Notícias - Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil - OFM

Por que foi que só os Magos viram a estrela?

06/01/2018

Papa Francisco

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O Santo Padre presidiu, na manhã deste sábado (06/01), na Basílica São Pedro, a celebração Eucarística por ocasião da Solenidade da Epifania do Senhor, cuja festa a Igreja no Brasil celebra este domingo, dia 7.

Em sua homilia, o Papa diz que “o nosso percurso ao encontro do Senhor, que hoje se manifesta como luz e salvação para todos os povos”, torna-se mais claro com a visita dos três Reis Magos ao Menino Jesus, deitado em uma manjedoura.

Este gesto dos Magos resume-se em três etapas: veem a estrela, põem-se a caminho e oferecem presentes. Explicando o primeiro “veem a estrela”, Francisco disse que é o ponto de partida. Mas, perguntou: Por que só os Magos viram a estrela? E respondeu:

“Porque, talvez, poucos levantaram o olhar para o céu. Na vida, muitas vezes, contentamo-nos apenas em olhar para a terra: saúde, dinheiro, diversão. Mas, será que ainda podemos levantar os olhos ao céu? Sabemos sonhar, ansiar por Deus, esperar a sua novidade? Os Magos não se contentaram com a vidinha de sempre, mas entenderam que, para viver de verdade, é preciso uma meta mais alta e, por isso, manter alto o olhar”.

E Francisco perguntou ainda: “Por que muitos outros, que levantavam o olhar para o céu, não seguiram a estrela, a ‘sua estrela’?” E explicou: “Porque, talvez, não fosse uma estrela ofuscante, que brilhasse mais que as outras”. Os Magos viram uma estrela despontar: era a estrela de Jesus, que não ofusca, mas, gentilmente, convida. E acrescentou:

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A estrela do Senhor nos guia e nos acompanha

“Há estrelas ofuscantes, que suscitam fortes emoções, mas não indicam o caminho: o sucesso, o dinheiro, a carreira, as honras, os prazeres, mas não passam de meteoritos, que brilham um pouco, caem e perdem seu esplendor; são estrelas cadentes, que, ao invés de orientar, nos desviam. A estrela do Senhor nem sempre ofusca, mas nos guia e nos acompanha; não promete recompensas materiais, mas garante a paz e causa, como aos Magos, uma imensa alegria; ela nos convida a caminhar”.

De fato, o segundo gesto dos Reis Magos, disse o Pontífice, é “pôr-se a caminho”: uma ação essencial para encontrar Jesus. Esta estrela convida a caminhar, às vezes, arduamente; pede para livrar-nos de pesos inúteis e enfrentar os imprevistos da nossa vida tranquila. Jesus deixa-se encontrar por quem o busca, mas, para encontrá-lo é preciso ir, sair, arriscar, não ficar à espera, parados, acomodados: é um êxodo. E o Papa recordou:

Para encontrar Jesus é preciso entrar em ação

“Deus, que libertou seu povo, por meio do êxodo, e chamou novos povos para seguir a sua estrela, concede a liberdade e a alegria somente a quem está a caminho. Para encontrar Jesus, é preciso entrar em ação, pôr-se a caminho, sempre e sem cessar. Para encontrar o Menino, é preciso arriscar: descobrindo a sua ternura e o seu amor nós nos encontramos”.

Pôr-se a caminho não é fácil. De fato, Herodes, perturbado pelo temor de perder seu poder, com o nascimento do Menino-Deus, não sai do seu Palácio e fica fechado dentro dele. Ao contrário, os Magos falam pouco e caminham muito, se prostram. Aqui, entra seu terceiro gesto, como diz Francisco: “oferecem dons”. Jesus está ali para oferecer a sua vida e salvação, e os Magos lhe oferecem o que têm de mais precioso: “ouro, incenso e mirra”.

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Oferecer algo a nossos irmãos mais pequeninos

“Ele, que se fez pequenino por nós, nos pede para oferecermos alguma coisa aos nossos irmãos mais pequeninos, ou seja, aos que não têm como retribuir: os necessitados, os famintos, os forasteiros, os presos, os pobres. São tantos os dons agradáveis a Jesus, entre os quais, assistir os doentes, perdoar quem nos ofende… são dons gratuitos, que não podem faltar na vida de um cristão”.

Francisco concluiu sua homilia convidando os presentes a olhar nossas mãos, muitas vezes vazias de amor, e enchê-las com presentes gratuitos, sem retribuição. Por fim, elevou ao Menino- Deus a seguinte invocação: «Senhor, fazei-me redescobrir a alegria de doar».


ÍNTEGRA DA HOMILIA

O nosso percurso ao encontro do Senhor, que hoje Se manifesta como luz e salvação para todos os povos, é elucidado por três gestos dos Magos. Estes veem a estrela, põem-se a caminho e oferecem presentes.

