Hoje é uma data especial para a Fundação Franciscana da Imaculada Mãe de Deus de Angola. Há 35 anos, chegavam os primeiros frades da Província Franciscana da Imaculada Conceição em terras angolanas com a intenção de firmar os primeiros passos da Ordem dos Frades Menores no país. Estes eram Frei Plínio Gande da Silva, Frei José Zanchet e Frei Pedro Caron.

“Estão dispostos a renunciar seus modos culturais de viver, fazendo todo o esforço para levar a ‘Paz e o bem’ na convivência plena com uma nova cultura? ”. Com esta provocação feita pelo Ministro provincial da época, Frei Estêvão Ottenbreit, na Missa do Envio, no dia 16 de setembro de 1990, no Seminário de Agudos (SP), os missionários seguiram para o território angolano logo em seguida, no dia 25 de setembro.

Trinta e cinco anos depois, a Fundação vive um tempo novo de amadurecimento após sua longa jornada de florescimento e estabelecimento da presença franciscana em Angola. São, atualmente, 90 frades angolanos que, ainda que oficialmente estão vinculados à Província da Imaculada, são reconhecidos como membros de uma entidade dentro dela, com identidade própria e inculturada na realidade local.

O ano de 2025, portanto, e especificamente o dia de hoje, marca 35 anos dessa história que se abre a um belo e novo horizonte a ser inaugurado no próximo dia 16 de outubro, quando a Fundação se tornará uma Custódia Dependente da Província da Imaculada, erigida pelo Ministro geral, Frei Massimo Fusarelli, após o Capítulo que será celebrado entre os dias 13 e 15 do mesmo mês, na Fraternidade São Francisco de Assis, no Palanca.

A celebração dos 35 anos da FIMDA

Logo ao alvorecer desta quinta-feira (25/09), às 7h da manhã, foi celebrada solenemente a Santa Missa, em louvor a memória viva que enriquece e ilumina a caminhada fraterna e missionária da Fundação, na Fraternidade Santo António, em Quibala, Angola.

A Celebração Eucarística foi presidida por Frei Marco Antonio dos Santos, mestre do Noviciado. Estiveram presentes também os membros do conselho, Frei Ivair Bueno de Carvalho, Frei Ermelindo Francisco Bambi e Frei José Morais Cambolo, além dos frades em tempo de ano missionário, vindos de diversas fraternidades, noviços e fiéis que se uniram em comunhão de fé.

No início da celebração, recordou-se com gratidão a chegada dos primeiros frades enviados do Brasil a Angola, atendendo ao apelo do Capítulo Provincial de 1988 que, preparando o centenário da restauração da Província pelos frades alemães, em 1991, assumiu o compromisso missionário em terras africanas.

Essa decisão foi reforçada pela carta do então Ministro geral, Frei John Vaughn, de 16 de janeiro de 1982 intitulada “A África nos chama: uma nova presença da nossa Ordem na África”. Nela, os frades eram exortados a manter o coração missionário aberto ao chamado deste continente. Assim, os primeiros confrades levaram consigo, por inspiração divina, a esperança de serem irmãos entre irmãos, testemunhando com simplicidade evangélica a paz e o bem.

No espírito das grandes festividades que a Ordem Franciscana tem vivido, particularmente pelo jubileu dos 350 anos da Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil e dos 35 anos da Fundação Imaculada Mãe de Deus de Angola, Frei Ivair, em sua reflexão, lembrou aos presentes que todos os frades fazem parte de uma tradição franciscana que São Francisco de Assis e seus companheiros viveram por inspiração divina. “Celebrar os 35 anos da presença franciscana em terras angolanas, como legado vivo dos primeiros frades que aqui chegaram, é reconhecer que, pela força do Espírito Santo, esse carisma se renova a cada dia, impulsionando-nos a seguir Nosso Senhor Jesus Cristo com testemunho de minoridade e fraternidade”, salientou.

Segundo o frade, ao celebrar o jubileu deste ano, “elevamos um hino de louvor e gratidão a Deus, que nos concedeu a graça de continuar a missão de sermos irmãos menores a serviço do Evangelho. Fortalecidos pelo testemunho do passado, firmes nas exigências do presente e esperançosos em relação ao futuro, desejamos que esta ação de graças produza frutos abundantes na vida da FIMDA e da Igreja em Angola”.

