Conclave deve começar no dia 15 de março
14/02/2013
Vaticano – O padre Federico Lombardi, porta-voz do Vaticano, disse durante coletiva nesta quarta (13) que, de acordo com o previsto pela Constituição, a partir do começo da sede vacante abre-se espaço para as congregações dos cardeais.
“Há um trabalho que não leva às eleições rapidamente – sublinhou Lombardi – um discernimento que deve ser feito pelo colégio que chega até os dias chaves do conclave e eleição com uma preparação”. Por isso, a normativa prevê que o começo do conclave tenha que ser estabelecido entre 15 e 20 dias desde o começo da sede vacante.
Portanto – continuou o diretor da Sala de Imprensa vaticana – “se tudo correr normalmente, espera-se que o conclave possa começar entre o 15 e o 19 de Março”, embora se ainda “não seja possível dar uma data exata porque são os cardeais que estabelecerão exatamente o calendário”.
A renúncia de um Papa ao seu próprio ministério, reiterou o porta-voz da Santa Sé, “não foi inventada por Bento XVI”, ele “somente a colocou em prática, mostrando uma grande coragem para utilizá-la primeiro desta forma, com um espírito de fé e de amor à Igreja”.
E justamente por causa desta forte ligação com a Igreja e pela grande discrição e sabedoria que desde sempre caracteriza a sua personalidade, Bento XVI, apesar de que a partir do 1 º de março estará livre para mover-se dentro do Estado da Cidade do Vaticano, irá abster-se de toda forma de comunicação ou interferência.
Tanto em nível pessoal com os cardeais ou outros homens da Cúria, para deixar claro a sua plena liberdade e autonomia (isso justifica também a escolha de ir por um tempo para Castel Gandolfo). Seja em nível público, evitando declarações que poderiam “dar origem a um sentido de interferência ou de tomadas de posição influenciantes”. Porém, destacou Lombardi, “se trata-se de escrever um texto teológico espiritual, alimento útil para o Povo de Deus, é bem possível que isso aconteça”.
Por este motivo, o padre Lombardi disse, “não há nenhuma preocupação por parte do colégio cardenalício de que o Papa continue a residir no Vaticano”. Na verdade, “é uma sábia decisão permanecer dentro dos muros vaticanos, com a sua possibilidade de estudar e rezar. E também os cardeais estarão felizes de ter muito próximo uma pessoa que mais do que todas pode compreender quais são as necessidades espirituais da Igreja e do sucessor de Pedro”.
Perguntado “se um dia Joseph Ratzinger como ex Papa discordasse de uma escolha do seu sucessor, quem teria razão?”, Pe. Lombardi respondeu: “O Papa é o Papa, e como a teologia o ensina existem condições para a assistência do Espírito Santo. Condições raras que estão ligadas ao ministério petrino, ao serviço como Papa.” Portanto, “a pessoa que renunciou esse ministério não tem este título de assistência especial, de guia da Igreja universal, e portanto o problema não se coloca”.
O CONCLAVE
O processo de votação do papa é chamado de conclave e ocorre a portas fechadas, quando cardeais de diversas nacionalidades decidem a portas fechados quem será o próximo pontífice.
Primeiro se distribuem as fichas para os cardeais. São escolhidos três escrutinadores.
A ficha de votação será retangular e terá escrito em sua parte superior as palavras “EligooIn Summum Pontificem”. A parte inferior ficará em branco para que se preencha o nome do futuro papa.
O preenchimento das fichas deve ser feito secretamente por cada um dos cardeais eleitores, que deverá utilizar uma grafia que impeça o reconhecimento.
Após o voto, as fichas são depositadas nas respectivas urnas, misturadas e contadas.
Se porventura o número das fichas não corresponder ao número de eleitores, é preciso queimá-las todas e realizar uma segunda votação. Se o número de fichas bater com o total de eleitores, inicia-se a apuração dos votos.
Os votos são lidos e conferidos por três escrutinadores, que leem o voto em voz alta para todos os presentes.
Após a apuração desses votos, os escrutinadores dão início à soma dos votos obtidos pelos diversos nomes, anotando o resultado numa folha separada.
Em seguida, os escrutinadores fazem a soma de todos os votos que cada um obteve. Se ninguém obtiver dois terços dos votos, não haverá papa eleito e iniciará nova eleição. Haverá papa se algum dos nomes escolhidos contar com dois terços dos votos.
Em qualquer uma das situações, os revisores deverão verificar as fichas e anotações dos escrutinadores.
Antes dos cardeais eleitores abandonares a Capela Sistina, todas as fichas serão queimadas pelos escrutinadores.
Após cada votação, é anunciado o resultado por meio da emissão de fumaça pela chaminé da Capela Sistina. A fumaça escura significa que ainda não foi escolhido o novo papa. A fumaça clara, que a escolha já foi feita.