Serenidade e simplicidade marcam as Primícias de Frei Wilson
07/05/2012
“Permanecei em mim e eu permanecerei em Vós”
(Jo 15,4)
Londrina (PR) – O primeiro domingo de maio (06/05), em Londrina, amanheceu com um céu límpido, azul celestial. Lentamente, os raios do irmão sol tocaram a Igreja São Tiago Apóstolo, que, regida pelas vozes do Povo de Deus, foi agraciada pelas primícias de Frei Wilson Simão em seu ministério sacerdotal. Confiante plenamente no Senhor, assim como atesta seu lema de ordenação, Frei Wilson celebrou a sua primeira Missa.
O grupo de adolescentes Alpha animou a celebração, com simplicidade, do jeito bem franciscano. Novamente com a igreja repleta, a celebração contou com a presença de pessoas de várias partes por onde Frei Wilson passou. O vigário provincial Frei Estêvão Ottenbreit, o Definidor e Ecônomo Frei Mario Tagliari, juntamente com os confrades, marcam presença nesta festa pascal do Senhor.
Frei Wilson Simão, sereno e franciscanamente, presidiu a Eucaristia pela primeira vez. Acolheu a todos e de modo especial a sua mãe, Maria Serrano Simão, que neste domingo completou mais um ano de vida. Aos 74 anos, dona Maria, com lágrimas de alegria, firme e forte, foi testemunha de uma semente plantada, germinada e que deu e dará muitos frutos: o seu filho, o mais novo presbítero da Província da Imaculada.
Como de costume, entre os franciscanos, a homilia da primeira missa é confiada pelo neo-ordenado a um confrade escolhido por ele. Frei Wilson escolheu para pregar Frei Raimundo J. de Oliveira Castro, o qual teve um papel importante na vida dele. Frei Raimundo fez sua homilia a partir do tema de ordenação e, olhando nos olhos de Frei Wilson, afirmou: “Frei Wilson, faça de sua vida franciscana e, agora neste ministério ordenado, uma total entrega a Deus”.
Após um fraternal e forte abraço, Frei Wilson agradeceu ao confrade por toda ajuda recebida e as belíssimas palavras na homilia. Em seguida, apresentou as preces da comunidade e a sua prece pelo natalício de sua mãe. Como de costume, nesta comunidade de fé, as pessoas saem de seus bancos e apresentam diante do altar a sua vida. Após apresentação das oferendas, com o coração exultante de alegria, consagrou pela primeira vez as espécies do vinho e do pão, trazendo assim o Cristo vivo e ressuscitado para alimentar o povo de Deus.
Qual não foi a emoção do sr. Antônio Realim Simão e dona Maria Serrano Simão, seus pais, ao receber o primeiro corpo e sangue consagrado pelo seu filho.
Após comunhão, com os olhos saltitantes de emoção, Frei Wilson convidou todos os casais do JUCA SAN de sua época e os abençoou. Hoje, grande parte dos membros está casada: “Nós não éramos somente amigos, éramos irmãos. Foi deste grupo que sai e espero que dos muitos filhos deles possa surgir alguém para a vida religiosa ou sacerdotal”. O mesmo grupo, aproveitando o momento de homenagens ao fiel irmão, entregou-lhe uma sandália como símbolo daquele que caminha com os pobres.
Logo após esta homenagem foi a vez da família, na pessoa de sua sobrinha Daniela. “Tio, nós sabemos que não foi fácil você chegar até aqui. Sabemos que muitas vezes ligaste para nós confessando o desejo de voltar para casa. Saiba que, de agora em diante, não será fácil também. Só te pedimos uma coisa: faça o necessário que de repente você fará o impossível. Obrigado pelo seu SIM”, disse Daniela em nome da família Simão e Silva Pereira.
Por último os aspirantes franciscanos, Adriano, Abraão e Müler, fizeram também sua homenagem. Estes três jovens fazem neste primeiro semestre a experiência de FAV (Fraternidade de Acolhimento Vocacional) na fraternidade Santo Antônio do Pari (SP), cuja tutela foi confiada ao Frei Wilson. O aspirante Adriano, em nome dos outros dois, agradeceu imensamente o “sim” de Frei Wilson e, mesmo não o conhecendo muito entre tantas virtudes, elencou a simplicidade e amizade dele. “Obrigado, Frei Wilson, por nos ensinar a caminhar”, disse o aspirante Adriano.
