Por uma Juventude Franciscana ‘em saída’
04/02/2016
Moacir Beggo
De 5 a 9 de fevereiro, a cidade de Campo Grande (MS) será a capital da Juventude Franciscana durante o XVI Congresso Nacional Ordinário e Celebrativo dos seus 45 anos de vida e missão no Brasil. Para falar um pouco desses jovens que se encantam e vivem o carisma de São Francisco e Clara de Assis, a secretária fraterna nacional, a maranhense Mayara Ingrid Sousa Lima, foi muito generosa e conseguiu um tempo para dar essa entrevista ao site Franciscanos. Aos 28 anos, Mayara é um exemplo da juventude que batalha e acredita no ideal franciscano, tão atualizado pelo Papa Francisco, conseguindo reunir forças para fazer a animação nacional da Juventude Franciscana e ainda se dedicar ao trabalho como bióloga e doutora em Genética, professora e pesquisadora da Universidade Federal do Maranhão. Segundo Mayara, uma nova Coordenação Nacional será formada a partir deste Congresso para o triênio 2016-2019.
Nesta entrevista, Mayara fala dos problemas, alegrias e desafios da Juventude Franciscana e diz que o Papa Francisco é uma grande inspiração para os jufristas e para todo o mundo: “Estamos tentando fazer o que o Papa nos orienta, mostrando que devemos ir às periferias do mundo, ao encontro dos mais pobres e marginalizados”. Atualmente, a Jufra reúne em 122 fraternidades, nos 18 regionais, 2.273 jovens, sendo 1.178 mulheres e 1.095 homens. “Quando dividimos nossos jovens por etapa de formação, temos 1.057 jovens iniciantes; isso mostra o grande processo de renovação e expansão que estamos vivenciando”, adianta Mayara.
Neste Congresso, a caminhada de Mayara na Jufra está chegando ao fim, mas a missão franciscana vai continuar na Ordem Franciscana Secular, o caminho natural da maioria dos jufristas. Acompanhe esta entrevista!
Site Franciscanos – Ao terminar esse triênio, qual o seu olhar crítico e de esperança da caminhada?
Mayara Ingrid Sousa Lima – Primeiro, termino esse triênio com a sensação de dever cumprido, pois com certeza muitos passos positivos foram dados na caminhada da Jufra. Tenho a esperança de continuidade dos trabalhos através daqueles que irão nos substituir, especialmente com a preocupação de ter na Jufra um local de acolhimento para os jovens que desejam viver o carisma franciscano, com uma presença ativa na Igreja e na sociedade. Temos consciência que muito ainda precisa ser feito, especialmente na reestruturação de alguns regionais, que devem ser mais bem acompanhados, a fim de que seja possível um processo de expansão. Do ponto de vista pessoal, minha esperança é dar continuidade à minha vocação franciscana na Ordem Franciscana Secular, caminho natural de muitos jovens jufristas.
Site Franciscanos – Como você vê a Juventude Franciscana do Brasil? Seus problemas, alegrias e desafios.
Mayara – A Jufra atualmente tem vivido um momento de bastante fervor, com ênfase nas atividades voltadas para as questões sociais, ambientais e na ação evangelizadora. E também um grande amadurecimento do seu processo formativo, a fim de ter jovens preparados como lideranças conscientes e protagonistas do seu papel na caminhada. Além de ter fortalecido o diálogo com diversos ramos da Igreja e da Família Franciscana, a fim de buscar parcerias e apoio para as diversas atividades que temos desenvolvido em nível nacional, regional e local. Acreditamos que os principais desafios da Jufra estejam em conseguir fortalecer as fraternidades locais, a fim de que todas tenham consciência crítica e entendimento da nossa caminhada, ou seja, fazer com que tudo que é produzido em nível nacional chegue a nossas bases de forma contínua. Também é desafiador para nós, jovens, conseguirmos a autossustentação do nosso movimento, especialmente considerando as enormes dimensões do nosso país e a necessidade de acompanhamento dos jovens em diferentes realidades. Em linhas gerais, vemos a Jufra crescendo e despertando cada vez mais nos jovens a importância de serem comprometidos com o carisma franciscano, levando-o a todos os espaços, tanto na Igreja quanto fora dela, como uma juventude “em saída”.
Site Franciscanos – O jovem hoje no Brasil pode ter a Jufra como um modelo?
Mayara – Com certeza a Jufra é um modelo para as juventudes de um espaço onde o jovem pode assumir seu protagonismo na Igreja e na sociedade. Como disse João Paulo II, a Jufra apresenta-se: “Como um ideal luminoso para a juventude”. A Jufra é um espaço onde o jovem pode se formar, exercer suas habilidades e se desenvolver. É também um espaço propício para um despertar vocacional, em todos os sentidos de suas vidas. Os jufristas com certeza são modelos para diversos jovens pela ousadia, pela responsabilidade, pelo comprometimento e adesão a uma causa para viver. Isso faz com que outros jovens desejem vivenciar o carisma franciscano na Jufra.
