Notícias - Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil - OFM

Encontro Regional do Espírito Santo marca, com Missa, os 350 anos da Província

21/08/2025

Notícias

Na noite de 17 de agosto, o Regional do Espírito Santo, junto à comunidade, reuniu-se no Santuário Divino Espírito Santo, em Vila Velha (ES), para a Santa Missa em ação de graças pelo Jubileu dos 350 anos da Província da Imaculada Conceição do Brasil, presente em terras capixabas, nos estados de Santa Catarina, Paraná, São Paulo e Rio de Janeiro, bem como na missão da Fundação Imaculada Mãe de Deus de Angola (FIMDA).

Foi no dia 15 de julho de 1675 que o Papa Clemente X, mediante a Bula Pastoralis Officii, erigiu oficialmente a Província da Imaculada Conceição do Brasil, desmembrada da Província de Santo Antônio do Brasil, esta erigida como Província no dia 24 de agosto de 1657.

A Província da Imaculada Conceição do Brasil, ao ser criada, contava com dez conventos. O mais antigo era o Convento de São Francisco, em Vitória (ES), construído em 1591. Atualmente, restam apenas parte da fachada e algumas ruínas, no local onde hoje funciona a Cúria da Arquidiocese de Vitória.  O segundo convento, sem dúvida o mais importante da então recém-criada Província, é o Convento de Santo Antônio, no Rio de Janeiro, erguido em 1608. Durante dois séculos, foi a sede provincial e o principal centro de formação dos frades nos estudos de Filosofia e Teologia, chegando a abrigar uma das mais ricas bibliotecas do Brasil.

Para celebrar este momento histórico e especial, estão sendo realizadas celebrações em todos os regionais das fraternidades, de modo que todos possam elevar a Deus preces de gratidão pela longevidade e, principalmente, pela atuação importantíssima dos franciscanos desde o início do Brasil, afinal, foram os frades que trouxeram para o Brasil, em 1500 a fé católica, tendo sido também um frade o primeiro a celebrar uma Missa na então Terra de Santa Cruz.

Ao longo dos séculos, a Província enfrentou muitos desafios, mesmo assim, resistiu às dificuldades, se sustentando pela graça de Deus e pela força do carisma de São Francisco de Assis, foi restaurada em 1875, retomando com vigor sua missão de evangelizar e servir ao povo brasileiro. Hoje, mais de 60 fraternidades e cerca de 350 frades compõem o território provincial. Sua vida e missão continuam marcadas pelo compromisso de viver e anunciar o Evangelho na simplicidade, na fraternidade e na dedicação aos mais pobres e necessitados.

Na homilia, o Ministro provincial agradeceu pela beleza do encontro com os confrades. “A nossa fraternidade é um dom bonito: reunir todos os freis nessa celebração é uma graça. Muito obrigado pelo esforço, pela vivência fiel e pelo serviço que vocês se dispõem a prestar ao povo que sobe ao convento com fidelidade, com devoção, com piedade, para celebrar a Eucaristia e receber a bênção do perdão.  Agradeço também aos frades de Colatina e desta paróquia de Nossa Senhora do Rosário, que, por meio da animação pastoral, imprimem um jeito franciscano de viver o Evangelho.  É isso que nós celebramos hoje: os 350 anos da nossa fraternidade provincial.  Trezentos e cinquenta anos é uma história feita por homens que, não guardando nada para si mesmos, quiseram e querem ainda evangelizar e viver o Evangelho”.