Frei Wilson, sem mais delongas, voltou-se para o grupo Alpha, que completou neste dia cinco anos de existência e assegurou a ele que é necessário caminhar, ter força e, mais do que ser um grupo, que possa reunir amigos e irmãos. “A vida se dá na caminhada do dia a dia”, afirmou o neo-presbítero. Voltando-se para a assembleia, agradeceu profundamente a Paróquia São Tiago Apóstolo pela abertura e colaboração nestes dias. A pastoral familiar que acolheu em suas casas e os frades nestes dias de missão. A todo o povo presente, aos amigos de perto e de longe. Na pessoa de Frei Estêvão agradeceu a Ordem dos Frades Menores, a Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil e a todos os confrades. Também agradeceu a fraternidade a qual pertence pelo apoio e carinho, bem como ao Serviço Franciscano de Solidariedade (Sefras). E, de modo particular, à sua família que o acompanhou até aqui.
Emocionado, dirigiu-se à sua mãe dona Maria Serrano Simão, da qual muito aprendeu, e agradecendo a Deus pelos seus 74 anos de vida, deu-lhe a bênção.
“Meus irmãos e irmãs, peço que rezem para que eu possa ser sempre um frade menor e possa deixar-me conduzir pelo Senhor e, assim, poder ver no rosto dos pobres a face de Cristo”, pediu Frei Wilson antes de dar a bênção final.
“Permanecei em mim e eu permanecerei em vós!”
Caríssimos irmãos e irmãs, caríssimo Frei Wilson. Este foi o lema que você escolheu para sua ordenação sacerdotal.
O ministério sacerdotal é sempre um serviço que você exercerá em favor do Povo de Deus, como franciscano e na Igreja que Jesus Cristo tanto ama. Você, hoje, aceitou ser um cooperador atento da Igreja, anunciando a Palavra de Deus e apascentando os fiéis e, sobretudo, sendo testemunha verdadeira de Jesus Cristo.
Pelo sacramento da Ordem você aceitou a missão de livremente levar a salvação, o Reino de Cristo, até os confins da terra, não em seu nome, mas sempre configurado a Cristo, e oferecendo o seu sacrifício como hóstia santa e agradável ao Pai.
A Palavra de Deus deste 5º Domingo da Páscoa nos fala da comunhão de vida que devemos buscar com Jesus Cristo, para viver uma vida autenticamente cristã. Diria ainda que esta Palavra de Deus traça um caminho para você exercer seu sacerdócio, do qual você foi revestido ontem pelas mãos de D. Orlando.
A 1ª leitura dos Atos dos Apóstolos mostra como São Paulo foi acolhido pela comunidade em Jerusalém, e mostra seu esforço em querer partilhar a fé com os irmãos e irmãs, seu entusiasmo por testemunhar Jesus Cristo, sua coragem e ousadia ao enfrentar as adversidades inerentes à resposta positiva ao chamado de ser operário na messe do Senhor.
Na 2ª Leitura, São João nos recorda que o amor aos irmãos e irmãs, e, portanto, a Jesus Cristo, não é uma coisa que se manifesta com declarações solenes ou com boas intenções. Diz ele para nós que é sempre a partir de atitudes concretas e evangélicas que testemunhamos Jesus Cristo, e aqui você tem São Francisco como Modelo. Ele fez de Jesus Cristo o centro de sua vida, ele que foi o Mestre, sem nada de próprio e humilde, mestre da vida em Fraternidade e na Igreja.
No Evangelho, Jesus vai utilizar uma imagem muito conhecida dos homens e mulheres de seu tempo: A videira, os ramos, a poda, a colheita dos frutos e o Agricultor, todo um processo trabalhoso que, atualizando para nossos dias, exige de nós que “permaneçamos Nele e Ele em nós”.
O que deve significar para nós e para você, Frei Wilson, permanecer com Ele – Jesus Cristo – e Ele em nós e com você?
No Evangelho de São João também aprendemos de Jesus que disse: “Quem come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim e eu nele”. A carne de Jesus é sua vida, e seu sangue é sua entrega a nós por amor até a morte, passando pelo serviço do lavar os pés e pela sua entrega na cruz.
Assim, comer a sua carne e beber o seu sangue é o convite que ele nos faz para assemelharmos nossa vida, nossa história à Dele, feita serviço e amor-doação aos homens e mulheres de todos os tempos. Estar unido, portanto, a Ele, é acolher no coração, e com desejo grandioso, esta proposta de vida em plenitude, tornar-se criatura nova, que se faz oferta agradável a Deus, porque se deixa podar para produzir muitos frutos.
