D. Maurício: “Essa é a palavra de Frei Jhones a Jesus hoje: Senhor, tu sabes que eu te amo!”
26/03/2022
Macatuba (SP) – A bela Igreja Matriz de Macatuba, no interior de São Paulo, lotou neste sábado, 26 de março, para ver um dos momentos mais sublimes e esperados de um jovem que se prepara anos para o ministério do serviço de Pastor: Frei Jhones Lucas Martins recebeu o sacramento da Ordem, o Presbiterato, das mãos do Arcebispo de Botucatu, Dom Maurício Grotto de Camargo, para ser, em nome de Cristo, pela palavra e pela graça de Deus, pastor da Igreja.
A celebração, que durou mais de duas horas, marcou pela solenidade, emoção e alegria. Além dos seus confrades de turma, que já estavam presentes durante a Semana Missionária, frades do Convento São Francisco, onde residiu recentemente, e da região marcaram presença, bem como o Ministro Provincial, Frei Paulo Roberto Pereira, e o Vigário Provincial, Frei Gustavo Medella, assim como religiosos, sacerdotes e seminaristas da Arquidiocese. Presente também o Prefeito de Macatuba, Anderson Ferreira.
Frei Gabriel Dellandrea, animador do Serviço Vocacional, saudou a todos com caloroso “paz e bem”, acolhendo os irmãos e as irmãs que vieram de perto e de longe, como as caravanas de Duque de Caxias (RJ) e Gaspar (SC).
Frei Jhones, que escolheu o lema “Completai em mim a obra começada” (Salmo 137) para sua ordenação, foi apresentado ao Senhor tendo seus pais, Donizetti Martins e Maria Aparecida dos Santos Martins, a seu lado na procissão inicial.
O rito da ordenação presbiteral começou antes da homilia de Dom Maurício, com a chamada do candidato. Animado e alimentado com a Palavra de Deus, Frei Jhones foi chamado pelo diácono Frei Josemberg Cardozo Aranha para frente do altar: “Queira se aproximar o que será ordenado presbítero, Frei Jhones Lucas Martins”. Ele, então, respondeu: “Aqui estou!”.
Ao pedido do Vigário Provincial ao bispo para que ordenasse Frei Jhones, Dom Maurício perguntou: “Podes dizer se ele é digno deste ministério?” E ouviu a seguinte resposta de Frei Gustavo Medella: “D. Maurício, Frei Paulo Pereira, Pe. Silvano, todos irmãos confrades aqui presentes, tendo ouvido o povo de Deus, tendo ouvido os confrades formadores, os colegas de caminhada de nosso estimado Frei Jhones, posso dar testemunho que ele é digno desse ministério”. Dom Eduardo: “Com auxílio de Nosso Senhor Jesus Cristo e Salvador, nós escolhemos esse nosso irmão para a Ordem do Presbiterato! Graças a Deus!”
Logo após, o Arcebispo de Botucatu, como de costume nas ordenações sacerdotais, conferiu uma belíssima homilia de cunho bem franciscano. “Saúdo com muito carinho nosso querido Ministro Provincial, o Frei Paulo Roberto Pereira, e na sua pessoa toda a família franciscana da Imaculada Conceição. Gostaria que ficassem de pé, porque muitos de nós, em poucas oportunidades podemos visualizar tantos irmãos de Francisco juntos. Vamos saudá-los com uma salva de palmas”, disse, pedindo orações pelas vocações franciscanas “com seu carisma encantador”. Ele saudou e agradeceu o pároco Pe. Silvano Palmeira e o povo de Macatuba, assim como as caravanas de Duque de Caxias e de Gaspar. Depois chamou os pais de Frei Jhones para ficar do seu lado e estendeu sua saudação à toda família do ordenando.
Por último, saudou Frei Jhones. “Eu fiquei muito positivamente surpreso, graças a Deus. Primeira coisa que vi quando entregou o convite e o livreto, foi o lema que escolheu, do salmo 137:’Completai em mim a obra começada’. A obra começada no amor do pai e da mãe. A obra começada no batismo, para o qual os pais te levaram. Ele se coloca diante de Deus humildemente. Não como um que já é perfeito, santo, e que vai fazer e desfazer e vai superar todos os que vieram antes dele, padres, irmãos franciscanos, e assim por diante. Não, ele se coloca humildemente. Eu preciso ser completado. A sua obra precisa continuar. É assim mesmo”, ensinou.
