Carisma - Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil - OFM

OFS

Visita pastoral e capitulo eletivo na Ordem Franciscana Secular

Papel e missão do assistente espiritual regional

Frei Almir Ribeiro Guimarães, OFM (*)

1. Na vida de um Regional da Ordem Franciscana Secular há dois momentos muito importantes que merecem nossa reflexão: a visita fraterno-pastoral e a celebração do capítulo eletivo nas fraternidades locais. Normalmente, esses dois eventos contam com a participação do Ministro Regional (ou seu delegado) e de um assistente espiritual. Muitas das visitas, dentro do possível, deveriam ser feitas pelo próprio Ministro, que tem a última responsabilidade sobre as fraternidades. Os Documentos da OFS apresentam as orientações necessárias para que esta tarefa seja realizada a contento (cf. A Vida em Fraternidade, XI. Visita Fraterno Pastoral, p. 83s).

2. A visita é uma realidade humana de grande alcance. Trata-se de um gesto de manifestação de amor e de cortesia. Houve tempo em que as pessoas se visitavam com maior freqüência. O domingo era dedicado às visitas familiares: ver os avós, receber tios e primos, procurar se fazer presente na vida das pessoas enfermas. Normalmente falando, as visitas se revestem de um cunho de interesse discreto, de atenção e de alegria. Dizemos aos outros que eles contam aos nossos olhos. Sim, irmãos visitam irmãos, amigos visitam amigos. Na visita uns dão hospitalidade aos outros. Preparamos a cama mais confortável para o hóspede, reservamos as melhores toalhas e os lençóis mais novos, limpamos as vidraças e colocamos flores nos vasos. Os que se visitam têm coisas a se dizer. Não transmitem apenas regras e ordens, mas falam do que vivem, do que habita seu coração. Normalmente trazem presentes, pequenos sinais de afeto, pequenos mimos, sendo que o mais importante de todos é a própria presença de quem chega, pessoa que deixou sua casa, seus afazeres, seu mundo para estar com aquele a quem veio visitar.

3. No cotidiano de uma fraternidade franciscana secular há muitas visitas: na reunião mensal os irmãos visitam o coração dos irmãos, irmãos abrem as portas do coração para acolher o irmão que chega, visita aos doentes, visita do ministro local aos irmãos faltosos.

4. As observações feitas até agora se aplicam também às visitas que fazem ministro regional, conselheiros distritais e assistentes espirituais às fraternidades locais. De alguma forma, a presença de irmãos do regional no Capítulo Local é um jeito de visitar, de estimular, de fazer de sorte que os irmãos não se afastem do espírito franciscano. A visita dos ministros ou conselheiros e assistentes espirituais às fraternidade locais são: momento de encontro, momento de sentir o pulso da fraternidade, momento de verdade, momento de transmitir entusiasmo, momento de correção fraterna. Os ministros que visitam trazem a paz e levam a gratidão. Ela será realizada na verdade e com caridade.

5. Quando falamos em visita, pensamos naquela que fez Maria a Isabel, sua parenta, visita marcada pela cortesia e pelo desejo da Virgem de transmitir uma alegria que não lhe cabia no peito. Lucas diz que ela se dirigiu apressadamente… Duas mulheres de fé que se acolhem e a conclusão, por parte de Maria, foi o canto do Magnificat. Pensamos também na visita de Jesus a Marta, Maria e Lázaro. Na casa de seus amigos Jesus se sentia bem, encorajado, aceito. Poucos momentos antes de subir a Jerusalém para começar sua paixão, Jesus esteve no aconchego da casa destes seus amigos. Pensamos naqueles personagens misteriosos que visitaram Abraão e que eram anjos de Deus. Refletimos, sobretudo, na visita que o Altíssimo nos fez na pessoa do Menino de Belém e do mártir do Calvário. Nossas visitas e os capítulos eletivos dos quais participamos precisam ter uma mística. Não é possível que sejam uma tarefa que termine com um relatório que a poucos interessa. Somos embaixadores de um ideal e de uma mística que é nossa e desejamos que seja também das fraternidades que visitamos e daqueles que são eleitos para os cargos da fraternidade nos capítulo eletivos.

