Orientações de Vida
Os franciscanos leigos, membros da Ordem Franciscana Secular, em nossos dias seguem uma Regra de vida preparada com esmero e aprovada pelo Papa Paulo VI a 24 de junho de 1978. Sempre se voltam para essas Diretrizes oficiais da Igreja em vista de seu modo de viver o seguimento de Cristo à maneira de Francisco. Antes do documento fundamental houve países que, aguardando a Regra, elaboraram orientações não oficiais para seus membros. Foi o caso da França com suas Orientations de Vie. Penso que os franciscanos seculares do Brasil podem se beneficiar destas páginas que, aos poucos, iremos transcrever.
Paz e Bem
Frei Almir Ribeiro Guimarães, OFM
VIVER O EVANGELHO (1)
1. Como São Francisco queremos fazer do Evangelho a fonte de nossa vida. Constantemente a ele nos referimos. Queremos que isso aconteça não somente no começo, mas ao longo de toda a nossa vida; não ocasionalmente, mas cada vez mais frequentemente; persuadidos que estamos de nunca haveremos de compreender em sua totalidade o Evangelho e de vivê-lo.
2. Convivendo com o Evangelho é Cristo que queremos acolher e encontrar: o Cristo Jesus vivo simplesmente no meio dos homens, presente no mundo, nos acontecimentos, na história; o Cristo semblante humano de Deus, Filho único do Pai, testemunha de seu amor pelos homens; modelo acabado do homem; em relação com seu Pai e com os homens; Cristo, realizando e completando através de tudo o que constitui sua vida a salvação do mundo e a glória do Pai.
3. Através das atitudes de Francisco, de suas palavras e de seus silêncios, suas ações e seus diálogos, em resumo, através de seu comportamento humano é que seus sentimentos, sua mentalidade, sua vida nos são revelados. Esta contemplação de Cristo nos fará cada vez mais viver de seu Espírito. Porque o que devemos “desejar acima de tudo é ter o Espírito o Senhor e seu modo de operar”.
4. Descobrindo o Espírito de Cristo no Evangelho aprendemos a viver dele nas situações concretas da vida. Passamos, então, a confrontar nosso olhar, nossos julgamentos, sentimentos, reações e atitudes com o Evangelho. Incansavelmente, iremos do Evangelho para a vida e da vida para o Evangelho.
5. Para viver o Evangelho não nos contentamos em transpor para nossa vida tal gesto ou atitude de Cristo, ou de repetir essa ou aquela de suas palavras. Fundamentalmente, abrir-nos-emos à ação de seu Espírito. Tentaremos inventar, ao longo de nossa existência, o modo como Cristo quer viver hoje em nós e no meio dos homens.
6. Desta maneira deixaremos Cristo transformar nossa vida lenta e progressivamente. Esta será nossa contribuição para a renovação do mundo.
Viver o Evangelho hoje é aceitar de reinventá-lo, sob a ação do Espírito Santo.
Um pensamento
O Poverello, o santo do mais terno amor, não conhecia esse amor, é necessário repetir, senão sob a austera forma da Cruz. Impressionante que mesmo na estigmatização, seu júbilo sobrenatural no meio das doces alegrias que Deus lhe dá está ligado a uma real e amarga compaixão – uma “cocrucificação” com o Crucificado.
Joseph Lortz