Carisma Franciscano – VIII
Prova de amor
Viver, viver intensamente. Somos frades menores. Não basta sobreviver. É preciso brio. Energia. Uma serena alegria. Descobrir o que o Artista, que é Deus, anda escrevendo. Há a recuperação do essencial e a busca de um novo para continuarmos fiéis ao dom do carisma. “A vocação que recebemos nos faz responsáveis diante dos homens e das mulheres de nosso tempo que, por toda a parte, procuram pessoas de Deus e lugares de autêntica espiritualidade a fim de dar novos significados à sua existência. Não os decepcionemos. “Procure ser tão bom quanto todos dizem que tu és, porque muitos confiam em ti. Por isso, te exorto a jamais te comportares de forma diferente do que se espera” (2Cel 142), dizia o simples camponês ao Poverello estigmatizado” (Giacomo Bini).
Alguém começa a experimentar uma profunda alegria de ter encontrado uma inesperada claridade no Evangelho. Rapaz de uma faculdade, moço que trabalha como balconista, jovem ou menos jovem, que deixou o mundo tétrico das coisas torpes e se sente chamado misteriosamente para as alturas mas se sente meio perdido. Por aí começa a aventura da fé.
No começo de tudo, um fascínio por Cristo Jesus. No começo da caminhada franciscana, o propósito de uma amizade com Cristo. Urge uma formação que parta do coração para deixar-se fascinar por Cristo. “O Senhor não esperou os teólogos para se explicar em poucas palavras. Todo o esforço de Deus desde a criação tem sido, por todos os meios, fazer o homem compreender que o amava. Esgotados todos os argumentos, apresenta a maior prova. “Não há maior prova de amor do que dar a vida por aqueles que amamos”. Eis tudo. Depois disso não há mais nada a dizer. Quem quiser que compreenda. Aí está o livro aberto sobre a cruz (…). O Cristo na cruz traduz para o homem em uma linguagem universal, um sinal tão simples como o pão e a água, o amor incompreensível que o consome. Eis porque não há pecado senão de infidelidade. Os moralistas podem se esforçar por organizar listas e calcular as contas; é um meio como outro qualquer de escapar ao amor. É verdade que os caminhos que permitem fugir são numerosos. Não importa o que se tome: o pecado é o afastamento. Em vez de dizer que a Paixão foi a salvação para a humanidade seria mais exato ver nela o derradeiro apelo: “Adão, onde estás?” É o grito que escapa de todas as chagas do crucificado e impede o autêntico cristão de dormir” (Jean Sulivan).
Amadurecer na fé através da oração: “No começo do caminho fazemos uma experiência sensível, emotiva, afetiva da presença de Deus. Experimentamos a carícia do Senhor. Ele nos inflama e nosso coração exulta. Não somos somente sentidos. A Palavra do Senhor vai nos dizendo aquilo que devemos viver. Aceitamos, mas não encontramos Deus lá onde o havíamos encontrado. O Senhor se faz perceber naquilo que vivemos com e para os outros. Num dado momento, Deus se torna Presença. Atua em nós, acolhemos sua ação e não fazemos mais obstáculo com nossos projetos próprios (Suzanne Giuseppi Tetut).
Carisma franciscano, contemplação… condição para a ação para a missão e a evangelização…
Frei Almir Guimarães