Reflexões sobre fé e caridade na novena de Frei Galvão
20/10/2025

Partilha, compromisso, união e fé. Assim, a grande fraternidade composta por frades, devotos, voluntários e trabalhadores tem revelado a face da Festa de Frei Galvão desde o primeiro dia da novena em louvor ao primeiro Santo brasileiro.
Motivados pelo jeito franciscano de ser e pela forte característica acolhedora do povo vale-paraibano, em especial de Guaratinguetá (SP), a festa imprime seu DNA e encanta todos aqueles que chegam ao Santuário dedicado ao frade santo, que um dia também esteve no Seminário Frei Galvão, assim como muitos jovens que responderam ao chamado vocacional e por lá também passaram.
No Santuário, é nítida e contagiante a alegria do ambiente, no qual os devotos são acolhidos com sorrisos e respeito. Para participar da novena, é necessário chegar cedo, pois, em pouco tempo, a Igreja fica lotada. São pessoas que não cabem mais do lado de dentro e de fora, debaixo das tendas com telões. Tudo preparado com carinho para que os filhos e filhas de Deus possam acompanhar a novena acomodados e seguros.
O movimento dos voluntários é intenso. Eles estão em todos os lados, e ainda há os fiéis que chegam trazendo sua contribuição, com bolos e outros quitutes, para enriquecer o lanche de todos que trabalham intensamente para que a Festa de Frei Galvão se realize.

2º dia da Novena: “Frei Galvão, o fermento do bem que, silenciosamente, alivia os sofrimentos do povo”
No segundo dia da novena, 17 de outubro, às 15h, o Santuário recebeu Frei Felipe Medeiros Carretta. O mais jovem presbítero da Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil foi ordenado, em Vila Velha (ES), no último dia 11 de outubro.
Frei Felipe iniciou sua reflexão mostrando como o Santuário é um lugar da memória da fé, onde aprendemos que São Frei Galvão é um fermento da fé que alimenta o povo, mas o bom fermento, aquele que enriquece a massa. Muito positivo, diferente do fermento dos fariseus, pobre.
Ainda em sua reflexão, o frade ensinou que a fé deve ser aberta, lugar para o bom fermento agir, tal como foi o fermento na ação de Deus na vida de São Frei Galvão, e indagou: “Na prática, como fica a massa na nossa vida? A massa é o reino de Deus, que deve ser cuidado”.
Segundo o frade, a forma de cuidar do povo de Deus escolhida por São Frei Galvão foi por meio do sacramental de fé das pílulas, que mantém Deus no coração do povo e é o fermento do bem para o próximo.
“O fermento de Deus se chama Frei Galvão”
Ainda no dia 17, a celebração das 19h30 foi presidida pelo Padre Chrystian Shankar, reitor do Santuário Frei Galvão, em Divinópolis (MG).
Inspirado pelo evangelho do dia (Lc. 12, 1-7): “Tomai cuidado com o fermento dos fariseus, que é a hipocrisia, pois não há nada de escondido que não venha a ser revelado”, o presbítero enfatizou o quanto, inspirados em São Frei Galvão, precisamos ser fermento que oferece crescimento espiritual para si e para os outros. É fazer nosso trabalho de evangelização, chamando nossos irmãos a viver em Cristo.
De acordo com Padre Chrystian, ser fermento é promover em nós e nos outros os ensinamentos de Deus, ou seja, ser gigante na fé e crescer aos olhos do Nosso Senhor. “Nesta data celebrativa, o fermento de Deus se chama Frei Galvão. Aprendemos com ele o verbo da vida. Assim sendo, podemos dizer que a maneira como São Frei Galvão viveu nos mostra que ele foi fermento do bem, de forma silenciosa, aquele que, pela intercessão de Jesus Cristo, aliviava os sofrimentos do povo”.
Ele ainda lembrou que a santidade começa na obediência às leis de Cristo, sendo servo do Senhor assim como Maria. Viver a pureza é força, e não fraqueza. É servir com alegria, e santidade é serviço. “Nosso primeiro Santo brasileiro nos ensinou que a fé caminha com a caridade e que a verdadeira santidade está em servir ao Senhor e dizer sim à Sua vontade”, salientou.
O presidente da celebração encerrou sua reflexão ressaltando a importância da postura cristã. “Precisamos ser presentes em Deus, não aos homens, pois aquele que serve ao Senhor não procura reconhecimento, e sim devoção. Por fim, nossa reflexão de hoje é que o fermento é presença e silêncio. É nossa devoção. Contudo, é necessário que oremos e façamos boas obras em prol da caridade, pois Deus é a nossa proteção e refúgio”.

