Vida Cristã - Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil - OFM

Natal, o Reino de Deus entre os homens

27/09/2008

Frei Hipólito Martendal

 Isaías e João Batista
O profeta Isaías sonhava apenas com uma restauração do Reino de Israel que teria para sempre um chefe segundo o coração de Javé. Como uma grande luz, esse Rei-Messias exerceria uma positiva influência sobre todos os povos da Terra. Imaginava uma grande paz, uma ordem universal que atingiria a natureza como um todo. Até os animais selvagens teriam seus hábitos e instintos modificados. Não haveria mais animais carnívoros e predadores. Ursos e leões virariam vegetarianos (Is 11, 1-9).

João Batista vê no sonho de Isaías começar sua concretização em Jesus (Lc 3, 4-6; Mt 3, 1-12). Proclama: “O Reino de Deus está próximo”.

Então, Jesus seria simplesmente a encarnação desse Messias (= o Enviado) e inauguraria esse novo período, esse novo tempo da História? Claro, isso por si só já seria uma grande alegria para toda gente (Lc 2, 10-14). Pois, um Reinado de alguém que organizasse e governasse a convivência e as relações entre todas as pessoas, conforme o coração de nosso Pai do Céu, já seria uma indiscutível felicidade para toda a humanidade, principalmente para os mais sofridos e marginalizados.

Por isso, Jesus se apresenta a si próprio como aquele que encarna outra visão de Isaías (Is 61,1). Começa exatamente anunciando a esperança aos pobres, aos doentes, aos presos! É a restauração da humanidade a começar da periferia para o centro. Ninguém deve se perder. “Nenhuma ovelha perdida da Casa de Israel deve perecer!”

O projeto do Reino de Deus abraçado por Jesus supera de longe o de Isaías. Ele quer que o Reinado de seu Pai deite raízes por todo o orbe e transforme toda a humanidade, num processo comparável à ação do fermento, transformador de toda a massa do pão (Mt 13,33).

O Reinado de Deus entre os humanos se caracteriza principalmente pela solidariedade de todos para com todos. Assim, nenhum membro da espécie humana pode ficar excluído ou marginalizado, a não ser que ele se auto-exclua e não queira participar. Contudo, mesmo que não queira entrar para o banquete, move o coração do Pai que, deixando todos os convidados, vai ao encontro do filho turrão, queixoso e acusador para convencê-lo a entrar (Lc 15, 25-32).
Aqui está o verdadeiro espírito de NATAL, acessível a todos.

 Natal, vôos mais altos
Uma “simples” presença atuante e transformadora do Reino de Deus entre os homens já é algo tão extraordinário, que é impensável para quase toda gente. Sociedades humanas, lideradas por homens e mulheres de Deus, líderes messiânicos a exercer sua liderança-serviço, segundo o coração de Deus, gerariam já um homem novo real “imagem e semelhança de Deus”.

Mas Deus quer mais! Não se contenta em reinar sobre os humanos através desses líderes-messias e contemplar “lá do alto dos céus” a obra maravilhosa de seus filhos humanos, em tudo fazedores de sua divina vontade. Por isso, desde a eternidade, determina que “o Verbo se faça carne e habite entre nós” (Jo 1,14). O Pai não se contenta com um Amor-Salvação exercido sobre o ser humano à distância. Seu próprio Filho assume o papel de Messias, aceitando tornar-se um “Filho de Homem”. Para amar os humanos completamente, renunciou à sua condição divina (Fls, 5-7) e assumiu viver a experiência humana, igual a nós em tudo, sem qualquer outra vantagem, a não ser a de não se sujeitar ao pecado.

Aqui está a grandeza, o supra-sumo do NATAL. Deus não salva à distância. Seu Filho se insere como um enxerto preciosíssimo na velha cepa humana e gera o homem novo que vive segundo o coração do Pai Celeste.

Entre os mais belos exemplos da geração destes novos homens sobressai São Francisco, “o mais santo dos humanos e o mais humano dos santos”, no dizer de alguém. Seus biógrafos têm dificuldades para encontrar palavras adequadas que descrevam a alegria de São Francisco ao celebrar o NATAL. Ele sentia-se alguém gerado pelo enxerto-Cristo na cepa humana. Para Francisco nada mais no mundo podia ter qualquer valor, comparado a esse fato radical e básico, ser um com Cristo.

Enquanto a civilização do homem velho, não-crístico, prega a conquista da grandeza, da riqueza, fama e poder, Francisco a tudo renuncia e se põe a serviço dos mais pobres e miseráveis e deles se faz o menor e irmão, para recupera-los para Cristo e para realização da verdadeira dignidade de sua humanidade. Na verdade, Francisco intui que esses deserdados dos bens humanos estão mais próximos de Jesus, o “deserdado” da condição divina. Por isso é que Jesus e Francisco identificam-se mais a eles e os amam com loucura.

Caminhando pelo deserto em preparação para mais um NATAL, de alma leve e coração em festa, vamos cantarolando no silêncio: “Não quero gloriar-me a não ser no Senhor, que me deu a graça de segui-lo poder. Loucura aos olhos do mundo, pode ser.”

Download WordPress Themes Free
Download Premium WordPress Themes Free
Download WordPress Themes Free
Download WordPress Themes
online free course
download lava firmware
Download WordPress Themes Free
free online course

Conteúdo Relacionado