E continuou: “É uma história bonita, que precisa de ser lembrada com gratidão. Mas não apenas olhando para trás, projetando futuros, projetando manhãs alvissareiras. Queremos participar da vida do povo, chorar com os que choram, nos alegrarmos com os que se alegram, ter presente que Deus cumpre o que Ele diz, partilhar as dores e as esperanças, construir caminho de paz, de verdade, de justiça, de bondade. E nós temos o privilégio de contar com tantas pessoas que nos permitem sermos irmãos de caminhada. Nossa fraternidade quer ser irmã de todos os que nos permitem caminhar, seja a partir do convento da Penha, seja a partir da paróquia Santa Clara, lá em Colatina, seja a partir desta paróquia Nossa Senhora do Rosário, aqui em Vila Velha. Então, neste dia de festa, de solenidade, trago gratidão em nome de todos os frades, e aqui saúdo o Frei Gilberto, que faz parte do nosso Conselho Provincial, todos os frades da nossa província, os que já passaram por aqui, e até aqueles que desejam um dia estar aqui. Somos gratos ao povo do Espírito Santo por nos aceitarem como irmãos de caminhada. Muito, muito obrigado! Rezem por nós, corrijam-nos com caridade fraterna, orientem-nos, cuidem de nós, e nós queremos também fazer parte deste cuidado, tomar parte neste cuidado. Nós queremos e somos muito gratos por esta história”, destacou Frei Paulo.

Sobre a Solenidade da Assunção de Maria, o frade disse que é preciso “mirar o céu”, porque todos são feitos de céu e de glória. “Queremos dirigir o nosso olhar e mirar os céus, a glória, pois é dela que somos feitos. Embora a fragilidade do nosso corpo, embora a fragilidade dos nossos passos pareça ser a nossa marca e pareça ser a nossa tragédia, não. Somos feitos de céu, e é para lá que nós vamos. É para o céu, meu caro irmão, minha cara irmã, é para o céu. Nós somos feitos de céu. Nós somos feitos de glória. E a nossa vida frágil, a nossa vida limitada, carente, ela é cheia da graça do Senhor que nos leva para o céu. Por isso, ter os olhos fixos no Senhor. Ter os olhos fixos no céu, onde Deus está. E evidentemente que esta mirada confiante na direção do céu não deve desconsiderar a vida que nós temos na terra. Por isso, o texto do Evangelho que nós ouvimos, ele traz esta chave. Ele nos possibilita enxergar assim e cantar como Maria”, disse.

“Quando, a partir do diálogo com sua prima Isabel, acontece o encontro das duas crianças ainda nos ventres de suas mães, vemos ali o encontro da promessa de Deus com o seu cumprimento. É um encontro fecundo: Deus cumpre o que Ele diz. E, a partir dessa experiência e dessa convicção confirmada, Nossa Senhora entoa o cântico: ‘Minha alma engrandece o Senhor, meu espírito exulta em Deus, meu Salvador. ’ Como nos recorda Frei Clarêncio em seu livro — que, aliás, recomendo a todos que ainda não leram — esse cântico de Maria retoma as convicções do Primeiro Testamento e nos faz perceber a ação de Deus na história, no hoje da vida de todos que creem e desejam ser fiéis a Ele. Deus age em nossa história, transforma nossa história, compromete-nos com a reversão das situações de injustiça, de maldade, de fome, de abandono e de aprisionamento. Ele vem em nosso socorro, vem ao encontro de nossas fragilidades; por isso, nossa alma, feita de céu, pode exultar o Senhor. E é isso que celebramos: a vida que já tem gosto de céu. Podemos experimentar esse céu aqui e agora, a partir de gestos bem concretos. Não posso deixar de recordar uma feliz coincidência: na última vez em que presidi missa nesta igreja, já faz algum tempo, vi uma cadeira fruto da pastoral que recolhe tampinhas e as transforma em solidariedade, em gesto concreto. Hoje, já não é a primeira, mas a oitava cadeira de rodas conquistada. Um gesto de cuidado com a natureza — ao preservar o ambiente e reciclar materiais — que brota de um coração solidário. Pequenos gestos assim revelam nossa fé em Deus e nos lembram que Ele cuida de nós e nos chama a cuidar uns dos outros”, finalizou Frei Paulo”.


Cristian Oliveira (ASCOM)