Site Franciscanos – Como ser um jovem franciscano neste mundo?
Mayara – A palavra que resume a presença dos jovens franciscanos neste mundo é participação efetiva. Assumindo causas pra lutar, estando presente nos debates, contribuindo com as pastorais de nossa Igreja. E levando os ideais franciscanos para o mundo, expandido a busca pela paz, justiça, cuidado com a criação, minorismo, pobreza e fraternidade. Os jovens franciscanos devem ser luzes para todos, pois o mundo “cabe a nós salvá-lo ou perdermo-nos com ele” (Manifesto da Jufra). E nesse sentido, o jovem franciscano tem uma responsabilidade muito grande, pois queremos viver nosso compromisso de vida e missão em fraternidade, sendo um exemplo de vida para o mundo.
Site Franciscanos – Como você consegue fazer um trabalho de animação num país tão grande como o Brasil?
Mayara – Este é com certeza um grande desafio, mas para que esse acompanhamento seja efetivo temos uma organização própria de divisão dos trabalhos. Em nível nacional existe uma coordenação, chamada de secretariado fraterno, e formada por 13 jovens que dividem os trabalhos em secretarias específicas. Isso é reproduzido nos 18 regionais que possuem secretariados fraternos regionais, assim temos as coordenações regionais. E em cada fraternidade local também existe um secretariado fraterno. Assim, conseguimos dividir todas as tarefas. Além disso, a internet tem facilitado muito nossa comunicação e a animação das fraternidades em todo o Brasil. Hoje temos uma rotina de reuniões “onlines” através das redes sociais e muitos grupos de acompanhamento no whatsapp. Essa acaba se tornando umas das principais ferramentas de acompanhamento das fraternidades.
Site Franciscanos – Como é o relacionamento da Jufra com a OFS, Primeira Ordem e Segunda? O jufrista tem a OFS como um modelo?
Mayara – A Jufra tem dialogado muito com a Primeira Ordem, melhorando cada vez mais nosso relacionamento, através de cartas, visitas e encontros. Além de termos o acompanhamento de um assistente espiritual religioso. Essa maior proximidade foi com certeza um grande avanço dos últimos anos. Com a Segunda Ordem nosso relacionamento se dá através de visitas às Clarissas, nos locais ontem temos fraternidade de Jufra e mosteiros, e com certeza é um relacionamento baseado na alegria e nas orações. Com a OFS nosso relacionamento é bastante estreito por natureza, especialmente por que a caminhada formativa de nossos jovens termina com a profissão na OFS, e nesse sentido fica evidente o porquê de nossos jovens terem a OFS como um modelo de vida franciscana secular.
Site Franciscanos – Como o jufrista recebe o Papa Francisco?
Mayara – Nós recebemos o Papa Francisco com muito entusiasmo e esperança, pois ele nos aponta que estamos no caminho certo. Ele é uma grande inspiração para nós, jufristas, e para todo o mundo. E estamos tentando fazer o que o Papa Francisco nos orienta, mostrando que devemos ir às periferias do mundo, ao encontro dos mais pobres e marginalizados. Com certeza, o Papa através de suas falas nos impulsiona a continuar caminhando.
Site Franciscanos – Como você se tornou jufrista? Conte um pouco sua história.
Mayara – Eu me tornei jufrista aos 16 anos quando recebi um convite para visitar “um grupo de jovens” na comunidade do Barreto, em São Luís do Maranhão. Desde o primeiro dia me apaixonei e entendi o sentido da fraternidade. Num espaço muito curto de tempo já conhecia várias fraternidades no Maranhão e comecei a ajudar na formação. Para minha surpresa, quando estava com apenas três anos na Jufra, fui eleita para assumir meu primeiro serviço no Secretariado Nacional, sendo responsável pela área Nordeste A. Depois disso, já são nove anos dedicados à Fraternidade Nacional da Jufra, como secretária de área, formadora nacional e agora secretária fraterna. Nesse período, fui um pouco andarilha, devido aos meus estudos na pós-graduação, e acabei participando da Jufra e OFS no Maranhão, Bahia e Minas Gerais, por isso digo que me sinto literalmente pertencendo a uma fraternidade nacional. Agora, acredito estar finalizando minha caminhada na Jufra, mas continuando minha missão franciscana por vocação na OFS.
Site Franciscanos – O que você apresentaria a Juventude Franciscana a um jovem?
Mayara – Eu diria a ele que se sinta convidado a viver uma experiência franciscana na Jufra. Com certeza, ele será muito bem acolhido e irá encontrar irmãos e irmãs para toda a vida. Jovem, Francisco de Assis viveu uma experiência única em sua vida, encontrando no Evangelho de Cristo tudo aquilo que ele desejava viver. Nós, hoje, também podemos viver essa experiência de fraternidade, atualizada na nossa realidade e nos desafios que a Igreja e a sociedade nos interpelam. Faça essa experiência, que, com certeza, mudará sua história. Venha fazer parte dessa família!