Vida Cristã - Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil - OFM

O infinito horizonte do amor de Deus

08/06/2018

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8 DE JUNHO – SOLENIDADE DO SAGRADO CORAÇÃO DE JEUS

Tudo termina no alto da cruz. Termina ou começa? O coração de carne fissurado! Fonte de graças, água, sangue, vida, amor. Deus morre no alto da cruz e de seu peito faz jorrar vida. Abriram o lado Senhor!

Hino das Vésperas da Solenidade

Ninguém se afaste do amor
do vosso bom Coração.
Buscai, nações, nessa fonte
as graças da remissão

Aberto foi pela lança
e, na paixão transpassado
deixou jorrar água e sangue
lavando nosso pecado.

“A devoção ao Sagrado Coração, como foi vivenciada a partir do século XVII, representou a redescoberta da corporeidade do homem Jesus e da humanidade de Deus em Jesus Cristo. Tal vem bem indicado pela palavra “coração” que não se trata apenas um símbolo, mas deseja exprimir o enraizamento do espírito na realidade do corpo. A partir do infinito horizonte de seu amor, Deus quis entrar nos limites da história e da condição humana assumindo um corpo e um coração. Desta forma podemos contemplar e encontrar o infinito no finito, o Mistério invisível e inefável no Coração humano de Jesus.

De outro lado, a “elasticidade” do símbolo nos permite perceber a indissociabilidade entre transcendência e presença, transcendência e disponibilidade, ocultamento e revelação. Esta perspectiva simbólica preserva a devoção de toda derivação fisicista: partindo da espessura material efetiva do coração ela aponta para o mistério de Cristo.

Na antropologia bíblica, o coração é que define o homem: o âmago, a unidade profunda, consciencialização, a fonte do humano. Quando definimos a realidade, o mistério do Filho do homem em termos de “coração”, estão implicadas sua liberdade, unidade interior, as coordenadas que dão sentido ao falar, ao perceber, ao reagir, ao julgar, ao dar, ao dar-se, ao partilhar. Querendo exprimir sinteticamente o modo verdadeiro e singular de ser homem da parte de Jesus é legitimo falar dele como “coração”, assumindo a categoria neotestamentária do ágape, sinalizando a realidade de Jesus como coração. Cristo é coração, um tipo de coração, coração singular que é a verdade do coração do homem perfeitamente realizado. Simultaneamente é um remeter à verdade do coração de Deus, à verdade de Deus como coração, ou seja, para a profundidade e interioridade de Deus, precisamente como aquilo que o constitui Deus,

O coração não é um órgão, nem parte do todo, mas o centro originário que dá unidade à totalidade. Não se trata de uma devoção a uma parte do corpo de Jesus, mas à maneira de síntese devoção a Jesus Cristo. O coração transforma-se no nome total de Cristo. Por exemplo, a invocação “Coração de Jesus, tende piedade de nós”, não deve ser entendida como “Ó coração, que sois uma coisa de Jesus”, mas “Ó Jesus, que sois coração, tende piedade de nós”. A invocação do coração implica o envolvimento de todo o sujeito e de toda sua vida. Falar em coração é dizer do empenho do inteiro, pelo inteiro. A devoção ao Coração de Jesus salvou a dimensão corporal e afetiva da fé, durante um período em que a fé corria o risco de buscar expressões marcadamente intelectuais e formas práticas irracionais. No esquecimento da devoção ao Sagrado Coração reflete-se uma indiferença da cristologia para com as dimensões da afetividade e da corporeidade que, na realidade da Encarnação, pertencem aos mais elementares fundamentos do evento Cristo”.

Ezio Bolis, “Al cuore dela fede, Spunti per uma teologia del Sacro Cuore”, La Rivista del Clero Italiano, Gennaio 2013, p. 47-48

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