3º Encontro Nacional da Pascom: algumas provocações
30/07/2012
Por Frei Gustavo Wayand Medella
O 3º Encontro Nacional da Pastoral da Comunicação (Pascom) reuniu, entre os dias 19 e 22 de julho, quase seiscentas pessoas de todas as regiões do país em Aparecida, SP. Agentes de pastoral, profissionais, professores, ministros ordenados, todos se debruçaram sobre a temática da comunicação e de que forma ela perpassa a vida e a missão da Igreja. Da Província da Imaculada, estiveram presentes Frei Alexandre Rohling, Frei Alvaci Mendes da Luz, ambos do Pró-Vocações e Missões Franciscanas, Frei Lindolfo Jasper, da Fundação Frei Rogério, de Curitibanos, e Frei Gustavo Medella, do Seminário São Francisco e da Pascom da Diocese de Rio do Sul.
O encontro foi marcado por momentos de oração, palestras, discussões, troca de ideias e experiências, intercâmbio e animação mútua. Muitos desafios também foram levantados. O texto que segue não se pretende um relato nem uma reportagem do acontecido. A intenção é oferecer algumas provocações que também podem ser pertinentes à vida e à missão dos frades da Província no ambiente onde vivem e trabalham.
• A coerência entre o que se comunica e o que se vive é elemento fundamental da Comunicação Cristã. Este elemento foi recorrente entre os conferencistas. Tal consideração esteve presente nas colocações do professor e jornalista Carlos Alberto di Franco, na Conferência de Abertura, na mensagem do Presidente do Pontifício Conselho para as Comunicações Sociais, Dom Cláudio Maria Celli, que falou ao vivo do Vaticano através de videoconferência e também na colocação de Padre Manoel Filho, da Arquidiocese de Salvador. Professor Carlos Alberto di Franco lembrou que a transmissão de uma mensagem sem ambiguidade é fonte de credibilidade para uma organização; Dom Celli enfatizou que a contradição entre mensagem e vida prática pode levar o cristão a ser um falso profeta e Padre Manoel lembrou que todo o serviço de comunicação deve ser exercido a partir da mística martirial, perpassando a dimensão do fazer e, muito mais, do ser.
• As novas tecnologias e todas as facilidades que elas apresentam (encurtamento de distâncias, grande fluxo de circulação de informações, aumento das possibilidades de interação) têm provocado significativas mudanças no seio da sociedade. A lida com o mundo da tecnologia e com o modelo humano gestado nesta cultura não é mais uma questão de escolha, mas se trata de um fato, de algo que mexe profundamente na estrutura da humanidade e, consequentemente, na vida da Igreja. O diálogo neste campo torna-se fundamental.
• Os comunicadores cristãos podem, e devem, lançar mão de todos os recursos técnicos disponíveis. No entanto, tudo isto deve estar a serviço da comunicação do Evangelho, da comunicação de Cristo. É necessário atenção para não se cair no comodismo da superficialidade da comunicação de uma mensagem que seja agradável às massas, porém pouco conforme aos valores próprios do Evangelho.
• Profissionalismo é fundamental. Para além da boa vontade e das melhores intenções, um bom serviço de comunicação passa pela devida qualificação dos agentes, pelo aprofundamento e estudo dos fenômenos comunicacionais e pelo investimento em formação neste campo.
• O trabalho em rede deve ser priorizado. Muitas iniciativas são realizadas pela Igreja na área de Comunicação. No entanto, a falta de intercâmbio e sintonia pode gerar desgaste e excesso de trabalho desnecessário. A Igreja está dando passos no sentido de unificar seus esforços nesta área. Merece destaque o trabalho de implantação da Rede de Informática da Igreja no Brasil (RIIBRA).
• A comunicação se faz presente em toda a missão da Igreja. Trata-se de um elemento transversal que perpassa toda a dimensão teológica, pastoral, sacramental. Desta forma, a Pastoral da Comunicação não deve ser compreendida de forma compartimentada ou instrumentalizada, apenas como um serviço específico que se ocupa na produção de material audiovisual, na transmissão de informações e notícias para imprensa, na divulgação de eventos da comunidade. Mas uma vez se volta na necessidade de superação da lógica dicotômica que prega o divórcio entre o ser e o fazer.
• O seminários por área de interesse (rádio, internet, captação de recursos etc.) também se apresentaram como importante fórum de mútua animação e aprendizado. Experiências realizadas em diferentes dioceses deram ideia do mosaico composto pelas ações comunicacionais na Igreja.
Quem tiver interesse em se aprofundar nos temas e nas notícias do 3º Encontro Nacional da Pascom pode encontrar material no site da CNBB (cnbb.org.br).