“Completai em mim a obra começada, na família, na Igreja doméstica, no batismo, na crisma. No batismo nos tornamos discípulos e seguidores de Jesus. Completai em mim, sobretudo, a obra da Eucaristia, o sacramento que nos acompanha nesse memorial da vida pessoal, comunitária e eclesial”, acrescentou, dizendo que para escolher este lema Frei Jhones teve ajuda do Espírito Santo e de Francisco.
“Foi ele que escolheu esse lema. Ele deve ter rezado muito, pensado muito e foi inspirado, graças a Deus”, observou. “E aparece claro que ele, depois de muita oração, escolheu essa liturgia da Palavra. Escolheu esse Evangelho, cujo o tema central é o amor, mas o amor de Deus que é fiel, o amor de Deus que vai completando a obra iniciada, à medida que nós confiamos, que nós colaboramos”, emendou. Segundo ele, Deus nos ama à parte, para além dos nossos pecados, para além da miséria de cada ser humano: “Ele simplesmente ama”.
“Completar a obra significa deixar de pensar como homens e passar a pensar como Deus. De uma forma muito mais simples e concreta, deixar de pensar como homens significa deixar de crer nas promessas do ter, do poder, do prazer, e passar acreditar que o único e autêntico poder de salvar o ser humano e toda a humanidade é amor”, disse.
“Alguns anos como padre eu fui, a exemplo de Francisco, aos pobres, aos doentes, aos estigmatizados, aos rejeitados. Onde se viu andar com essas pessoas, acolher essas pessoas na casa paroquial! Por que nos pobres eu descobri que amava meus pais de verdade? Porque de fato, amar os pobres não é fácil. A história de Francisco não é nem fictícia nem romântica. É difícil mesmo. O pobre, o marginalizado, o bêbado é aquela pessoa que não tem nada para dar em troca. Muitas vezes você entra contato com uma pessoa que não tem boa aparência, não tem dinheiro, não cheira bem, ao contrário, não tem nada para te dar, ou até provoca rejeição: ou um tipo de doença, ou o drama que a pessoa vive, ou ameaça porque a pessoa não está no pleno uso da razão. A hora que eu for capaz de amar aquela pessoa que não tem nada, esse é o Cristo Crucificado diante do qual Francisco mudou a vida dele e depois passou a viver no mundo, construindo igrejas. Foi diante do Cristo Crucificado que Francisco percebeu esse mistério, essa chave. Qual chave? Que eu descobri também. Não amava meu pai. Amava aquilo que ele me dava. E vice-versa. A partir da experiência com as pessoas que ninguém quer amar porque não são amadas, aí, sim, Deus pôde completar a obra em mim, me fazendo olhar meus pais com outros olhos. Antes os olhos eram de interesses. De repente, os olhos do próprio Cristo, do amor verdadeiro”, refletiu.
“Quando o Frei Jhones fala ‘completar em mim a obra começada’, ele está querendo amar aqueles que ninguém quer amar, como Francisco amou, e como Jesus mais ainda. E o próprio Pedro. Ninguém se converte de um dia para o outro. Pedro foi convertendo aos poucos, de modo que ele já podia responder a Jesus: agora estou enxergando o que é o verdadeiro amor. Senhor, tu sabes que eu te amo! Essa é a palavra de Frei Jhones a Jesus hoje: Senhor, tu sabes que eu te amo!”, concluiu.
Na sequência, diante da Igreja, Frei Jhones manteve um diálogo com o bispo, que manifestou o seu consentimento para o ministério presbiteral, suas funções e o seu modo de vida.
Depois, de joelhos, colocou suas mãos nas mãos do bispo e prometeu obediência a ele e ao seu legítimo superior. Em seguida, prostrado, em sinal de total dedicação a Deus, o eleito e toda a assembleia cantaram a Ladainha de Todos os Santos, pedindo assim a intercessão daqueles que nos precederam na fé. Veio, então, o momento central da ordenação: a imposição das mãos e a Oração Consecratória.
