Carisma - Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil - OFM

Clara de Assis: terna e corajosa

Uma luz sempre a brilhar

Fomos colocados na terra por um pequeno espaço de tempo para podermos aprender a suportar os raios do amor.
William Blake

As ocupações mais humildes da casa ficavam para Clara, lavava os pés das irmãs serventes quando chegavam de seus trabalhos por fora, cuidava das enfermas, nas noites frias de inverno andava solícita a agasalhar as irmãs, era ela quem despertava à meia noite para as matinas, e ela mesmo acendia as luzes das escadas e espevitava a lâmpada da capela. Doente desde os trinta e um anos, nunca perdeu o hábito do trabalho, nunca amaciou os rigores da pobreza, nunca perdeu a coragem nem a alegria de viver.
Fernando Felix Lopes

Irmãs, minha profunda convicção é esta: necessitamo-nos reciprocamente. Mutilaríamos o carisma se caminhássemos separadamente. E disto todos seremos responsáveis. Não desejamos e não podemos percorrer estradas paralelas. Caminhando unidos, respeitando nossas diferenças jogamos tudo: a fidelidade a Francisco e Clara; a eficácia evangélica de nossa missão na Igreja e no mundo; a credibilidade diante daqueles que, hoje como ontem, estão convencidos de que Francisco e Clara são duas almas gêmeas e inseparáveis.
José Rodríguez Carballo, OFM


1. Mais uma vez queremos refletir a respeito da figura de Clara, mulher de Assis, terna, corajosa e transparente. Clara de ontem, mas visível entre os que seguem seus caminhos. Clarissas e franciscanos conhecemos o perfil desta que chamamos de irmã e de mãe. Clara era jovem de família bem situada em Assis. Recebe forte influência da mãe. Conhecia pormenores dos santuários que Ortolana visitava com suas amigas. Nos saraus da casa dos Offreduccio as mulheres falavam dessas experiências religiosas. Clara tinha coração reto e desejoso de progredir na descoberta de um Mistério que parecia se insinuar nele. Um desejo que fazia com que tudo o mais ficasse à sombra. Um desejo que parecia não ter explicação…

2. Um rapaz, Francesco de Pedro Bernardone, havia experimentado algo novo e andava mostrando um modo diferente de viver: buscador do Altíssimo, pregador do evangelho, moço revestido nas vestes do corpo de pobreza e no coração dos tecidos delicados do despojamento, simplicidade, do tudo ou nada. O Evangelho… um fogo a queimar e uma luz a ofuscar. Dele, Clara tinha ideia e mesmo admiração. E surge nela o desejo de partir, de começar algo novo. Aquele domingo de ramos, a fuga, a vestição, a promessa de viver o Evangelho em união de coração com Francisco e seus irmãos. São Paulo das Abadias e Santo Ângelo de Panzo. Percalços e dificuldades aqui e ali. Veio, então, o espaço de São Damião, o Crucifixo, a singeleza do local, as irmãs, a vida de todos os dias. O dia a dia. Sempre que possível o relacionamento com Francisco e seus irmãos. O cotidiano. Vidas que tinham a mesma fonte: o vigor do Evangelho e não a morna prática religiosa. Tantos anos doente. O tempo passando e Clara percebe que a alma está querendo se ausentar. Era 11 de agosto de 1253: “Vai segura, minha alma, tens bom guia para a caminhada. Quem te criou, ele mesmo te santificou e te amou mais do que uma mãe ama a seu filhinho. Bendito, Senhor, por me haverdes criado”. Esses os começos da aventura das clarissas. Nossos mosteiros precisam, de alguma forma, ter o mesmo frescor das origens.

3. “Na raiz da vida do cristã existe um movimento fundamental de fé: encaminhar-se em direção a Jesus Cristo para centrar a vida nele. Um êxodo que leva a conhecer a Deus e seu amor. Uma peregrinação que conhece a meta. Uma mudança radical que de nômades faz peregrinos. O ser peregrino relembra o movimento, a atividade o compromisso. O caminho a ser percorrido implica risco, insegurança, abertura à novidade, aos encontros inesperados” (Contemplai, n. 11).

4. O sair, deixar as seguranças da casa paterna, enfrentar o desconhecido, viver encontros inesperados, sempre na confiança, na fé de que Deus mostrar-nos-á o caminho, como mostrou a Abraão. Chiara Lainati: “Sozinha deixa para sempre a casa paterna para, aos dezoito anos, seguir os passos de um homem, de um burguês, Francisco, que as pessoas tinham como louco. Um salto no vazio. Contra a tradição da família. Contra as convenções sociais. Contra a prática normal da Igreja naquele tempo”.

