Notícias - Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil - OFM

Romaria ao Convento: “Família é lugar da acolhida, da materialização do amor”

19/08/2025

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Na tarde do último sábado (16), a Arquidiocese de Vitória realizou o encerramento da Semana Nacional da Família. A tradicional Romaria das Famílias reuniu centenas de fiéis que percorreram o trajeto do Santuário Divino Espírito Santo, no centro de Vila Velha (ES), até o Campinho do Convento da Penha.

Diversas famílias dos movimentos e serviços da Pastoral Familiar (Setor Vida e Família) participaram, levando no coração a devoção à Padroeira e manifestando o desejo de se tornarem “peregrinas de esperança”, pelo exemplo da Sagrada Família. Padres, religiosos e seminaristas também estiveram presentes na Celebração Eucarística que foi presidida pelo Frei Gabriel Dellandrea.

Na homilia, o Guardião definiu o que é ser família. “A vida cristã não é uma ideia, é uma prática. E aqui proclamamos que ser família não é uma ideia, é uma realidade. Ser família não é só um conceito, mas uma prática constante. E por isso assim como Deus se tornou um corpo real entre nós, nós também queremos ser a realidade, a materialização em família de conceitos que sempre ouvimos como bons. Na família é o lugar onde o perdão se torna matéria. Não é só uma ideia bonita colocada na agenda, mas o perdão é abraço, o perdão é acolhida. Na família o diálogo não é só uma intuição interessante, mas é um exercício de sentar-se à mesa e colocar de vez em quando os pingos nos ‘is’ para que tudo possa continuar caminhando bem”, destacou.

“A família também é o lugar da acolhida. E acolher por vezes é justamente sentir o corpo do outro que nos abraça e diz eu estou contigo, me perdoe, eu te amo, que saudade que eu estava de você. É transformar em matéria a ideia bonita que muitos proclamam e poucos fazem. Por isso ser família é a materialização do amor.

Sobre a Solenidade da Assunção de Maria, o frei explicou a importância deste dogma. “Ouvinte da Palavra de Deus, como ouvimos no Evangelho de hoje, feliz foi ela porque ouviu a Palavra do Senhor e se deixou moldar. Não foi só a mãe, mas na sua grandiosidade se torna discípula. E por isso, na cruz, não morre a mãe, mas nasce a Mãe da igreja. Dada por Cristo esta missão à sua mãe. Mãe, eis aí o teu filho. Nós somos esses filhos desta mãe gigante que nos convida a olhar para o céu e que temos certeza que nos acolhe nas nossas dores, como uma mãe acolhe o filho pequeno. E esta Solenidade da Assunção da Virgem Maria é muito marcante para a história da igreja. Por muitos anos ela demorou de ser proclamada, mas foi proclamado esse dogma num momento muito interessante, no ano de 1950. Estávamos vivendo o pós-Segunda Guerra Mundial e a igreja proclama esse dogma onde nós dizemos que Maria subiu de corpo e alma para o céu”, disse.

E continuou: “A palavra ‘corpo’ nos parece por um momento estranha, porque nós às vezes temos uma certa dificuldade com o nosso corpo. Quando pensamos em algo de Deus, só pensamos no céu, na eternidade. E é realmente, mas o nosso corpo também é a criação de Deus. Por isso a igreja proclama que Maria subiu de corpo e alma e o seu corpo é para nós também um exemplo de como bem usar o corpo. E a igreja ao proclamar o dogma da Assunção da Virgem Maria, logo depois da segunda guerra mundial, onde o corpo foi destruído pela violência, afirma que o corpo também é templo do Espírito Santo, deve ser guardado, deve ser respeitado. O corpo é onde podemos manifestar a graça de Deus”, lembrou.

“A vida cristã, irmãos e irmãs, não é só uma ideia, é corpo. Também se materializa no nosso corpo e se transforma em ação, em gesto concreto até quando chegarmos no céu. O corpo é, portanto, um caminho da obediência a Deus, assim como viveu a Virgem Maria. E São Bernardo de Claraval afirma que a Virgem Maria concebe pelo Espírito Santo através do ouvido e da obediência. E ele conta a história dizendo que no céu, no dia em que o anjo Gabriel, meu xará, desceu a essa terra e veio convidar Maria para ser a mãe do Salvador, ele conta que o céu inteiro ficou parado. O coral dos anjos até ficou esperando se ela ia dizer sim ou não. E ele conta que por um segundo a criação inteira suspendeu a respiração. Ela vai dizer sim ou não? Mas humilde e serva, é claro que só podia dizer sim. E aí os anjos cantaram e não pararam mais. Porque o mistério da salvação ali estava dando um grande passo, de vir ao encontro do ser humano através do amor de Deus que se encarna e se coloca como exemplo. E por isso Maria não é grande porque se engrandeceu, mas o Senhor vendo a sua humildade a elege como grande, a edifica, a engrandece e faz com que o seu corpo tenha lugar lá no céu. Por isso o corpo é também a possibilidade da manifestação de Deus”, ilustrou Frei Gabriel.

Por fim, o frade ressaltou que o Convento é local de encontro das famílias. “Que as famílias possam encontrar aqui no Convento um lugar para exercitarem a realidade da família, que aqui vocês possam ser peregrinos, que vocês possam ser acolhidos, que aqui vocês encontrem o lugar material para expressar o dom da fé, que o convento possa também ser esse espaço. E que não acabe aqui, mas que vocês levem um pouco do Convento para o convento da casa de vocês, da vida de vocês, da família de vocês. Que o Convento da Penha possa ser tantos outros lugares e que essa celebração não encerre a preocupação legítima com a família. Que daqui saiamos com uma vontade imensa de olhar para o céu, buscar em Deus a forma perfeita de ser família e aplicar na realidade da nossa casa e do nosso dia a dia os valores do céu já aqui na Terra. Que esta nossa peregrinação ao convento nos encha da esperança de sermos uma grande e boa família. E somos também uma família de fé, porque cremos em um mesmo Deus”, finalizou.

Foram vários momentos especiais e marcantes, como o ato penitencial e as preces feitas por duas famílias, com crianças, idosos, adolescentes, pai e mãe. A emoção também tomou conta, principalmente quando a Imagem da Sagrada Família foi entronizada ao final, antes da bênção.


Cristian Oliveira – ASCOM