3º dia da Novena: “Frei Galvão, sinal de paz e reconciliação com toda a criação”
No sábado, 18 de outubro, às 15h, a Santa Missa foi presidida por Dom Frei Luiz Flávio Cappio, OFM, bispo emérito da diocese de Barra (BA) e filho bendito de Guaratinguetá.
Durante sua meditação, recordou a memória litúrgica de São Lucas, e, no calendário civil, o dia dos médicos, mostrando como esse Santo Evangelista revela a dimensão de Jesus como médico dos corpos e das almas.
Dom Cappio ofereceu a celebração aos médicos e a todos os profissionais que cuidam da saúde. Após esse oferecimento, convidou a assembleia a, em um único coro, cantar “a nós descei, divina luz”, por todos os que precisam de orações.
São Lucas escreveu O Evangelho e o livro dos Atos dos Apóstolos, mostrando como a Igreja se desenvolveu, sendo Lucas discípulo de Paulo, aquele que apresentou Jesus Cristo em sua profundidade.
Por fim, o frade terminou sua reflexão ensinando que suplicar é importante, porém agradecer a bênção é mais importante ainda; é a concretização da graça.
Frei Galvão: homem da itinerância, da construção, da entrega radical
A celebração das 19h30 foi marcada pela presença de Padre Omar Raposo, reitor do Santuário Cristo Redentor, localizado na cidade do Rio de Janeiro (RJ). O presbítero destacou a importância da perseverança na oração, da disciplina espiritual e do cuidado com a criação, unindo fé, trabalho e compromisso social.
A Santa Missa foi concelebrada por Frei Diego Atalino de Melo, reitor do Santuário Frei Galvão, e Dom Frei Luiz Cappio.

Em sua homilia, Padre Omar refletiu sobre as leituras do dia, que exaltavam a insistência e a confiança em Deus. “Jesus ensina a necessidade de rezar sempre e nunca desistir”, afirmou, ressaltando que a vida espiritual exige constância. “A pessoa que desiste da oração, desiste da própria vida. Quem não fala mais com Deus, não quer mais nada”.
Durante sua pregação, o reitor do Santuário Cristo Redentor destacou o exemplo de Frei Galvão como um homem de ação e caridade. “Frei Galvão foi um homem da itinerância, da construção, da entrega radical. Quando olhamos para ele, percebemos que precisamos nos movimentar, viver com coragem e perseverança”, disse.
Ao final de sua fala, o presidente da celebração compartilhou um testemunho pessoal de fé. Ele relatou um grave acidente de carro sofrido na Venezuela, ocorrido em julho deste ano. “Fiquei preso nas ferragens, com o pulmão perfurado. Lembrei do salmo: ‘De onde me virá o socorro? Do Senhor que fez o céu e a terra’. E Ele me socorreu. Estou aqui, de pé, com oito costelas quebradas, mas cheio de gratidão”, contou.
Padre Omar encerrou a homilia com uma mensagem de esperança e confiança em Deus. “Nós não estamos sozinhos neste mundo. Deus está conosco. Vai dar tudo certo. Ele não nos abandona, mesmo quando somos fracos ou pecadores”.
Texto: Adriana Rabelo Rodrigues/ Frei Filipo Carpi Girão
Taíse Marquesm e Érika Augusto ( Santuário Frei Galvão)
Fotos: Karen Castro/Érika Augusto