5. História de Clara, nossa história, nosso desejo de não sermos embalados apenas pela rotina de uma vida cristã muito certinha. Desejo de ir mar a dentro. Tudo, sem reservas. Corpo, coração, desejos, forças, trabalho, aspirações mais fundas. Desenhou-se diante das clarissas de ontem e de sempre um estilo de vida centrado na busca de Cristo pobre e vivo, numa vida de louvor como lâmpadas acesas, junto com mulheres, companheiras e irmãs, despojadas e fáceis de convivência, porque também buscam responder ao apelo que vem do Mistério e todas sustentando os membros frágeis da Igreja. Clara vai para São Damião. Sozinha. Só depois chegam as irmãs. Nas mãos de Deus… sempre nas mãos de Deus. Clara foi para o deserto ou para o Monte Moriah. Uma vida de confiança na incerteza.

6. Clara viveu a aventura de Deus. Saiu de casa sem o mapa do caminho. Não haveremos de esquecer nosso ponto de partida. Não somos donos de nós mesmos. Precisamos ter a coragem de deixar que o Senhor nos mostre as veredas. Que ele possa fazer uma obra de arte nas clarissas. Será que não deveríamos nos abrir ao novo de Deus? As coisas não estão acabadas.

7. Michel Hubaut, franciscano: “Há os que aspiram a algo diferente sem saber exatamente o que. Em seu coração arde um desejo confuso de felicidade, de fraternidade, de unidade interior, um sentido a dar à sua vida. Monges e monjas são vigias do Invisível, testemunhas de Deus, capazes de satisfazer os desejos mais profundos do homem. Sua vida questiona o desejo de plenitude escondido em muitos”. “O melhor livro sobre Santa Clara é aquele que é lido pelas suas irmãs em nossos dias. Quantas vezes, visitando seus mosteiros tive a agradável surpresa de sentir o perfume de uma vida, entrevera sombra de uma presença e escutar o murmúrio de uma fonte” ( Do livro Sainte Claire d’Assise, Claire-Pascale Jeannet, Fayard, 1989).

8. Uma vida de oração, sempre. Merton: “O monge é um cristão que, respondendo a um convite especial de Deus, deixa os interesses de caráter mais ativo para entregar-se totalmente à Boa Nova do Reino de Deus, à “conversão” (metanoia), num espírito de renúncia e oração. Em termos positivos devemos entender a vida monástica sobretudo como vida de oração. Os elementos “negativos”: silêncio, solicitude, jejum, obediência, penitência, renúncia à propriedade e ambição, todos têm em vista desobstruir o caminho, de maneira que a oração – meditação e contemplação, possam ocupar o espaço criado pelo abandono de outros interesses” (Merton, A oração contemplativa, Ecclesiae, p 29). Clarissas, mulheres que buscam em tudo não perder o espírito da santa oração.

9. Clara é essencialmente uma grande contemplativa, toda a sua vida consistiu em amar absolutamente, em viver face a face com o Absoluto para ir se conformando com ele cada vez mais. Para Clara, a oração é como um relacionamento pessoal e esponsal, como a respiração da alma, é querer realizar o que lhe pede o Amor, o Esposo do alto da Cruz. Ela não escreveu textos complicados e complexos sobre a contemplação e eventuais graus da mística como castelos e moradas interiores. Em suas cartas a Inês, captamos um pouco do que se passava em seu interior.

10. O coração de Clara nunca se saciava. Tanto na saúde quanto na doença entregava-se à oração. A Bula de Canonização lembra que ela consagrava à oração a maior parte do dia e da noite. Servia-se do vocabulário bíblico para descrever a união com Cristo, seu amor esponsal. “Arrasta-me atrás de ti! Corramos no odor de teus bálsamos, ó esposo celeste. Vou correr sem desfalecer, até me introduzires em tua adega, até que a tua direita me abrace toda feliz e me dês o beijo mais feliz de tua boca” (4ª. Carta a Inês).

