Frei Valdecir: “São Francisco está muito à nossa frente”

04/10/2023

São Paulo (SP) – O clima ameno nos últimos dias em São Paulo, depois de muito calor, ajudou nas festividades de São Francisco de Assis, na Paróquia da Vila Clementino, em São Paulo, onde também está a Sede da Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil. O pároco Frei Valdecir Schwambach presidiu a Missa do meio-dia. Segundo ele, São Francisco é o fundador da Nossa Ordem Franciscana, o modelo, e a fonte de inspiração. “Talvez São Francisco seja esse santo tão especial, querido, amado por todos nós porque ele tem esse aspecto da docilidade de Deus, da docilidade de Jesus”, disse, acrescentando ainda a simplicidade e a humildade de Jesus.

O dia 4 de outubro foi de festa, exatamente no ano dos Jubileus dos 800 anos de Aprovação da Regra dos Frades Menores e o Natal de Greccio, dois acontecimentos que marcaram as pregações. Muitos fiéis participaram das celebrações e um grande número de pessoas fez fila para abençoar seus animais de estimação.

Na Vila Clementino, os frades se revezaram para atender aos pedidos de bênçãos dos animais e das pessoas. Na frente da majestosa igreja foram armadas barracas de pastéis, bolos e artigos religiosos. As Missas começaram às 7h e terminaram às 19h30.

Segundo o pároco, São Francisco foi o santo por excelência e contemplou a Encarnação de Jesus. “Hoje em dia, de forma muito disseminada por todos os cantos, pela internet, pelas redes sociais, encontra-se uma espiritualidade, uma teologia, que se esquece desse aspecto crucial da nossa fé cristã. O aspecto da Encarnação de Jesus. Paulo vai dizer em suas cartas: ‘Jesus Cristo, existindo em condição divina, não fez do ser igual a Deus uma usurpação, mas ele esvaziou-se a si mesmo, assumindo a condição de escravo e tornando-se igual aos homens’. João vai dizer: ‘Deus armou a sua tenda, a sua morada em nosso meio’. Ignorar esse aspecto fundamental da nossa fé, da nossa espiritualidade cristã e católica, é negar Jesus. É negar a Encarnação de Deus, o mistério de Deus, que quis fazer-se humano para falar para nós, para o nosso coração, com voz humana, com olhar humano, para alcançar os nossos sentidos, as nossas enfermidades, as nossas fraquezas, as nossas decepções, sendo ele mesmo um ser humano. Só sendo humano para nos entender, para falar aos nossos ouvidos, sentir o que nós sentimos. Um Deus sendo Deus veio falar conosco”, refletiu Fre Valdecir.

Segundo ele, por isso que São Francisco celebrou o Natal de Greccio e, neste ano, celebramos os 800 anos do Natal de Greccio. “Muitas pessoas podem estranhar que estamos com um presépio fora de época há vários meses. Esse presépio foi colocado para lembrar esta data e o primeiro presépio, o primeiro o Natal de Francisco”, explicou.

“São Francisco quis visualizar a humildade de Deus que nasceu numa manjedoura. Por isso, o presépio é colocado diante de nós como uma forma para despertar em nós a criança que dorme. Despertar eterno Menino, a eterna Criança que está adormecida. Jesus vai dizer: Só entra no Reino de Deus aquele que, ao longo da vida, não perde a dimensão de eterna criança. De acordar o Menino que está diante de nós. Por isso, celebramos toda a Ordem, toda a Família Franciscana, assim como também celebramos os 800 anos da Regra que São Francisco escreveu como um modelo de vida para os frades e toda Família Franciscana que vivia a partir da sua inspiração. A Regra não é uma letra morta. Uma Regra orienta para o Evangelho de Jesus a cada um de nós”, acrescentou.

Hoje, estamos celebrando a Festa de São Francisco de Assis. Nós olhamos com muita gratuidade para São Francisco. Essa festa é mais que uma memória, é um compromisso. Nós não estamos celebrando algo que ficou no passado. São Francisco é o santo que viveu há mais de 800 anos, mas se fôssemos olhar carinhosamente para ele, São Francisco está muito à nossa frente. Muito mesmo na nossa frente! O cuidado, o respeito, a veneração por cada ser criado, por cada elemento da natureza, ele tem muito a nos ensinar. São Francisco poderia nos inspirar a construir um mundo melhor, mais leve, mais igual, um mundo onde cabe todo mundo”, concluiu.

Moacir Beggo