O site Franciscanos está acompanhando as celebrações em louvor a Frei Galvão, em Guaratinguetá (SP), trazendo os principais destaques da novena e das atividades que aproximam devotos e visitantes da espiritualidade e do carisma franciscano, bem como da história e dos exemplos deixados pelo primeiro santo brasileiro.

4º dia: “Frei Galvão, homem de oração e justiça, que ainda hoje fortalece e reconcilia as famílias”

O Santuário Frei Galvão realizou, no último domingo, 19 de outubro, a celebração do 4º dia da Novena de Santo Antônio de Sant’Anna Galvão. A Santa Missa das 15h foi presidida por Frei Gentil de Lima Branco, Guardião do Seminário Frei Galvão, e teve como tema: “Frei Galvão, homem de oração e justiça, que ainda hoje fortalece e reconcilia as famílias”.

Logo no início da celebração, Frei Gentil acolheu com alegria os fiéis das comunidades da região, os romeiros vindos de outros estados e os representantes de entidades como a APAE, já que a Missa do dia foi em homenagem ao trabalho de inclusão das pessoas com deficiência.

Durante a homilia, o frade lembrou que outubro é o mês missionário e o mês de Nossa Senhora Aparecida, convidando os fiéis a viverem sua fé de forma ativa. “Os missionários somos todos nós, batizados, que anunciamos Jesus com nossas palavras, mas, sobretudo, com nosso testemunho de vida”, afirmou.

Inspirado pelo Evangelho do dia e pelo exemplo de Frei Galvão, Frei Gentil refletiu sobre o verdadeiro sentido da paz e da justiça. “A paz não é ausência de conflitos, mas a capacidade, pela fé e pela oração, de vencer os obstáculos sem desanimar”, explicou. O frade recordou também um episódio da vida de Frei Galvão, quando ele foi perseguido por defender um soldado injustamente condenado à morte, enfatizando seu papel como “apóstolo da paz e da caridade”.

“Quando promovemos a justiça, estamos promovendo também uma paz duradoura e verdadeira”, destacou. Ao final da celebração, Frei Gentil convidou os fiéis a seguirem o exemplo de São Francisco de Assis e de Frei Galvão, sendo “homens e mulheres de paz e do bem” em suas comunidades.

Visitas missionárias

Nesta segunda-feira, 20 de outubro, os frades e voluntários do Santuário estiveram em missão pela cidade de Guaratinguetá, visitando os hospitais Frei Galvão e Santa Casa de Misericórdia, com o objetivo de levar as bênçãos de Deus por intercessão de São Frei Galvão. Pela manhã, duas equipes partiram em missão com as capelinhas do santo de Guaratinguetá.

A atividade foi inspirada pelo espírito missionário de São Frei Galvão, que ia ao encontro dos enfermos para levar o consolo que Deus transmite.

5º dia: Frei Galvão, rico dos tesouros celestes, nos ensina a conservar a beleza da natureza

“‘Felizes os humildes de espírito, porque deles é o Reino de Deus’. Assim viveu e ensinou São Frei Galvão”. Foi inspirado pelo evangelista Mateus (5,3) que Padre Rodrigo Carneiro, Reitor da Paróquia de Nossa Senhora da Agonia, em Itajubá (MG), presidente da celebração das 15h desta segunda-feira, fez referência ao primeiro santo brasileiro.

Neste dia, a celebração foi guiada pelo Evangelho de Lucas (12,13-21), que deu suporte às reflexões sobre como devemos buscar o Reino dos Céus por meio da fraternidade. O celebrante reforçou a importância de não explorar o meio ambiente, de dividir o que colhemos e de sermos ricos diante dos olhos do Senhor, e não dos homens. Segundo ele, o que fazemos com o que temos não condena nossa prosperidade, desde que isso seja usado para as obras do Senhor, para construir novos reinos.

“Podemos dizer que São Frei Galvão, com seu exemplo de vida, abre os caminhos para que possamos refletir e, assim, nos aproximar de Deus. Nosso primeiro santo brasileiro nos convida a rever nossas posições perante a vida. A vida não é medida pelas nossas posses, e sim por nossas atitudes. A Palavra de Deus é uma oportunidade para repensar. Nesta leitura do Evangelho, observamos que o problema não está em possuir, mas sim em não compartilhar e semear a palavra de Cristo”, afirmou o presbítero.

Padre Rodrigo ainda salientou que vivemos numa cultura que nos incentiva a acumular. Esquecemos de sentir, da simplicidade e do essencial. Cultivamos o ter e nos esquecemos de que riqueza material alguma entra no Reino dos Céus. O apelo ao material nos destrói e confunde o nosso coração, mas quem serve a Deus não se confunde, pois sabe que Jesus é a nossa esperança e não nos decepciona. É necessário viver em equilíbrio e renovar o jeito de encarar a vida. A ganância nos impede de sermos bons, pois a vida não se mede pelas nossas posses, mas sim pelo que fazemos dela.

Sua homilia nos levou a refletir sobre o quanto é importante cuidarmos do que o nosso Criador fez, pois tudo o que Ele criou foi feito para nós, a serviço do bem. Somos seres que naturalmente precisam viver em comunidade. Ninguém consegue viver sozinho; precisamos uns dos outros. Não faz sentido acumularmos riquezas se não pudermos viver ao lado de ninguém. Aquele que investe a sua vida em acumular esquece-se de viver com seus pares e não se importa com a vida dos outros. Promovem guerras, o individualismo e as disputas. Destroem a natureza e os animais, e nada disso está nas palavras de Deus. É importante investir em plantar sementes que promovam o bem. O egoísmo nos impede de louvar o nosso Criador. Muitas vezes não nos recordamos de que a nossa vida é passageira e que estamos aqui apenas para administrar o que Deus nos deu. O Céu é a nossa casa definitiva, e é lá que se encontra a vida eterna.

“Vemos a colheita como uma oportunidade de compartilhar, de exercer a caridade, e assim é o objetivo desta festa e novena em homenagem a São Frei Galvão. A novena nos chama a repensar nossas atitudes. Como local de conversão, a reforma pela qual o Santuário passa neste momento é para celebrar os valores cristãos e, assim, receber mais peregrinos, para que estes possam vivenciar sua fé por onde passarem. Por fim, que peçamos sabedoria e coragem para amar, nutridos pela Eucaristia e, junto da natureza, louvar nosso Criador”, reforçou.

A celebração da noite foi presidida pelo Padre Anderson Gomes, Reitor do Santuário Bom Pastor, no município de Cariacica, em Vitória (ES). Em sua homilia, refletiu como a ganância e o egoísmo podem levar o homem a um caminho não tão eficaz. Segundo ele, a ganância — o desejo excessivo e egoísta de acumular riquezas ou bens materiais — é uma questão condenada na Sagrada Escritura, sendo retratada como um obstáculo sério à vida de fé e à relação com Deus e o próximo.

De acordo com o presbítero, a ganância é um pecado mortal que tira o foco do essencial, o Reino de Deus e a justiça, fechando o indivíduo às necessidades do próximo e culminando em ruína espiritual e, muitas vezes, terrena. Padre Anderson enfatizou que devemos nos contentar com aquilo que é essencial para a vida, para que possamos buscar pelos “tesouros no Céu”, onde o valor é eterno e inalterável.

“Cuidado! Fiquem de sobreaviso contra todo tipo de ganância; a vida de um homem não consiste na quantidade dos seus bens”, frisou.

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Texto e fotos: Frei Filipo Carpi Girão/ Érika Augusto/Taíse Marques (Pascom)