11. Arte sempre difícil, esta da oração. Preciso prestar atenção em tudo: caminhar na presença do Senhor, momentos de oração pessoal, leitura espiritual, exercício de esvaziamento de si, combate ferrenho aos movimentos de superioridade. O que é a contemplação? Frei José Rodríguez Carballo, em Carta às Clarissas de 2006, escrevia: “Partamos de um texto da vida de Clara. A santa escreve para Inês querendo ensiná-la a contemplar. Não lhe pede que fale, cante ou reflita, mas somente que ponha sua mente, sua alma e seu coração em Jesus Cristo: ‘Ponha a mente no espelho da eternidade, coloque a alma no esplendor da glória. Ponha o coração na substância da figura divina e transforme-se inteira pela contemplação, na imagem da divindade (3ª. Carta a Inês). Nisto consiste a contemplação: pôr, colocar, ordenar a mente, a alma e o coração que estejam constantemente voltados para o Senhor como diz São Francisco. Ele e só ele deve ser o centro da capacidade de compreensão ( a mente), o centro da capacidade de amor (o coração) e o centro da capacidade de viver no mundo de Deus (a alma). Deste modo, a compreensão abarca toda a pessoa” (Carta às Clarissas 2006).

12. Hoje como ontem, a finalidade essencial da vida das clarissas permanece sendo a busca amorosa daquele que as convidou ao deserto para seduzi-las. Sua primeira preocupação é de permanecerem atentas aos apelos do Espírito, de seguir o caminho de Cristo e de viver sob o olhar do Pai. Testemunho de uma Clarissa num livro sobre Clara: “A oração é o coração de nossa vida, sua respiração, seu ritmo, seu clima, nosso estado e, de uma certa forma, nossa profissão”. “Adorar é simplesmente abrir as mãos, abrir o coração: deixar correr a água da graça, água vivificante do Espírito. Rezar é antes de tudo deixar-se impregnar, invadir por Deus, por Deus que quer se entreter conosco, na brisa da tarde, como um amigo com seu amigo, simplesmente pela alegria de amá-lo”. Quem sabe as pessoas, em contato com as irmãos de nossos mosteiros, tenham vontade de habitar seu interior e não gastar seus sonhos mais profundos naquilo que satisfaz de verdade.

13. Escutar juntos a voz de Deus: “A capacidade de sentar-se em coro torna os consagrados e consagradas não profetas solitários, mas homens e mulheres de comunhão, de escuta comum da Palavra, capazes de elaborar juntos significados e sinais novos, pensados e construídos também no tempo da perseguição e do martírio. Trata-se de um caminho para a comunhão de diferenças, sinal do Espírito que sopra nos corações a paixão para que todos sejam uma só coisa (Jo 17,21). Assim se manifesta uma Igreja que, sentada à mesa, depois de um caminho de dúvidas e de comentários tristes e sem esperança – reconhece o seu Senhor a partir do pão (Lc 24, 13-35), revestida da essencialidade do Evangelho” (Perscrutai, n. 17)

14. Pobreza e alegria – Pobreza, tema que pode nos parecer gasto. Já ouvimos falar tanto dele e da pobreza de Clara, do privilégio da pobreza. Pobreza é experimentar a alegria de ter como tesouro único o Deus que nos sustenta com o pão, mata a sede de nossas gargantas, nos dá irmãos, nos eleva e releva depois da faltas. Ele é riqueza de nossa vida. Não contamos com nossos meios. “Se o Senhor não edificar a casa, em vão trabalham os construtores. Fazemos o melhor possível. Mas tudo é presente do grande Doador. Há a pobreza das vestes e dos sapatos, mas antes a simplicidade de coração e a capacidade de sairmos do centro da passarela. Pobres, mas alegres e ricos por dentro. Clara liberta-se de tudo. Nenhum tipo de apego poderá toldar de nuvens escuras sua alegria interior. Ela não canoniza a miséria, mas veste-se da singeleza de Cristo que sendo de condição divina não hesitou em lavar os pés e dar a vida dos seus .

15. Num mundo para o qual alegria é torpor, ruído, bebida e o delírio de drogas, num mundo marcado por um consumismo devorador, num mundo de insatisfação e vazio, mundo em que o fundo dos olhos revelam desencanto, Clara brilha como mulher alegre em seu despojamento. O que encanta nos mosteiros das clarissas é a beleza na simplicidade das coisas e a leveza das irmãs. Não carregam bagagens pesadas, mas bolsas leves.

