Vida Cristã - Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil - OFM

Os frades Francisco e Benedito

03/10/2017

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Frei Luiz Iakovacz

Sobre Francisco, há vasto material escrito e falado. Já em Benedito, são parcas as informações. Mesmo assim, pode-se notar uma profunda sintonia entre ambos.

O primeiro é filho de um comerciante abastado, com perspectivas de projetar-se no mundo secular; mas, tornou-se, paulatinamente, um “alter Christus” na sua contínua e progressiva conversão.

O outro é de “origem escrava, descendente de negros etíopes ou de mouros, do norte da África. Daí chamar-se Benedito, o “Preto ou Mouro”.

Seus pais transferiram-se para a Ilha Sicília (Itália), nos arredores de Palermo, onde teria nascido por volta de 1526; se isso for verdade, são, exatamente, 300 anos após a morte de Francisco.

Na infância pastoreava nas montanhas, levando uma vida simples e pobre, porém, dos “pais recebeu uma educação no santo temor de Deus”. Depois, uniu-se a um grupo de frades eremitas e, “tanta foi sua observância da Regra que foi feito superior”.

No entanto, em 1562, o Papa Paulo IV – após a divisão da Ordem em Observantes e Conventuais (29/05/1517) – determinou que todos os pequenos grupos de frades eremitas se inserissem em uma das “fraternidades da Ordem”. Benedito pediu, então, admissão num dos conventos de Palermo. Ali prestou os serviços mais humildes de faxineiro e cozinheiro. Sua humildade e disponibilidade somaram-se a uma “observância perfeita da Regra, demonstrando profunda piedade e espírito de penitência, dotado de um tino prático e carisma de liderança”. Embora analfabeto e, mesmo não sendo clérigo, “foi eleito mestre de noviços e guardião, primando pelo bom exemplo”. Depois de exercer estes cargos, voltou à faxina e cozinha.

Assim como uma luz que não pode ficar escondida (cf. Mt 10,27), era procurado pelo povo para “pedir-lhe conselhos e orações”. Morreu no dia 05 de abril de 1589. O povo de Palermo, “já comovido pela sua santidade o escolheu, em 1652, como patrono da cidade”.

Canonizado pelo Papa Pio VII, em 1807, sua festa litúrgica é celebrada aos 05 de abril. No Brasil, é celebrado em 05 de outubro, por determinação da CNBB (1983).

É um santo popular e inúmeras confrarias que o têm como patrono, especialmente, “nos Estados do centro. Os escravos simpatizam com este santo, seja pela vida simples e pobre que viveu, seja pela afinidade da cor”.

Para os franciscanos, Benedito é frade que se encaixa, muito bem, na definição que Francisco faz do frade menor. Dentre os vários jeitos, há o modo de trabalhar e o de exercer algum cargo.

Para Francisco, além de considerar o trabalho como uma graça (Rb 5,1), “eu trabalhava com minhas mãos e ainda quero trabalhar. Quero, firmemente, que todos os irmãos se ocupem num trabalho honesto. E os que não souberem trabalhar, o aprendam, não por interesse de receber salário, mas por causa do bom exemplo e para afastar a ociosidade” (Test 19-21).

Faz, também, um alerta oportuno: “trabalhar sem perder o espírito de oração e piedade, ao qual devem servir todas as coisas temporais” (Rb 5,2).

Cristo, também, pede que tomemos cuidado com o dinheiro porque ele é “iníquo” (Lc 16,9), pode ser fonte de perdição (At 8,18-23) e nos cegar para não vermos os “lázaros da vida” (Lc 16,19-31). Ao contrário, com o dinheiro “granjeemos amigos que nos receberão nas moradas eternas” (Lc 16,9).

Quanto à entrega de cargos aos quais fomos investidos, se o fizermos com sentimentos de “perder poder”, Francisco nos alerta: “Se a privação do cargo o perturba mais do que a privação do cargo de lavar os pés, amontoa riquezas para si, com perigo para sua alma” (Adm 4,3).

Juntos, festejemos o ser frade menor em Francisco/Benedito, como em suas datas cronológicas, 04 e 05 de outubro.

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