6. O Conselho Regional da Ordem Franciscana Secular têm a missão de visitar as fraternidades e ajudá-las a crescer. Trata-se de um serviço de caridade e não apenas da realização de uma formalidade. Não é suficiente assinar livros. Entra em jogo o amor que temos a nossos irmãos e à OFS. Delegados do Ministro Regional e assistentes espirituais se deslocam, por vezes, durante muitas horas e ao longo de centenas de quilômetros, em viagens cansativas para realizar esta sua missão. Por isso, a visita deverá ser realizada com competência e de maneira a produzir frutos. Visitadores e assistentes precisam sempre reavaliar seu trabalho. É dever dos Conselhos locais envidarem todos os esforços para que as visitas e a celebração do Capítulo não sejam atos triviais e realizados sem empenho e sem paixão. Há sempre uma pergunta que fica na mente de visitadores: Será que valeu a pena tanto esforço? Será que no ano que vem esta fraternidade vai dar passos na busca da santidade?

7. Objetivos da visita fraterno-pastoral: reavivar o espírito evangélico franciscano, assegurar a fidelidade ao carisma e à Regra, oferecer ajuda à vida de fraternidade, consolidar o vínculo de unidade da Ordem, promover uma sempre maior integração com a Família Franciscana, verificar como está sendo feita a formação em suas diferentes etapas, zelar pela animação vocacional e pela existência de grupos de jovens franciscanos, de modo particular da JUFRA (cf. A Vida em Fraternidade- Visita Fraterno-Pastoral p.83).

8. Vale, neste sentido, lembrar alguns cuidados especiais constantes de nossos documentos: prever para a visita o tempo de um dia inteiro; abrir ou encerrá-la com a Celebração Eucarística; deixar tempo suficiente para que a fraternidade se exprima; reservar um tempo para a visita aos doentes e idosos; visitador e assistente deveriam ter um momento a sós com os formandos; convém que o encontro com o Conselho se faça após a visita à Fraternidade;manter um clima de simplicidade, fraternidade; se possível almoçar com os irmãos (cf. p. 90).

9. Os Ministros Gerais da Primeira Ordem e da TOR publicaram novamente em Roma, em 2009, no o Estatuto da Assistência Espiritual e Pastoral da Ordem Franciscana Secular, que já vigorava desde 2002. O texto tem algumas poucas modificações. Dele pinçamos alguns elementos para nossa reflexão:

Encarnación del Pozo, Ministra Geral da OFS, no Capítulo Internacional das Esteiras em 16 de abril de 2009, dizia: “O cuidado pastoral e a Assistência Espiritual à OFS, mais do que uma norma jurídica, há de brotar do amor e da fidelidade à sua própria vocação e do desejo de comunicá-la, levando em consideração a natureza da Fraternidade secular e dando prioridade ao testemunho de vida franciscana e mais especialmente ao acompanhamento fraterno” (Introdução)

Sabemos que, de alguma forma, são diferentes as maneiras da assistência local, regional, nacional e internacional. Há, no entanto, alguns pontos que tocam a todos os Assistentes.

  • Eles dão o testemunho de vida franciscana e do afeto dos religiosos pelos franciscanos seculares.
  • O principal dever do Assistente é levar os irmãos a uma compreensão mais aprofundada da espiritualidade franciscana; colaborar na formação inicial e permanente,
  • O Visitador e o Assistente Espiritual verificam se a Fraternidade está se dirigindo para sua finalidade;
  • O Assistente regional cuida que a Assistência local se faça conforme as prescrições das CCGG,
  • Ajuda o Assistente local a realizar sua missão; promove, em nível regional, encontros e cursos de formação para os assistentes;
  • “Por ocasião da visita à Fraternidade local, os visitadores encontrarão as fraternidade com todos os seus membros e divisões de que é composta. Prestarão uma atenção especial aos irmãos e irmãs que estão no período da formação e aos que eventualmente precisariam de um colóquio ou encontro pessoal. Se necessário eles haverão de fazer a devida correção fraterna” (art. 14,5).

10. Diante do exposto, elencamos alguns pontos que são importantes para o bom andamento do trabalho de conselheiros e assistentes por ocasião das visitas e dos capítulos:

  • As visitas deverão ser feitas pelo conselheiro e pelo assistente. Não convém que sejam apenas visitas fraternas. Na medida do possível, os assistentes precisarão estar presentes e não apenas uma presença de corpo.
  • Estes não podem ser apenas uma figura decorativa, mas sua tarefa necessita ser especificada. Não pode também anular a presença e a missão do conselheiro. Este por sua vez, não poderá falar o tempo. Ele e o assistente saberão, com cuidado, sentir de verdade as luzes e as sombras. No final do encontro, com delicadeza, dirão aos irmãos as impressões da visita.
  • Convém, quando o Assistente é sacerdote, que seja realizada uma celebração eucarísticaapenas com os membros da fraternidade ou então com a comunidade paroquial. A visita não é retiro. Não se poderá programar adorações eucarísticas e outros atos piedosos mais longos. De outro lado fundamental que haja um denso momento de oração onde transpareça o espírito franciscano.
  • Seria recomendável que para a celebração ou para todo o desenrolar da visita fraterno pastoral estivessem presentes os membros da JUFRAque poderiam merecer uma atenção especial do Assistente.
  • Parece fundamental que, por ocasião das visitas e dos capítulos, o assistente local se faça presente. Importante sua presença, sua palavra, sobretudo na reunião do Conselho. Por que tão poucos assistentes comparecem a esses eventos? Será por falta de tempo ou desmotivação? Até que ponto nossas fraternidades procuram motivar seus assistentes?
  • Um ponto importante, sobretudo nas visitas, é um exame da qualidade da assistência local. Pode acontecer que esse ponto esteja sendo gravemente negligenciado. O tempo passa depressa e há fraternidades que, praticamente, ao longo do ano, contam com a presença do assistente apenas em momentos festivos.
  • No desenrolar da visita fraterno pastoral será importante que o Assistente regional tenha um tempo razoável para a formação. Não deve este, no entanto, “inventar” seu temário ou ler umas folhas de assunto geral preparado para outro grupo. Ao menos não de maneira habitual. Bom seria se ele aprofundasse aqueles temas que o nacional e o regional escolheram. No momento atual parece importante que ele reflita com as Fraternidades sobre o revigoramento das fraternidades e a revitalização das fraternidades. o desenvolvimento do espírito missionário e evangelizador e o cuidado pelo meio ambiente na perspectiva franciscana. Todos os assistentes deveriam poder falar destes temas sem esquecer outros que continuam importantes: valor da profissão na OFS, presença do leigo franciscano no mundo de hoje. O ideal seria se pudesse ser feito um debate sobre esses temas.
  • Que o Assistente Regional verifique bem a questão dos retiros das fraternidades locais: se estão sendo feitos, como, em que espírito….Não basta um dia de convivência…
  • Mais difícil de ser delineada é o papel do Assistente Regional no momento do Capitulo Eletivo local. Toda a dinâmica das eleições está nas mãos daquele que, em nome do regional, preside o capitulo. Que dizer?
      • Sempre que possível sejam feitas prévias que facilitem o trabalho da eleição. Os conselhos locais precisam motivar os irmãos para a eleição. Cuidar que as prévias não seja, na cabeça de alguns, cartas marcadas para ganhar…
      • Antes de começar a dinâmica da eleição cabe uma palavra vigorosa, amiga, firme do Assistente regional, mais ou menos nesta linha: irmãos que servem irmãos; ninguém recuse o serviço; ninguém se apodere do “poder”; bom candidato é o que veste a camisa da OFS, eleger quem tem amor pela Ordem, que busca a intimidade com Deus, que sabe criar um clima de fraternismo, que respeita os outros…Insistir no espírito das exortações de Francisco: lavador de pés dos irmãos e nada mais.
      • Quem preside a eleição tem que conhecer as regras e não perder tempo. Na medida do possível, enquanto for permitido, escolher as funções essenciais e deixar que o Conselho eleito nomeie outros cargos.
      • No momento da deposição dos cargos cabe uma palavra breve também do assistente.
      • Há alguns temas ou assuntos que devem ser mencionados e encorajados tanto pelo visitador tanto quanto pelo assistente: promoção e animação vocacional, criação de grupos de jovens franciscanos, alimentar uma consciência delicada diante das exigências do evangelho que levam à santidade.

Perguntas:

Quando terminamos as visitas e voltamos à casa , que sensação experimentamos?
Será que as fraternidades se revigoram depois das visitas?
Por que certas fraternidades dizem não querer visita?
Será que temos condições de aumentar o tempo das visitas?
Que sugestões temos para melhorar a qualidade de nossa presença junto às fraternidades?
Como podemos realizar melhor as sessões referentes aos capítulo eletivos?
O que podemos fazer para que as fraternidades tenham assistência local de qualidade?

(*) Frei Almir Ribeiro Guimarães, OFM
Assistente Nacional da OFS pela OFM e Assistente Regional do Sudeste III

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