Ver a estrela. É o ponto de partida. Mas, poder-nos-íamos perguntar: Por que foi que só os Magos viram a estrela? Porque talvez poucos levantaram o olhar para o céu. De facto na vida, muitas vezes, contentamo-nos com olhar para a terra: basta a saúde, algum dinheiro e um pouco de divertimento. E pergunto-me: Sabemos nós ainda levantar os olhos para o céu? Sabemos sonhar, anelar por Deus, esperar a sua novidade, ou deixamo-nos levar pela vida como um ramo seco pelo vento? Os Magos não se contentaram com deixar correr, flutuando. Intuíram que, para viver de verdade, é preciso uma meta alta e, por isso, é preciso manter alto o olhar.

E poder-nos-íamos perguntar ainda: Porque é que muitos outros, dentre aqueles que levantavam o olhar para o céu, não seguiram aquela estrela, «a sua estrela» (Mt 2, 2)? Talvez porque não era uma estrela deslumbrante, que brilhasse mais do que as outras. Era uma estrela que os Magos viram – diz o Evangelho – «despontar» (cf. Mt 2, 2.9). A estrela de Jesus não encandeia, não atordoa, mas gentilmente convida. Podemos perguntar-nos pela estrela que escolhemos na vida. Há estrelas deslumbrantes, que suscitam fortes emoções mas não indicam o caminho. Tal é o sucesso, o dinheiro, a carreira, as honras, os prazeres procurados como objetivo da existência. Não passam de meteoritos: brilham por um pouco, mas depressa caem e o seu esplendor desaparece. São estrelas cadentes, que, em vez de orientar, despistam. Ao contrário, a estrela do Senhor nem sempre é fulgurante, mas está sempre presente: é meiga, guia-te pela mão na vida, acompanha-te. Não promete recompensas materiais, mas garante a paz e dá, como aos Magos, uma «imensa alegria» (Mt 2, 10). Pede, porém, para caminhar.

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Caminhar, a segunda ação dos Magos, é essencial para encontrar Jesus. De facto, a sua estrela solicita a decisão de se pôr a caminho, a fadiga diária da caminhada; pede à pessoa para se libertar de pesos inúteis e sumptuosidades embaraçantes, que estorvam, e aceitar os imprevistos que não aparecem assinalados no mapa da vida tranquila. Jesus deixa-Se encontrar por quem O busca, mas, para O buscar, é preciso mover-se, sair. Não ficar à espera; arriscar. Não ficar parados; avançar. Jesus é exigente: a quem O busca, propõe-lhe deixar as poltronas das comodidades mundanas e os torpores sonolentos das suas lareiras. Seguir a Jesus não é um polido protocolo a respeitar, mas um êxodo a viver. Deus, que libertou o seu povo mediante o trajeto do êxodo e chamou novos povos para seguir a sua estrela, dá a liberdade e distribui a alegria, sempre e só, em caminho. Por outras palavras, para encontrar Jesus, é preciso perder o medo de entrar em jogo, a satisfação do caminho andado, a preguiça de não pedir mais nada à vida. Simplesmente para encontrar um Menino, já é preciso arriscar; mas vale bem a pena, porque, ao encontrar aquele Menino, ao descobrir a sua ternura e o seu amor, encontramo-nos a nós mesmos.

Pôr-se a caminho não é fácil. Assim no-lo mostra o Evangelho através dos vários personagens. Temos Herodes, perturbado pelo temor de que o nascimento dum rei ameace o seu poder. Por isso, organiza reuniões e envia outros a recolher informações; mas ele não se move, está fechado no seu palácio. E, com ele, «toda a Jerusalém» (Mt 2, 3) tem medo: medo das coisas novas de Deus. Prefere que tudo permaneça como antes – «fez-se sempre assim» -, e ninguém tem a coragem de se pôr a caminho. Mais subtil é a tentação dos sacerdotes e escribas: conhecem o lugar exato e indicam-no a Herodes, citando inclusive a profecia antiga; sabem, mas não dão um passo rumo a Belém. Pode ser a tentação de quem é crente há muito tempo: discorre-se de fé, como de algo que já é conhecido, mas que não se compromete pessoalmente com o Senhor. Fala-se, mas não se reza; lastima-se, mas não se faz o bem. Pelo contrário, os Magos falam pouco e caminham muito. Embora ignorando as verdades da fé, estão ansiosos e põem-se a caminho, como evidenciam os verbos do Evangelho: «viemos adorá-lo» (Mt 2, 2), «puseram-se a caminho; entraram na casa; prostraram-se; regressaram» (cf. Mt 2, 9.11.12): sempre em movimento.