16. Giacomo Bini: “A pobreza é liberdade, é criar um espaço em nós para Deus que vem, Deus conosco. Permanecer livre para o Reino impedirá todo tipo de apropriação, mesmo das práticas ascéticas. “O tempo é breve”. Eis porque o religioso é itinerante, estrangeiro e peregrino nesta terra voltados para a Pátria. É um perfeito nômade, um andarilho incansável como Abraão, como os santos, com os olhos fixos no Senhor que passa, que vem. Não se pode estar distraído ou apegado a nada, nem a ninguém. Refugiar-se ou contentar-se com viver a pobreza só em nível ascético significa esvaziar o sentido do voto, que é acima de tudo abertura a Deus, é paixão e entusiasmo, e busca do “tesouro” encontrado ou vislumbrado. A ascese, vivida exclusivamente, pode nos fechar orgulhosamente em nós mesmos” (Ouvi, irmãs, p. 240-241).

17. O amor em fraternidade – A fraternidade é outra marca do carisma clariano. A pobreza brota do amor. Amor que vem de Deus e une as irmãs, promove a estima pelos de fora. Amar a Deus e os homens e mulheres porque Deus os ama. Para Clara, o sopro do Espírito do Deus-amor é quem reúne as irmãs em fraternidade para a partilha evangélica sugerida por Francisco. Cada irmã é um dom, presente do amor do Pai e todas constituem a fraternidade para construir a unidade no mútuo amor. O amor verdadeiro é oposto ao individualismo e egocentrismo.

18.A fraternidade será sempre elemento irrenunciável no projeto franciscano-clariano. A fraternidade se manifesta em gestos marcados pelo afeto que revelam um relacionamento transparente, sem duplicidade, baseado na simplicidade, na familiaridade e no reconhecimento que Deus deu a cada uma e a cada um. Corações puros como o de Francisco e de Clara. Afinidades possíveis, mas respeito por todos, de modo particular os irmãos que vivem crises e são diferentes. Pessoas capazes de descobrir a obra do Espírito nos outros.

19. Se a fraternidade é dom que se acolhe e gratidão, é também uma tarefa a ser assumida, cultivada e preservada. Nosso trabalho é cultivá-la com as normas mais rudimentares da convivência: acolhida, aceitação do diferente, hospitalidade no sentido mais amplo. Sabemos todos, por experiência, que a construção da fraternidade não é fácil. Ela é lugar constante do exercício de conversão ao Evangelho. Espaço de cultivo da extirpação do egoísmo natural e do perdão. Implícito ou explícito. Não nos admiramos que, nesse contexto, Clara faça suas as exortações de Francisco. Quer que as irmãs se guardem de toda soberba, vanglória, inveja, avareza, cuidado e solicitude deste mundo, da detração e da murmuração, da dissenção e da divisão (cf, Regra 10).

20. Depoimento de uma Clarissa em texto de Michel Hubaut: “A vida fraterna concretiza nosso compromisso no coração da realidade, porque dia após dia necessita se encarnar em nós o grande combate de Cristo, ou seja, o do amor contra todas as forças de morte. A mais banal das jornadas é toda feita de mil ocasiões para que se escolha o Evangelho, de optar pelo amor, pela justiça, pela paz e de transformar o mundo a partir do interior transformando-nos a nós mesmos. Em tal caminho de conversão minhas irmãs me revelam também o rosto de Deus: seu afeto me faz lembrar sua ternura, suas manifestações de coragem me falam da multidão de seus dons, o perdão elas dão confirmam a misericórdia do Senhor. O dia a dia no mosteiro é aventura que a cada dia se renova, sempre juntas”.

21. Vivendo numa sociedade em que impera o egoísmo, temos que reconhecer os efeitos demolidores do individualismo que nos assedia de todos os lados. O amor fraterno de Clara em fraternidade é tão atual quanto necessário. Trata-se de um espírito de família. As irmãs possuem o espírito de amoroso serviço, tentativa de converter o afã de dominação de uns sobre os outros pelo espírito de doação. Neste mundo de dessolidarização em que cada um cuida das suas coisas, em que se reivindica a ambiguidade como estilo, em que o hedonismo é tido como valor onde o homem quero mínimo de coações e o máximo de escolhas particulares, o mínimo de austeridade e o máximo de desejo, Clara nos oferece a mensagem do amor em fraternidade, amor solidário com todos os homens para realizar o projeto de Deus Pai: uma forma solidária que viva relacionamentos de amor que viva o amor na fraternidade (Maria del Carmen Elcid).