Cada momento ou gesto do rito foi explicado por Frei Gabriel. Pela imposição das mãos do bispo e pela Prece de Ordenação será conferido a Frei Jhones o dom do Espírito Santo, que o transforma e o capacita para a sua missão. “Nós acompanhamos em total silêncio”, pediu.
Terminado este momento, Frei Jhones recebeu as vestes de presbítero (casula e estola), trazidas pelo irmão Júnior. Frei Jhones foi revestido dos paramentos próprios do presbítero com a ajuda do Ministro Provincial, Frei Paulo Roberto Pereira.
O bispo, agora, ungiu com o óleo da crisma a palma das mãos do novo presbítero e atou suas mãos, que foram desamarradas pelos pais. Frei Jhones, então, deu a sua primeira bênção aos pais, enquanto era saudado pela assembleia. Na sequência, Frei Jhones recebeu as ofertas do pão e do vinho. O cálice foi trazido por sua irmã Ana Paula. Dom Maurício as entregou a Frei Jhones como sinal de oferenda do povo que, de agora em diante, ele irá apresentar em cada Eucaristia.
Num gesto de comunhão fraterna, representando a acolhida do neo-sacerdote entre os presbíteros, Frei Jhones recebeu o abraço da paz de Dom Maurício e de seus confrades e sacerdotes presentes na Celebração. Terminado o rito, Frei Jhones já pôde participar como concelebrante da Eucaristia.
AGRADECIMENTOS
Pe. Silvano Palmeira agradeceu à Comunidade Paroquial que não mediu esforços para que a ordenação acontecesse e também agradeceu pela ajuda aos frades durante a Semana Missionária em preparação para este momento.
Frei Paulo Pereira falou da gratidão de todos os frades da família que vai desde Santa Catarina até o Espírito Santo, ousando levar ao mundo Paz e Bem: “É uma ousadia por causa da nossa incompletude, da nossa fragilidade. Gratidão ao povo que reza por nós, ao povo que nos acompanha. Gratidão a esta paróquia inspirada em Santo Antônio que vai sempre se lembrar de nós. Olhando para o Padroeiro vai falar: ‘É daquela família!’ E cada vez que tiver festa de Santo Antônio, todo mundo vai lembrar: ‘Os irmãos de Santo Antônio já andaram por aqui. Muito obrigado a esta Paróquia, ao Pe. Silvano, desde o primeiro momento muito acolhedor no exercício da fraternidade, que é tão caro a São Francisco. D. Maurício, muito obrigado. O sr. disse no sermão que foi conhecer o Frei Jhones e o convidou para almoçar. Junto à mesa nos damos a conhecer. E hoje tivemos o privilégio de estar à mesa da Eucaristia, o sr. deu o Pão Eucarístico para todos nós e temos certeza que nos conhecemos mais e nos comprometemos a servir melhor o povo. Obrigado, D. Maurício, que não é franciscano de hábito, mas é franciscano de coração. Obrigado Frei Jhones que deve servir ao povo. Todo presbítero, especialmente o presbítero franciscano, não deve nunca arredar o pé dessa missão. Servir e amar o povo, sobretudo o povo mais simples, o povo mais necessitado. Rezem sempre por nós e por nossa missão!”
Frei Jhones fez os agradecimentos e disse que Deus deu a graça de pertencer a três famílias: “A primeira, são os meus pais, meus sacerdotes que ofereceram a Deus minha vida, seus irmãos, sobrinhos, tios e tias, avós que do céu (se emociona) acompanham esse momento com suas preces. Depois, Deus deu a família franciscana, que me acolheu em 2010. Nos últimos anos, ganhei novas famílias: primeiro nesta Paróquia de Macatuba, depois na Paróquia em Duque de Caxias, no Convento e Santuário São Francisco, na capital, nas famílias das casas de formação e agora na Paróquia São Pedro Apóstolo de Gaspar”, lembrou.
“Só uma coisa lhe peço: completai em mim a obra começada e que o ministério que hoje abraço seja para louvor e glória da Santíssima Trindade e a ela rendo louvor e glória”, completou.
Frei Roger Strapazzon (Fotos) e Comunicação da Província da Imaculada Conceição