelectualmente responsável e rigoroso quanto profundamente humano”. Destacando a vitalidade que precisa ser fomentada nos ambientes educativos, ele afirma que devemos “sair do superficial, recuperando uma visão empática e aberta”. “O desejo e o coração não devem ser separados do conhecimento: isso significaria quebrar a pessoa. A universidade e a escola católica são lugares onde as perguntas não são silenciadas e a dúvida não é banida, mas sim acompanhada”.

João Mannes diz que as atitudes diárias de amor, cuidado e respeito são incentivadas nas unidades educacionais do Grupo, mas também estendidas de forma universal, para com todas as criaturas – relembrando o Cântico das Criaturas, de São Francisco de Assis. “Temos uma missão de promover uma nova civilização, a civilização do amor e do cuidado para com todas as criaturas, a civilização da fraternidade universal”, reitera o Frei.

Dentro da ideia da educação alicerçada no amor e nas competências do indivíduo, em sua Carta Apostólica, Leão XIV reitera o conceito central contido no documento conciliar, que alerta contra toda redução da educação a “treinamento funcional ou instrumento econômico”. Ele reitera que “uma pessoa não é um ‘perfil de competências’, não se reduz a um algoritmo previsível, mas um rosto, uma história, uma vocação”. Ele insiste: “A educação não mede seu valor apenas pelo eixo da eficiência: ela o mede pela dignidade, pela justiça e pela capacidade de servir ao bem comum”.

Frei Mannes afirma que educar é um ato de coragem e também é um ato de servir, se colocar a serviço do próximo. “Assim como São Francisco de Assis, que veio ao mundo para servir a todos, especialmente os mais vulneráveis”, diz o presidente do grupo educacional.

Paz, professores e famílias

O Papa Leão XIV lembra da necessidade de não se “construir muros”, mas sim de selar a paz entre os povos. Ressalta que as escolas católicas são ambientes em que a fé, a cultura e a vida se entrelaçam. “Não são simplesmente instituições, mas ambientes vivos onde a visão cristã permeia cada disciplina e cada interação. Os educadores são chamados a uma responsabilidade que vai além do contrato de trabalho: seu testemunho é tão valioso quanto suas aulas. Portanto, a formação de professores – científica, pedagógica, cultural e espiritual – é crucial”, diz o pontífice.

Frei Mannes lembra de algumas virtudes franciscanas trabalhadas no Grupo Educacional Bom Jesus, como o diálogo, a união, o respeito, a solidariedade e a tolerância. A virtude do diálogo é uma das mais importantes para este momento que o mundo vive, marcado pelo individualismo e por uma grande dificuldade em manter relações harmoniosas. “Observamos, todos os dias, conflitos de convivência por conta de pensamentos e concepções diferentes, seja de cunho social, cultural, racial ou de crença. E a solução é manter a harmonia entre nós, sobretudo pelo exercício do diálogo”, diz o Frei. Ele lembra que para isso é preciso silenciar e ouvir o que se passa com a outra pessoa e o que ela tem a nos dizer.

A família é outro destaque da  Declaração Conciliar Gravissimum Educationis. Nela, a família está colocada como a instituição que tem responsabilidade compartilhada com as esferas educacionais, destacando que todos devem ter a consciência de que a prioridade da educação reside nesse núcleo. O Frei Mannes ressalta que no Grupo Bom Jesus a família é considerada pilar fundamental para a formação do aluno de forma integral, já que tem um papel importante nesse processo. 

O Concílio coloca essa responsabilidade dos pais na base de uma educação saudável. “Se o mundo está interligado, a educação também deve estar, promovendo a participação em todos os níveis, abandonando as rivalidades, herança do passado, e unindo todos os esforços para uma convergência saudável e frutífera entre escolas, paróquias e colégios, universidades e institutos superiores, centros de formação profissional, movimentos, plataformas digitais, iniciativas de aprendizagem-serviço e pastoral escolar, universitária e cultural”.