Ministro Geral em Greccio: esperança, silêncio e fragilidade para viver o Natal
26/12/2022
Por ocasião da solenidade do Natal, o Ministro geral, Frei Massimo Fusarelli, presidiu no dia 24 de dezembro de 2022, a Missa do Galo em Greccio, Itália.
Greccio está localizada na província de Rieti e, em 2023, celebrará 800 anos do nascimento do presépio. Na véspera da noite de Natal de 1223, São Francisco criou o primeiro presépio da história do Cristianismo. Ao longo de oito séculos esse lugar tem sido meta incessante de dezenas de milhares de peregrinos por ano, de todas as partes do mundo.
“Esta noite de Natal em Greccio também é atravessada pela luz, não das nossas tochas, como no tempo de Francisco, mas da esperança de que precisamos urgentemente neste tempo sombrio em que vivemos. Esperança como palavra-chave para este Natal. A esperança, sabemos, não é otimismo, mas poder que nos permite ver uma grande luz mesmo quando caminhamos no escuro, como cantava Isaías. Esta certeza abre-nos para o futuro, permite-nos perscrutar o horizonte para além da nossa pequena visão”, disse Frei Massimo na sua homilia.
Segundo o Ministro Geral, o nascimento de um filho é sempre uma nova oportunidade, um novo começo, um motivo de esperança. “Este Menino que nasce em Belém no afresco de Greccio tem um pequeno sepulcro como presépio, porque já é o Ressuscitado, já é aquele que nasce definitivamente para a vida depois de ter passado pela nossa morte na cruz. Ele é o Ressuscitado, o que vive para sempre, a razão da esperança cristã. Ele é a verdade e a realidade da existência de cada ser humano, da história”, observou Frei Massimo.
Para o Ministro Geral, acolhemos esta esperança nesta noite em silêncio. E, segundo ele, aqui está outra palavra-chave de Natal. “A Escritura nos diz que enquanto o silêncio envolvia tudo, a sabedoria de Deus descia de seu trono em nosso meio. Deus não atua no barulho e alarido da fama e do sucesso, mas no silêncio dos começos humildes. A página de Lucas nos lembra fortemente disso”, lembrou.
“Também precisamos urgentemente de silêncio para alimentar a esperança. Ou seja, o contato conosco, com os outros; uma escuta mais profunda e atenta que só o silêncio permite. Necessitamos do silêncio para entrar em contato com nossa interioridade e nela reconhecer a presença amorosa de Deus que nos acompanha e constitui nossa consistência mais profunda. Podemos encontrar o silêncio novamente?”, indagou Frei Massimo.
Para ele, o silêncio alimenta a esperança, não para nos tornarmos fortes e poderosos, mas para abraçar nossa fragilidade. Segundo ele, aqui está outra palavra do Natal cristão. “São Francisco diz que o Verbo de Deus quis nascer na fragilidade da nossa carne humana. Ao se tornar homem, ele escolheu o limite de nossa condição humana, suas limitações, seus trabalhos”, acrescentou.
“Natal, então, significa educar-nos e educar a fragilidade, aprendendo a não temê-la e, ao mesmo tempo, a não pensar que permanecemos quietos nela”, ressaltou.
Frei Massimo recorda que muitas vezes tem ouvido o lamento de que o Natal ficou sem Jesus e que a sua dimensão religiosa é agora praticamente invisível. “É fácil dizer que é assim. Embora eu me pergunto:
Nós, cristãos, sabemos mostrar com a nossa vida a esperança do Natal, do recomeço deste Menino e da sua vida, que é o início da nossa vida, da nossa ressurreição?
Nós, cristãos sabemos, em um silêncio que é atenção e cuidado, acolher, escutar, promover o outro na sua dignidade?
Nós, cristãos, ainda sabemos dedicar espaços de silêncio para escutar o Senhor que fala em sua palavra, dos outros, da criação e das circunstâncias da nossa vida?
Nós, cristãos, sabemos acolher a fragilidade sem julgá-la nos outros, sem eliminá-la ou evitá-la? Honramos, assim, a frágil humanidade de nossa carne, que o Senhor escolheu como sua morada permanente? Em suma, demos consistência de fé ao Natal, mostremos a sua novidade permanente, e o Senhor que vem no meio de nós continuará a ser o princípio da esperança para muitos, no silêncio de muitas vidas e na fragilidade de muitas histórias.
A todos um Feliz Natal de Jesus Cristo em nossa carne mortal, invocando para o mundo o dom da paz na justiça, para uma nova humanidade.
Fonte: www.ofm.org