Pequeno guia para os assistentes de nossas fraternidades
Frei Almir Ribeiro Guimarães, OFM
1. Pensamos aqui de modo especial em atitudes, posturas e iniciativas que deve ter o Assistente franciscano de uma fraternidade OFS. Temos em mente, de modo particular, a problemática da fraternidade local. Sabemos perfeitamente que ele não é diretor nem proprietário. A fraternidade é animada por um conselho, seu ministro e o Assistente local, que é um dos membros.
2. Estamos todos bem conscientes que o assistente franciscano significa na fraternidade uma presença viva do carisma franciscano vivido pelos membros da Ordem I e da TOR em comunhão com os leigos. Normalmente fraternidade alguma pode ficar sem a figura e a presença do assistência. Sua ausência durante um período mais ou menos longo pode significar desvio do carisma e missão dos terceiros, desfiguração da OFS. Muitas de nossas fraternidades estão perdendo sua identidade franciscana em parte pela ausência da Assistência.
3. O assistente se faz presente em dois espaços principais: nas reuniões do conselho e naquelas da fraternidade. Ele é pastor. Ora, pastor é aquele que cuida do rebanho, que nutre e cura. Diremos que o assistente é alguém que acompanha. Sua melhor imagem é esta: aquele que vai com… que caminha com… que acerta seus passos com os passos dos irmãos e da irmãs.
4. O acompanhamento se faz diferentemente na reunião do conselho e na reunião da fraternidade. Antes de mais nada vamos insistir na presença regular, amiga e firme do assistente. Ele não é dono da fraternidade e da programação, mas também não é figura decorativa. Não é somente alguém “salpicado” de água benta, que se “usa” quando se quer. Precisa ser ouvido, buscado, valorizado. Ele se interessa por tudo o que vive a fraternidade. Não apenas é responsável da reza e das preces. Para que haja acompanhamento é necessário sua presença física. Haver-se-á de lhe recordar os dias das reuniões. Ele não pode entrar mudo e sair calado. Ele é pastor de um grupo de irmãos que ocupa lugar especial em sua mente e em seu coração. Sua vida de franciscano projeta vida na vida da fraternidade.
5. Vejamos alguns aspectos relativos ao acompanhamento do Conselho:
• animar e encorajar os que foram eleitos;
• em combinação com o ministro fazer com que cada um assuma suas tarefas;
• fazer uma ou outra vez uma tarde de oração ou de reflexão com os membros do conselho;
• chamar atenção dos membros do Conselho a que se ocupem de cada irmão; dirimir discordâncias maiores; procurar ajudar a discernir se determinados irmãos estão em condição de fazer a profissão;
• vigiar carinhosamente que pauta preparada não seja ocasião de perda de tempo e de fastio;
• insistir que se busquem as ovelhas faltosas.
6. Quanto às reuniões da Fraternidade:
• fazer-se sempre presente sem querer ser o protagonista;
• reclamar um tempo para dizer uma palavra em cada reunião e algumas vezes encarregar-se da formação; sua palavra não pode ser vaga, simplesmente para preencher o tempo, mas uma palavra essencial;
• prestar atenção aos que chegam e ajudá-los a se situar na OFS;
• tentar ajudar os que chegam a que revejam seu caminho de fé fazendo com que deixam uma “religiosidade” emotiva e superficial e sejam discípulos do Senhor com fé esclarecida;
• vigiar que os irmãos façam retiro de verdade e não apenas realizem encontros;
• cuidar da parte de oração de tal sorte que os irmãos sintam vontade de continuar a rezar na vida; se for sacerdote, de quando em vezes, celebrar a Eucaristia e a Penitência;
• como pastor que é precisa conhecer melhor o coração de cada irmão e ser capaz de levá-los a uma vida mais santa quando notar que perderam a motivação;
• propor aos irmãos um verdadeiro ideal de santidade;
• insistir que os irmãos pertencem à Igreja e que, assim, procurem viver numa paróquia e saber que ali o Ressuscitado se faz presente de modo particular;
• tentar visitar com certa regularidade os idosos e doentes;
• vigiar para que não haja espírito de rejeição ao novo que a Igreja propõe e não deixar que as fraternidades seja refúgio de pessoas que não respeitem o Espírito que aponta para o novo;
• propor e provocar encontros ou reuniões abertas aos membros da família de cada irmão.
7. Na medida do possível o assistente precisa fazer com que haja contato dos seculares com irmãos da Ordem I e com as clarissas. O Assistente pode fazer com que os seculares e seus confrades participem de uma oração comum, de uma refeição mais íntima, de uma peregrinação. Experientes semelhantes deverão ser inventados para a Fraternidade venha a se encontrar com as irmãs clarissas.
8. Terminamos estas reflexões descosturadas a respeito da assistência com algumas linhas do Manual para a Assistência à Ordem Franciscana Secular, publicado pelo Secretariado Nacional:
• “O serviço do Assistente Espiritual da OFS foi e continua sendo ocasião para incentivar os seculares a se esforçarem em prol de uma política e de uma economia fundada sobre o Evangelho. Os franciscanos seculares, com seus Assistentes, encarnam a problemática da bioética, do aborto, da eutanásia, da exploração, da absurda destruição da natureza, do consumismo, do racismo, do fanatismo religioso. Acompanhar os franciscanos seculares, significa entrar para valer na educação dos jovens de hoje, ajudá-los a se preparar para o matrimônio, colocar-se à disposição para ouvir as pessoas idosas. Realizar o serviço da assistência à OFS significa também que sejam abertas portas desde as da ONU, em Nova York, até à da cabana de um pobre leproso às margens do oceano da Índia. Assistir à OFS significar percorrer quilômetros com irmãos e irmãs franciscanos de avião ou de carro, mas também nesses precários ônibus-vans lotados de pessoas que seguem uma estrada que não se sabe para onde leva” (p. 135).
• “Na condição de religiosos, nossa tarefa (de assistentes) é de sermos homens de Deus, de dar espírito e vida aos nossos irmãos, de falar-lhes de Deus. A razão é que os franciscanos seculares poderão fazer sozinhos quase tudo. Esperam, no entanto, que os assistentes sejam loucamente enamorados de Deus a ponto de estarem em condições de transmitir inspiração, entusiasmo, amor. Em troca os nossos irmãos seculares nos dão seu afeto, sua simpatia, sua ajuda e mesmo seu apoio material. Estão conosco, protegendo-nos, ajudando-nos a vencer as dificuldades. Demonstram paciência, gentileza, simplicidade, adaptando-se a nós, religiosos. Ajudam em nossas atividades apostólicas e obras de caridade. Dão-nos mesmo seus filhos e filhas para se juntarem a nós, na vida consagrada. Tudo isso, todavia, com uma condição: que sejamos verdadeiros religiosos, homens de Deus, que vivamos da melhor maneira possível nossa vocação específica” (p. 136).