22.Missionárias no claustro, sem pregação. Simplesmente por sua vida, as clarissas anunciam o absoluto de Deus a pessoas que perderam a sede pelo Infinito, dizem que ele existe, está perto delas e que a sua vida se passa diante de seus olhos amorosos. No silêncio, na realização de coisas simples, no cuidado do perdão, na intercessão pelos membros vacilantes da Igreja, as clarissas são missionárias. O Documento Anunciai : “Inseridos na missão eclesial, nós, religiosos, participamos dela plenamente superando os limites de nossos Institutos. Toda forma de vida consagrada é, portanto, chamada a tornar visível na Igreja e nas obras aquilo que a Igreja privilegia e indica como sua missão no mundo contemporâneo. Ressoa um convite como imperativo urgente: reconhecer os portos para os quais o Espírito nos orienta através das instância que a Igreja nos dirige: conceber modalidades de escuta e de encontro para harmonizar os carismas, e com a coragem evangélica, projetos de comunhão. Toda a vida consagrada, nas suas diversas formas – virginal, monástica, apostólica,secular -, é missionária.

23. “Quando recebemos de Deus um dom, um, cinco, dez talentos somos chamados a fazê-los frutificar em favor dos outros. Sobre isso seremos julgados. Uma vez que toda vocação é missionária, temos a responsabilidade de nos renovar. A renovação da vida pessoal ou do mosteiro não é uma opção, mas um dever diante do mundo. Amanhã, a história nos julgará se formos capazes de transmitir este dom, o carisma, como no passado fizeram nossos irmãos e irmãs. O mundo nos espera de braços abertos” ( Bini, Ouvi, irmãs, p. 210).

24. Clara e Francisco nos convidam a refletir sobre a vida e a existência. “Como não propor Clara, bem como Francisco, à atenção dos jovens de hoje. O tempo que nos separa da trajetória desses dois santos não diminuiu seu fascínio. Pelo contrário, é possível ver a sua atualidade no confronto com as ilusões e desilusões que muitas vezes marcam a hodierna condição juvenil. Nunca uma época fez sonhar tanto os jovens, com milhares de estímulos de uma vida em que tudo parece possível e lícito. E, no entanto, quanta insatisfação está presente, quantas vezes a busca de felicidade, de realização, acaba por fazer empreender caminhos que levam a paraísos artificiais como os da droga e da sensualidade desenfreada. Também a situação atual, com a dificuldade de encontrar um trabalho digno e de formar uma família unida e feliz, acrescenta nuvens no horizonte. Mas não faltam jovens que, também nos nossos dias, aceitam o convite de confiar-se a Cristo e a enfrentar com coragem, responsabilidade e esperança o caminho da vida, inclusive fazendo a escolha de deixar tudo para seguir no serviço total a ele e aos irmãos. A história de Clara, juntamente com a de Francisco, é um convite a meditar sobre o sentido da existência e procurar em Deus o segredo da alegria verdadeira. É uma prova concreta que quantos cumprem a vontade do Senhor e confiam nele não só nada perdem, mas encontram o verdadeiro tesouro capaz de dar sentido a tudo (Bento XVI, Carta ao Bispo de Assis-Nocera Umbra – Gauldo Tadino por ocasião do Ano Clariano, 2012).

25. Considerações finais de André Vauchez, historiador francês em escrito que aborda o tema de Santa Clara e os movimentos religiosos de seu tempo: “Clara não reivindicou para ela e para suas irmãs o direito de pregar ou de ensinar, mas desejava ardentemente viver em simbiose com os irmãos menores e recusava a ideia de ver a sua comunidade transformar-se em mosteiro de virgens reclusas e dotadas de rendas; se parece não ter tido dificuldade em aceitar a estabilidade e a clausura e à semelhança das reclusas que ao mesmo tempo se dedicavam à contemplação guardavam contato com o mundo, Clara sempre se recusou ceder no capítulo da pobreza, porque o fato de viver numa precariedade permanente constituía o ponto sobre o qual a sua fundação podia, diferenciando-se do monarquismo beneditino clássico, permanecer fiel ao espírito do Poverello e, através dele, com as aspirações dos movimentos leigos do século XII e começos do século XIII”.

Final

Fomos colocados na terra por um pequeno espaço de tempo para podermos suportar os raios do amor (William Blake). Por isso nos tornamos cristãos, franciscanos e clarissas. Queremos aproveitar o tempo e nos acostumar com a glória prometida.

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