Fraternidade Seminário Monte Alverne, em Angola, acolhe vinte e um aspirantes franciscanos
10/09/2025

Movidos pelo sopro da graça divina e pela livre e consciente disposição de corresponder ao chamado do Senhor, 21 seminaristas foram admitidos ao Aspirantado da Ordem dos Frades Menores, no Seminário Monte Alverne, em Catepa – Malanje, Angola, no último dia 30 de agosto. Em uma Santa Missa realizada na capela do local, Frei Canga Manuel Mazoa, guardião da fraternidade, presidiu a celebração e, juntamente com Frei Ivair Bueno de Carvalho, presidente da FIMDA; Frei António da Silva Manuel, vigário e orientador; além dos demais confrades, acolheram os frades aspirantes.
Esta etapa inicial da formação franciscana marca o início de um caminho de discernimento e amadurecimento vocacional, preparando os corações e a vida desses jovens para o passo subsequente rumo ao Postulantado.
Ainda nesta vertente litúrgica, todos os que se fizeram presentes, de certa forma, foram agraciados com a profunda homilia proferida pelo Frei Ivair Bueno de Carvalho. Suas palavras ressoaram como convite à reflexão e à decisão, conduzindo a assembleia a mergulhar nas raízes espirituais da vocação franciscana.
Com voz serena e convicta, o presidente da Fundação Imaculada Mãe de Deus de Angola (FIMDA) iniciou sua mensagem dirigindo-se aos irmãos que desejam seguir a Cristo à maneira de São Francisco de Assis. Recordou que a conversão do Pobrezinho de Assis encontra sua origem diante do Crucificado de São Damião. “Foi ali, no silêncio eloquente da cruz, que Francisco elevou ao Senhor a súplica que atravessa os séculos e continua a inspirar cada vocação: ‘Senhor, que queres que eu faça?’”, salientou.
A partir dessa experiência fundante, o pregador sublinhou que a vocação não é um acontecimento estático, mas um dinamismo contínuo que se renova diariamente com a mesma interrogação: “Senhor, que queres que eu faça diante do Crucificado?”. Segundo ele, esta pergunta deve iluminar cada escolha, animar cada serviço e fortalecer a esperança de todo cristão e franciscano.
Para além desta reflexão, Frei Ivair estabeleceu fecundo diálogo com as leituras proclamadas na liturgia. Na primeira leitura (1Ts 4,9-11), São Paulo exorta: “Vós aprendestes de Deus a amar-vos uns aos outros.” À luz desse ensinamento, o pregador destacou que São Francisco, em sua humildade radical, compreendeu a fraternidade não como projeto humano, mas como dom divino. Em suas próprias palavras: “Depois que o Senhor me deu irmãos, ninguém mais me mostrou o que eu devia fazer; o próprio Altíssimo me revelou.” Assim, cada irmão é presença de Deus, e cada fraternidade é expressão concreta da comunhão dos santos.

Por sua vez, o Evangelho (Mt 25,14-30), com a parábola dos talentos, reforçou o chamado à fidelidade cotidiana. O frade ressaltou que o tempo da graça é o hoje: o passado já se foi, o futuro pertence a Deus, e o presente é o espaço da decisão. Ser fiel no pouco, aqui e agora, significa multiplicar os dons recebidos, não permitindo que o medo ou a inércia os sepulte.
Neste ponto, o pregador advertiu com clareza que o medo não pode ser senhor da vida cristã. O temor de Deus, que é reverência e confiança, gera liberdade; já o medo humano paralisa e sufoca a vocação. Ao recordar a atitude do servo que disse: “Tive medo e escondi o teu talento na terra”, Frei Ivair exortou todos a não se deixarem dominar por esse sentimento, mas a viverem com coragem, confiança e entrega filial Àquele que chama e sustenta.
Concluindo sua homilia, convidou a assembleia a viver com fidelidade diária a vocação recebida, colocando os talentos a serviço da Igreja e do Reino. Deixou, assim, uma certeza consoladora: aquele que permanece fiel no pouco já participa, desde esta vida, da alegria do Senhor, e um dia será introduzido na plenitude eterna do Seu Reino.
Em harmonia com esta reflexão, ressoaram também as palavras de Santa Clara de Assis: “Não perca de vista o seu ponto de partida.” O Aspirantado é precisamente essa porta de entrada para a vida religiosa consagrada, tempo de mergulho na espiritualidade franciscana, mediante a convivência fraterna com os frades e a orientação formativa. É um período de descoberta, de Deus, do próprio coração e do caminho a percorrer.
Além disso, nesta etapa, os candidatos estudam a história e a espiritualidade franciscana, participam de experiências apostólicas que expressam o carisma e se inserem progressivamente na vida da fraternidade. Trata-se de um processo de discernimento mútuo, no qual tanto o candidato quanto a comunidade buscam reconhecer os sinais de um chamado autêntico à vida religiosa.
Portanto, esse tempo de formação configura-se como passo fundamental na caminhada vocacional: tempo de graça, de crescimento e de escuta atenta da voz de Deus, que chama cada um a responder com liberdade e amor ao Seu convite.
Por fim, elevamos nossas preces ao Altíssimo e Onipotente Bom Senhor, Princípio e Fim de todas as coisas, para que neste novo ano formativo derrame copiosas bênçãos sobre os aspirantes, sustentando-os em sua caminhada. Que a Virgem Maria, Mãe da Igreja e Rainha dos Anjos, junto de São Francisco e Santa Clara, os proteja e guie com ternura materna e fortaleza espiritual. Paz e Bem!
Texto e fotos: Frei Bernardino Quessongo









