Por Frei Almir Ribeiro Guimarães

Pelas 6h30, frades e congressistas começaram a circular pelos espaços de Canindé. Frades vestidos de hábito marrom escuro, marrom claro, quase bege. Muitos com as camisetas com cores alegres, estampando a logomarca do Congresso. Gente da Itália, gente de todos os cantos da América Latina e do Caribe. Gente com feições acentuadamente indígenas. Argentinos, brasileiros e chilenos com traços marcadamente de descendentes de europeus. À noite, uma lua cheia brilhara no céu de Canindé. Contrariamente ao que aconteceu nas manhãs de terça e quarta, não tivemos chuva. O céu se apresentou nublado. A temperatura ambiente era de agradável para boa… embora houvesse certa umidade no ar.

A oração da manhã, preparada e animada pelos frades mexicanos, se passou nos espaços do Zoológico de Canindé. Rezamos as Laudes da Festa de São Marcos, o evangelista de texto breve, espontâneo e cheio de pormenores curiosos e detalhes que dão a impressão de alguém que presenciou o que escreve. O ofício foi rezado e cantado em castelhano, com beleza e dignidade. Não houve acréscimos e adendos. Rezamos, pois, em plena natureza. Por vezes, os versos do salmos rezados ou cantados desapareciam com o canto estridente dos pássaros: ararajubas, siriemas, maritacas, papagaios e tucanos. Discretamente, outros animais se associaram à nossa oração: jiboia, jacaré, urso, cachorro do mato, jaguatirica, onça, avestruz, ema e sagui.

Coube à Irmã Laura (Catequista Franciscana) moderar as atividades desta sexta-feira. Pelas 9h15, Frei Ramiro de la Serna e o jovem Juan fizeram uma exposição teórica e prática a respeito de uma experiência vivida nas cercanias de Buenos Aires, Argentina, denominada La Casa de Jóvenes Hermano Francisco, da Província de São Francisco Solano. Houve reflexões profundamente sólidas a respeito da atual situação da juventude pautada em estatísticas sérias. Em seguida, o frade e o leigo descreveram a vida desta casa de jovens: os locais, o programa de vida, retiros e cursos, perspectivas, vida dos frades numa fraternidade no interior da casa. Os palestrantes suscitaram um grande interesse. Houve muitas questões por escrito que animaram a nossa manhã. Foi talvez um dos melhores momentos do congresso.

Pelas 11h15, depois do recesso, Frei German Faustino Tax, da Guatemala, apresentou uma longa e pormenorizada exposição a respeito da atividade dos frades no Caribe. Houve muitas questões a respeito da oportunidade de uma atividade em colégios nos tempos de hoje: até que ponto os frades conseguem transmitir a espiritualidade num contexto de competição mercadológica no mundo das escolas particulares. O frade guatemalteco respondeu da melhor maneira possível às interrogações dos presentes.

Antes do almoço, nossa moderadora chamou Frei João Inácio Muller, presidente da Uclaf, para usar do palavra. O frade gaúcho foi muito feliz. Tinha praticamente uma única palavra: agradecimento. Fê-lo com elegância e carinho. Dirigiu palavras tocantes a todos os participantes. Houve progressos sensíveis na caminhada da Uclaf. Sentia-se emoção no tom de sua voz. Frei João foi extremamente delicado com o Vigário Geral, Frei Michael Perry, agradecendo sua presença. Este, por sua vez, num texto lido em italiano, não deixou de dizer de sua alegria em estar em nosso meio. Tivemos a impressão que a presença franciscana latino-americana deve ter impressionado nosso Vigário Geral. Diga-se de passagem, o frade americano foi tratado com muito carinho e leva em sua bagagem a afeição da América Latina.

A disposição das mesas para a refeição do meio-dia foi em forma de banquete de festa e nos foi servido mesmo um vinho de primeira. Um grupo de músicos brindou-nos com peças do cancioneiro nacional. Na parte da tarde, concluímos as atividades ligadas às oficinas.