Não entrar nesta dinâmica é não permanecer com Ele, Jesus Cristo, e, portanto, não ser um ramo frutuoso, ligado ao tronco da videira, não participante da familiaridade do Agricultor, que, no momento oportuno, cortará o ramo que não produz fruto algum. Pois, é também São João que nos diz de Jesus: Eu sou a videira, meu Pai é o agricultor.
Assim, Frei Wilson, inspirado pela Palavra de Deus, procure continuamente, como sacerdote, inspirar-se em São Paulo que, movido pela fé, quis continuamente estar ligado à comunidade dos discípulos e com grande entusiasmo. Testemunhe Jesus Cristo nas atitudes evangélicas, sendo Bom Pastor como Ele o foi, fazendo-se e perfazendo-se, sempre de novo, como ovelha atenta à voz do Pastor.
Permaneça sempre unido a Jesus e deixe-o estar unido a você, através de sua entrega ao Povo de Deus, a quem você tanto quer servir, agora como frade e padre franciscano.
Permanecei em mim e Eu permanecerei em vós! Assumindo estas santas Palavras você manifesta seu maior desejo e traça o caminho do seu sacerdócio, procurando ardentemente que a pessoa de Jesus Cristo, visibilizado em toda humana criatura, seja o centro de sua vida.
Assim, a todo instante de seu sacerdócio, deixe-se assimilar pela pessoa de Jesus Cristo, pobre e crucificado, pão da vida e bom pastor, sumo e eterno sacerdote, que deu sua vida por nós, amando-nos até o fim. Procure permanecer Nele, que Ele, seguramente, não o abandonará. Afinal, Ele é que nos amou por primeiro, não nós a Ele.
Se, como frade menor, a exemplo de nosso pai São Francisco, Jesus Cristo já era o Tudo para você, agora no seu sacerdócio, revista-se ainda mais Dele, para que você permaneça Nele e Ele em você. Nele, Jesus Cristo, você deve confiar e dele tudo esperar. Dele você deve aprender a melhor servir o povo que lhe será confiado, pelo sacramento da Ordem. Dele você também deve aprender, sempre de novo, como amar a Mãe Igreja, nascida de seu lado aberto na Cruz.
De Jesus Cristo, permanecendo Nele, você aprenderá que o ser sacerdote franciscano é dar-se sem medida ao Pai, desdobrando-se na doação aos irmãos e irmãs; aprenderá a chorar com os que choram e alegrar-se com os que se alegram, mas, sobretudo, aprenderá a cultivar a misericórdia para então concedê-la aos outros no Sacramento da Penitência, sem deixar de experimentá-lo, no entanto, na sua condição de ovelha e de pastor.
Frei Wilson, seu lema de ordenação é muito provocador para todos nós. Ele nos faz refletir em como e o que fazemos para que a pessoa de Jesus Cristo seja o centro de nossa vida. Em como estamos vivendo nossa vida cristã, religiosa e ministerial. Se como franciscanos nos aproximamos do povo simples que tem o rosto de Jesus Cristo. A você, especialmente, se como franciscano e agora sacerdote está junto aos assistidos dos projetos do Sefras.
Frei Wilson agradecemos a seus pais, Antônio e Maria, seus irmãos e amigos de juventude que muito o incentivaram para estar aqui nesta casa do Senhor, agora como franciscano e Padre da Igreja, para servir ao Povo de Deus.
Agradecemos também a esta comunidade de fé que o acolheu para receber o ministério sacerdotal, mas principalmente, porque rezou muito por você, pela sua perseverança na vocação.
Agradecemos também a seus confrades do tempo de formação, e, neles, a toda nossa Província Franciscana da Imaculada Conceição, que não mediu esforços para lhe oferecer um ambiente propício para uma formação sólida, humana, cristã e franciscana.
Agradecemos a Deus, mediados por São Francisco, pelo seu sacerdócio como frade menor, lembrando a herança que dele recebeu: viver o ministério em simplicidade e humildade.
Enfim, Frei Wilson, em seu ministério sacerdotal, tenha sempre presente o exemplo de nosso pai São Francisco, que nutria uma grande reverência pelo sacerdote. Seja digno dela. Dizia ele: “O Senhor me deu e me dá tanta fé nos sacerdotes que vivem segundo a forma da Santa Igreja Romana… que quero recorrer sempre a eles… Neles não quero considerar o pecado, porque neles vejo o Filho de Deus. Vede a vossa dignidade, irmãos sacerdotes, e sede santos porque ele mesmo é santo”. “Permanecei em mim e eu permanecerei em vós!”
Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo!
Frei Raimundo J. de Oliveira Castro, OFM
Londrina, 06 de maio de 2012