Caminho de amadurecimento e missão

A futura Custódia iniciará sua história em uma realidade estável e com promissoras perspectivas de crescimento. A entidade conta com sete fraternidades presentes em três províncias (equivalentes aos estados brasileiros) e cinco cidades diferentes. São 27 frades que já possuem vínculos permanentes com a Ordem, dos quais 14 são ordenados presbíteros. Conta, ainda, com outros 54 frades que se encontram em tempo de profissão temporária, renovando seus votos anualmente e concluindo sua formação como Frades Menores, que se dispõem à fidelidade ao chamado vocacional à vida franciscana, a dar testemunho claro de sua fé e espiritualidade às pessoas e a servi-las da melhor forma que puderem. A entidade forma, atualmente, nove frades noviços que percorrem um ano de intensa introdução à forma de vida franciscana e, ao final desse tempo, irão professar pela primeira vez seus votos religiosos.

Além desses irmãos, três frades brasileiros permanecem em Angola a serviço das fraternidades e do povo local, atuando junto aos frades angolanos na evangelização e formação. São eles: Frei Ivair Bueno de Carvalho, o atual Presidente da Fundação; Frei André Luiz da Rocha Henriques, pároco da Paróquia São Lucas, no Palanca; e Frei Marco Antonio dos Santos, atual Conselheiro e Mestre dos noviços. Além deles, dezenas de outros frades brasileiros já estiveram em Angola, dedicando-se a esta específica missão.

Para a nascente Custódia, o primeiro Custódio e seu conselho serão nomeados diretamente pelo Ministro geral e terão a importante missão de manter em andamento o processo de transição necessário para firmar definitivamente a estrutura da nova entidade e, esperançosamente, levá-la às condições necessárias para se tornar, um dia, uma futura Província da Ordem dos Frades Menores.

Contribuindo com a formação desses frades, a Província da Imaculada já acolhe parte deles para que realizem seus estudos teológicos ou completem sua formação em preparação para a profissão solene — quando se tornam permanentemente irmãos da Ordem dos Frades Menores. Para a manutenção das fraternidades e da formação dos irmãos ainda em Angola, a campanha permanente do Pró-Vocações e Missões Franciscanas, que reúne centenas de benfeitores pelo Brasil e, agora, também em Angola, deverá ser mantida para garantir a formação das próximas gerações nos dois países.

Que Nossa Senhora da Conceição da Muxima, padroeira de Angola, interceda por este momento da história da Ordem em terras angolanas. Que nosso Seráfico Pai, São Francisco de Assis, continue acompanhando seus passos e que este tempo de celebração se estenda não só por uma data histórica, mas por cada vida e trabalho realizado pelos irmãos em Angola.

Diferença entre uma Fundação e uma Custódia Dependente

Para esclarecer o significado deste marco histórico: uma Fundação é um agrupamento de fraternidades de uma Província, reunidas por motivos geográficos ou culturais, para as quais é nomeado, pelo Ministro provincial, um Presidente que tem como missão animar a vida e a evangelização dessas fraternidades, ser uma presença mais próxima do Ministro provincial localmente e intermediar as necessidades dos irmãos dessas fraternidades, levando seus assuntos ao conhecimento do Ministro e à sua decisão para, depois, comunicá-las e zelar por sua aplicação.

Uma Custódia Dependente, por sua vez, é uma entidade à parte da Província, ainda que conserve certo grau de ligação e dependência com uma Província ou com a Cúria geral diretamente. É eleito para esta Custódia um Custódio e um conselho que deverão animar a vida e a missão das fraternidades que a compõem e deliberar sobre as questões que a envolvem — ainda que, para alguns desses assuntos, não tenham plena autonomia de decisão. A relação entre uma Custódia Dependente e a Província é regida pelos Estatutos Gerais da Ordem e pelos convênios estabelecidos entre as entidades.

---

Frei Rodrigo da Silva Santos e Frades em Tempo do Ano Missionário FIMDA