Frei Hipólito Martendal

Existem várias passagens bíblicas que se ocupam com Maria. Mas hoje quero pensar apenas em três. Quero pensar em Maria a dizer o “SIM” que iria comprometer toda a sua vida, Maria ao pé da cruz, onde pagou até o último centavo o preço de sua maternidade do Verbo Encarnado e Maria no Cenáculo, em companhia dos apóstolos, gerando a Igreja, pela mesma ação do Espírito Santo. Estes três episódios são suficientes para a Igreja Católica convencer-se de que Maria tem tudo a ver com a redenção e com a salvação eterna de todo o ser humano.

Sei que é fácil a gente desenvolver uma devoção a Maria, principalmente depois de tantas estórias sobre aparições e graças extraordinárias alcançadas por muitos fiéis. Isso seria semelhante à situação que leva muita gente a encantar-se por Jesus ao ouvir as narrações sobre seus milagres, a beleza de suas parábolas, suas revelações sobre o infinito amor do Pai Eterno por todas as suas criaturas. Seria como a gente encantar-se com a intimidade explícita de Jesus convivendo com seus amigos. Ver Maria com o menino no colo é absolutamente enternecedor e inspirador para o mais terno devotamento.

Mas, em nossos dias, o mundo precisa mais do que nunca de Maria corajosa, que arrisca tudo, que queima seus navios, para não ter mais como voltar à segurança anterior e diz SIM, mesmo sem imaginar aonde isso a levaria. Precisamos de Maria solidária, responsável e solícita pelos amigos de seu Filho na fundação e na convivência da primeira fraternidade cristã. Ela ajudou a gerar nossa Igreja. Por isso ela é sua mãe. E mais do que tudo necessitamos hoje da Maria corajosa e forte ao pé da cruz. O sangue e a água que brotaram do coração de Jesus, para nossa Igreja, sempre simbolizaram a fonte da vida santificadora de todos nós. Mas não podemos nos esquecer que este sangue e esta água estão inseparavelmente misturados com as lágrimas de Maria e também fecundados pela dor e pela energia vital únicas de seu coração. Ela é a inspiradora para nos colocarmos no caminho atrás de nosso Mestre e Senhor, sem temor, sem cálculos, sem nada esperar em troca.