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Eleições municipais: um exercício de cidadania

06/10/2024

Notícias

Foto: Antonio Augusto/ASCOM/TSE

Neste dia 5 de outubro, a Constituição Federal, a principal garantidora da democracia brasileira, completou 36 anos. Em seu artigo 14, a Carta Magna estabelece que “a soberania popular será exercida pelo sufrágio universal e pelo voto direto e secreto, com valor igual para todos”.
É por meio deste direito legal que mais de 155 milhões de eleitores aptos a votar irão às urnas neste domingo, 6 de outubro, para escolher prefeitos e vereadores dos 5.568 municípios, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Recentemente, a ministra do Supremo Tribunal Federal, Cármen Lúcia, que também é a atual presidente do TSE, afirmou que o voto é a expressão de cidadania e um ato necessário para que o povo “continue a ter as instituições constitucionalmente estabelecidas e civicamente atuantes”.
Diante deste cenário vasto, repleto de cidadãos e cidadãs que desejam um futuro melhor para o país e suas cidades, a esperança marca presença. A história política do Brasil já passou por diferentes momentos que nos garantiram, na atualidade, a democracia e, com ela, o direito ao voto.
Ainda há quem pense que votar é uma bobagem, uma perda de tempo, pois muitos já se desanimaram com a política e com os políticos legitimamente eleitos, aqueles que muito prometem e nada fazem, ou que se corrompem diante do poder. Mas por que esses representantes do povo agem dessa forma? Por que, depois de eleitos, deixam de colocar em prática toda a beleza de seus discursos feitos durante as campanhas eleitorais? Nesse contexto, as promessas soam como um canto da sereia, tão lindo e envolvente que leva as pessoas a acreditar, confiar e mergulhar nas profundezas das falsas promessas.
A resposta para essas e tantas outras perguntas está na história recente do Brasil, considerando nosso tempo de existência como República e também a falta de consciência política, que muitas vezes, ou quase sempre, deixa de ser trabalhada nas escolas. Sabemos e estudamos pouco sobre o nosso país.
Em nossa Constituição de 1988, o primeiro parágrafo do artigo 14 institui que o alistamento eleitoral e o voto são obrigatórios para todos os maiores de 18 anos e menores de 70 anos. Portanto, é obrigatório votar até os 70 anos. O voto é facultativo para jovens maiores de 16 anos e menores de 18 anos e para os analfabetos.
Mas precisamos ter consciência de que, antes de ser uma obrigação, temos o compromisso moral de exercer nosso direito de cidadãos. É importante lembrar que muitas pessoas, ao longo da nossa história, sofreram e morreram para garantir o nosso direito de escolher, por meio do voto, aqueles que nos representarão, no caso atual, na prefeitura e na câmara municipal, por um período de quatro anos.

Presença da Igreja 
Quando falamos de consciência política, a Igreja no Brasil também teve e tem um papel importante no trabalho de orientação e estímulo à reflexão do povo de Deus, para que todos caminhem em direção ao bem comum.
“O voto consciente é algo que se espera de um cristão batizado. Deixar de votar ou anular o voto, na verdade, é abrir espaço para quem está interessado em promover uma política descomprometida, agindo em benefício próprio, ao invés de se doar pelo bem comum. Neste sentido, o empenho da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), em seus diversos regionais, em conscientizar o eleitor para o exercício cidadão do voto, é uma resposta cristã e evangélica diante dos muitos desafios que vivemos atualmente em nossas cidades”, disse Frei Gustavo Wayand Medella, Vigário Provincial da Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil.
Em entrevista ao frade no programa radiofônico “Manhã Franciscana”, que vai ao ar na Rádio Celinauta, em Pato Branco (PR), nas rádios franciscanas Coroado e Movimento, ambas de Curitibanos (SC), e também pelo canal do Spotify da Província, Dom Geremias Steinmetz, Arcebispo Metropolitano da Arquidiocese de Londrina, respondeu à pergunta sobre a importância do voto nas eleições municipais.
“Primeiro, devemos destacar que fazemos parte de uma sociedade. Não vivemos isolados, não somos uma ilha, por isso precisamos estar atentos aos problemas que nossa sociedade enfrenta. Quando participamos ativamente das questões políticas por meio do voto, estamos tentando entender qual é o melhor caminho que devemos seguir como cidadãos na nossa sociedade, comunidade e, especialmente, em nossos municípios. Assim, também estamos participando verdadeiramente das soluções”, afirmou.
Ainda sobre a importância do voto, o Arcebispo completou: “Se eu deixo de lado minha participação e não valorizo esse meu direito, estou entregando as soluções para quem pode pensar diferente ou contrário ao que eu acredito. A política é a organização da sociedade que eu quero, que a Igreja quer.”
Dom Geremias ressaltou que, para os cristãos, o direito ao voto é um compromisso assumido com a sociedade, sendo também a principal forma de garantir a manutenção da democracia. “Já sofremos ameaças no Brasil de tantas outras formas de governo, e queremos continuar na linha da democracia. A gestão pública que eu quero é também a que a Igreja quer, que é a própria proposta de Jesus Cristo, que o Reino de Deus deseja para que o mundo tenha vida em plenitude. ” Segundo ele, a certeza que devemos ter é que, para ser um bom cristão, os filhos e filhas de Deus precisam ser bons cidadãos.
A Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil também assumiu seu compromisso com a sociedade, apoiando ações que buscam estimular o exercício da cidadania. No mês de agosto, a Revista Casa Comum, uma produção vinculada ao Sefras – Ação Social Franciscana, e o Projeto “Encantar a Política”, da CNBB, promoveram o curso “Mutirão pela Democracia – Eleições 2024”, com rodas de conversa que trouxeram à tona aspectos relevantes da história política do Brasil e da luta pela manutenção da democracia no país.
Acompanhando esse movimento de conscientização, neste domingo, os cidadãos e cidadãs seguem para as urnas cheios de esperança, com a certeza de que sua realidade pode mudar por meio do voto, sua principal forma de garantir o exercício da cidadania.

Confira a entrevista completa com Dom Geremias


Adriana Rabelo