Papa pede “basta” ao tráfico humano
10/04/2014
Conclui-se hoje no Vaticano, na sede da Academia Pontifícia das Ciências, a II conferência internacional sobre o tráfico de pessoas, intitulada “Combate ao Tráfico Humano: Igreja e reforço comparticipado para a aplicação da lei”. Participaram na iniciativa algumas pessoas vítimas de tráfico humano e alguns representantes de instituições policiais que se ocupam deste drama de dimensões planetárias.
O encontro é organizado pela Conferência Episcopal da Inglaterra e País de Gales e liderada pelo cardeal Vincent Nichols, arcebispo de Westminster. Segundo informavam os promotores, objetivo da conferência é “unir esforços para que a lei seja aplicada” de forma a ajudar à “construção de uma rede efetiva que entre todos seja capaz de combater o tráfico”.
Uma rede que passa por uma “cooperação mais estreita” entre Igreja e polícia de forma a “facilitar as investigações conjuntas entre policiais e uma ação mais coordenada internacional” que ajude a “livrar o mundo do flagelo do tráfico de seres humanos, a segunda fonte de riqueza criminosa mais rentável do planeta”.
Deslocando-se ao fim da manhã à Aula Magna da Academia das Ciências, nos jardins do Vaticano, onde decorreram os trabalhos, o Papa Francisco dirigiu a palavra aos 120 participantes, sublinhando que este encontro, importante, é “um gesto”:
“É um gesto. Um gesto da Igreja, um gesto das pessoas de boa vontade, que pretende gritar “basta!”
“O tráfico de seres humanos é uma chaga – uma chaga! – no corpo da humanidade contemporânea, uma chaga na carne de Cristo. É um delito contra a humanidade.
O facto de nos encontrarmos aqui, para unir os nossos esforços, significa que queremos que as estratégias e competências sejam acompanhadas e reforçadas pela compaixão evangélica, pela proximidade aos homens e mulheres que são vítimas deste crime”.
O Santo Padre referiu com apreço a participação neste encontro de “autoridades policiais, especialmente empenhadas em contrastar este triste fenómeno com os instrumentos e o rigor da lei”, e ao mesmo tempo “operadores humanitários, cuja principal tarefa é oferecer às vítimas acolhimento, calor humano e possibilidade de resgate”. Trata-se de “abordagens diferentes, mas que podem e devem caminhar conjuntamente”, pelo que é “muito importante confrontar-se e dialogar a partir destes dois modos complementares de abordar” as situações – observou o Papa, que concluiu agradecendo a colaboração de todos.
O tema também foi escolhido pela Conferência dos Bispos do Brasil para a Campanha da Fraternidade deste ano.
Fonte: Rádio Vaticano