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Oferecer. Quando chegaram ao pé de Jesus, depois da longa viagem, os Magos fazem como Ele: dão. Jesus está ali para oferecer a vida; eles oferecem as suas preciosidades: ouro, incenso e mirra. O Evangelho está cumprido, quando o caminho da vida chega à doação. Dar gratuitamente, por amor do Senhor, sem esperar nada em troca: isto é sinal certo de ter encontrado Jesus, que diz «recebestes de graça, dai de graça» (Mt 10, 8). Praticar o bem sem cálculos, mesmo se ninguém no-lo pede, mesmo se não nos faz ganhar nada, mesmo se não nos apetece. Isto é o que Deus deseja. Ele, que Se fez pequenino por nós, pede-nos para oferecermos algo pelos seus irmãos mais pequeninos. E quem são? São precisamente aqueles que não têm com que retribuir, como o necessitado, o faminto, o forasteiro, o preso, o pobre (cf. Mt 25, 31-46). Oferecer um presente agradável a Jesus é cuidar dum doente, dedicar tempo a uma pessoa difícil, ajudar alguém que não nos inspira, oferecer o perdão a quem nos ofendeu. São presentes gratuitos, não podem faltar na vida cristã; caso contrário, como nos recorda Jesus, amando apenas aqueles que nos amam, fazemos como os pagãos (Mt 5, 46-47). Olhemos as nossas mãos muitas vezes vazias de amor, e procuremos hoje pensar num presente gratuito, sem retribuição, que possamos oferecer. Será agradável ao Senhor. E peçamos-Lhe: «Senhor, fazei-me redescobrir a alegria de dar».

Amados irmãos e irmãs, façamos como os Magos: olhar para o Alto, caminhar e oferecer presentes gratuitamente.

SANTA MISSA NA SOLENIDADE DA EPIFANIA DO SENHOR

HOMILIA DO PAPA FRANCISCO

Basílica Vaticana
Sábado, 6 de janeiro de 2018


ANGELUS

Após a celebração da Santa Missa, na Basílica de São Pedro, pela Solenidade da Epifania, o Papa Francisco rezou o Angelus à janela da Residência Apostólica, que dá para a Praça São Pedro, para rezar a oração mariana do Angelus, com os milhares de fiéis presentes.

Em sua alocução, o Santo Padre citou três atitudes, destacadas pelo Evangelho de hoje, Solenidade da Epifania, para o acolhimento de Jesus e a sua manifestação ao mundo: busca ansiosa, indiferença, medo.

Os Reis Magos não hesitaram a pôr-se a caminho em busca do Messias. Após uma longa viagem, guiados pela estrela, chegaram a Jerusalém e perguntaram a Herodes, aos Sumos Sacerdotes e aos Escribas onde poderiam encontrar o recém-nascido para adorá-lo. Explicando esta atitude evangélica, o Papa acrescentou a segunda, ou seja, a indiferença:

“Esta busca ansiosa dos Magos é contraposta pela indiferença, dos Sumos Sacerdotes e dos Escribas. Conhecendo as Escrituras, eles sabiam onde era o lugar do nascimento de Jesus, mas não se incomodaram de ir visitá-lo, não obstante Belém estivesse a poucos quilômetros. Ainda pior, foi a atitude de Herodes, que queria saber onde estava o Menino, não para adorá-lo, mas para matá-lo, por medo de perder seu poder para aquele que considerava seu rival”. Logo, Francisco destaca as três atitudes do Evangelho da Solenidade da Epifania: busca ansiosa, indiferença, medo. E ponderou:

“O egoísmo pode levar a considerar a vinda de Jesus, na nossa vida, como uma ameaça. Então, procuramos suprimir ou calar a sua mensagem. Diante das ambições humanas, perspectivas incômodas e inclinações do mal, Jesus é visto como obstáculo. Diante da tentação da indiferença, os cristãos são incoerentes com a sua fé, seguindo os príncipes destes mundo: satisfazer as inclinações da prepotência, a sede de poder e as riquezas”.

Ao contrário, disse o Papa, somos chamados a seguir o exemplo dos Magos: sua busca ansiosa para encontrar Jesus, adorá-lo, reconhecê-lo como Senhor e Salvador, como Caminho, Verdade e Vida. Ao término da sua alocução mariana, o Santo Padre invocou a Mãe de Jesus e nossa, para que, com a sua intercessão, possamos encontrar a Cristo, a fim de progredirmos no caminho da justiça e da paz.

Felicitações do Papa a Igrejas orientais que celebram este domingo, dia 7, o Natal do Senhor

Depois da oração do Angelus, o Papa passou a cumprimentar os diversos grupos de fiéis presentes na Praça São Pedro. Antes de tudo, recordou que algumas Igrejas orientais, católicas e ortodoxas, celebram, este domingo, o Natal do Senhor:

“A estas Igrejas dirijo as minhas felicitações mais cordiais. Que esta celebração seja fonte de novo vigor espiritual e de comunhão entre todos os cristãos, que reconhecem a Jesus como Senhor e Salvador”.

Dia da Infância Missionária

A seguir, Francisco recordou o Dia da Infância Missionária, que se celebra neste sábado (06/01). A todas as crianças e adolescentes missionários convidou a dirigir seus olhares ao Menino Jesus, para que ele seja a guia preciosa no seu compromisso de oração, fraternidade e partilha entre seus coetâneos mais necessitados.

Por fim, cumprimentou os participantes na manifestação folclórica da XXIII edição de “Viva a Epifania”, promovida pela Associação Famílias Europeias, cujo objetivo é reafirmar e transmitir o verdadeiro significado espiritual e os valores da Epifania do Senhor.


Fonte: Vatican News